23/02/2021

Gestão Escolar e Alteridade

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Sabendo que somos singulares, cabe o mínimo de respeito às diferenças por parte dos gestores escolares e demais companheiros. Dito isso, Habowski, Conte e Pugens no texto intitulado "A perspectiva da alteridade na educação", publicado pela Conjectura: Filos. Educ., Caxias do Sul, v. 23, n. 1, p. 179-197, jan./abr. 2018[1], elucidam que a alteridade é vista como princípio articulador e compreensivo do saber das diferenças.

Para os autores supracitados, precisamos observar a pluralidade humana e em concomitância, resistir aos modismos bem como visões centralizadoras que levam os gestores a tratarem seus funcionários de forma homogeneizada, tolhendo suas opiniões e/ou ações e fazendo com que os mesmos se tornem  inexpressíveis ou em um ostracismo.

Zanella em seu artigo "Sujeito e alteridade: reflexões a partir da psicologia histórico-cultural", publicado pela Psicol. Soc., em 205[2], corrobora ao afirmar que alteridade pode levar a exclusão social, quando não é  benquista.

Frayze-Pereira complementa em seu artigo "A questão da alteridade", publicado pela Psicol. USP em 1994[3], que a alteridade torna-se um problema quando um gestor não reconhece o nós, seja ele no viés do objetivismo científico ou subjetivismo filosófico. Para o autor, o nós e o mundo social passam a ser uma impossibilidade.

A analisarmos, perceberemos que é muita vaidade em jogo e também falta de liderança, já que para Pétry no seu livro "Poder e Manipulação: como entender o mundo em 20 lições extraídas de O Príncipe de Maquiavel", publicado pela Faro Editorial em 2016, o poder e a liderança, são frutos de relacionamentos, e se existe uma alteridade que exclui o indivíduo, como existirá liderança? Para o autor, é preciso liberdade e esta leva a iniciativa e consequentemente a liderança e ao poder.

Percebendo nas falas de Hunter em seu livro "O Monge e o Executivo", publicado pela Sextante em 2004, que liderança é a capacidade de influenciar pessoas para trabalharem de forma entusiasmada buscando efetivar os objetivos proposto. Desta forma, está  obvio que os compromissos assumidos pelo gestor escolar, encontrar-se-ão na iminência de um fracasso total caso esta liderança não se efetive.

Pétry faz uma relevante observação ao afirmar que um líder precisa compreender melhor as pessoas, já que quanto mais entender as capacidades, aspirações, talentos, intenções, truques e motivações secretas, mais preparado este gestor estará, e isso não o fará abrir mão de sua essência.

O autor ainda complementa ao fazer uma analogia com uma das características da água que é a adaptabilidade, pois ela se adapta rapidamente ao contexto, muda a sua forma a todo momento e não abre mão de sua essência.

Para Pétry, assumir um papel rígido e inflexível em um primeiro momento pode até passar uma impressão de força e poder, todavia o tempo se encarregará de mostrar o contrário e isso fará com que este gestor seja deixado para trás, porque ele não aprendeu a agir de acordo com as particularidades de cada momento.

Um bom gestor precisa aprender a lidar com as divergências e em situações adversas, crescer com elas.

No livro :Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para a Cidadania Crítica", publicado pela WAK em 2009, afirmo que o gestor tem que ter ciência de que o corpo docente e os funcionários são os verdadeiros patrimônios e os principais ativos de sua escola, para isso, ele precisa ter conhecimento da palavra alteridade e respeitar as diferenças que em momento algum serve para excluir, e sim para nos complementar como pessoa e profissional, tirando-nos dessa pequenez e vil arrogância.

 

[1] Para mais informações, vide http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/viewFile/5541/pdf

[2] Para mais informações vide ZANELLA, Andréa Vieira. Sujeito e alteridade: reflexões a partir da psicologia histórico-cultural. Psicol. Soc.,  Porto Alegre ,  v. 17, n. 2, p. 99-104,  Aug.  2005 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822005000200013&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Feb.  2021.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822005000200013.

[3] Para mais informações vide FRAYZE-PEREIRA, João A.. A questão da alteridade. Psicol. USP,  São Paulo ,  v. 5, n. 1-2, p. 11-17,   1994.   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51771994000100002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  16  fev.  2021.

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