Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Profissional da Educação

Marisa Raposo de Carvalho
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educaçao Especial e Neuropsicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Eliane Thome de Andrade
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Formaçao Docente para Educaçao Profissional Integrada com educaçao Basica na Modalidade de Educaçao de Jovens e Adultos - PROEJA. Primavera do Leste, MT.
Gleizzi Adriellen Santos Leite
Graduaçao em Administraçao Publica. Cursando Especializaçao Docencia em Administraçao. Primavera do Leste, MT.
Yuria Caetano França
Especialista em Atendimento Educacional Especializado (Educaçao Especial e Inclusiva). Primavera do Leste, MT.
Maria Benedita de Figueiredo Brandão
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
A gestão de pessoas no âmbito educacional é um dos pilares fundamentais para a consolidação de instituições de ensino eficazes e comprometidas com a qualidade da aprendizagem. No cenário atual, caracterizado por rápidas transformações sociais, tecnológicas e culturais, a valorização do capital humano tornou-se central para que as escolas e demais organizações educacionais alcancem seus objetivos estratégicos. Em especial, a formação e o desenvolvimento profissional contínuo dos docentes constituem instrumentos decisivos para a promoção de uma educação de qualidade (NÓVOA, 2009).
A gestão de pessoas na educação vai além da administração de recursos humanos. Trata-se de um processo que envolve planejamento, liderança, motivação, acompanhamento e valorização dos profissionais que atuam no processo de ensino-aprendizagem. Segundo Chiavenato (2014), a gestão de pessoas é o conjunto integrado de atividades que visa atrair, desenvolver, manter e motivar indivíduos no ambiente organizacional, o que, no contexto escolar, se traduz em oferecer condições adequadas de trabalho e estímulo ao desenvolvimento docente.
As escolas, como organizações sociais complexas, demandam práticas de gestão que conciliem objetivos institucionais com necessidades individuais dos profissionais. Para Libâneo (2012), a gestão escolar deve ser entendida como uma prática articuladora, capaz de integrar aspectos pedagógicos, administrativos e humanos, de modo que os sujeitos envolvidos sintam-se partícipes do processo educativo. Assim, a gestão de pessoas torna-se elemento estratégico para fortalecer a identidade institucional e a motivação da equipe.
O desenvolvimento profissional dos educadores é uma dimensão essencial da gestão de pessoas. A formação docente, nesse sentido, não se encerra na formação inicial, mas deve ser contínua, reflexiva e dialógica. Como destaca Nóvoa (2009), os professores aprendem e se desenvolvem a partir de suas práticas, em interação com colegas e por meio de processos de reflexão crítica sobre a ação pedagógica.
A formação continuada, quando planejada e articulada à realidade da escola, possibilita ao professor atualizar seus conhecimentos, incorporar novas metodologias e integrar tecnologias digitais às suas práticas. Tardif (2014) argumenta que o saber docente é plural, constituído pela experiência, pela prática e pela interação social, sendo indispensável que a gestão de pessoas valorize essa multiplicidade de saberes e fomente espaços colaborativos de aprendizagem profissional.
Um dos desafios centrais da gestão de pessoas é promover a motivação dos profissionais. Herzberg (2003) aponta que fatores motivacionais, como reconhecimento, oportunidades de crescimento e valorização profissional, exercem maior impacto no desempenho do que fatores meramente higiênicos, como salário ou condições físicas. No contexto escolar, isso implica construir uma cultura de reconhecimento que estimule o protagonismo docente e a corresponsabilidade pela aprendizagem dos estudantes.
Além disso, Arroyo (2013) destaca a necessidade de que a valorização dos profissionais da educação seja compreendida como parte de um compromisso ético e político. Não se trata apenas de oferecer formações, mas de garantir condições reais de trabalho, respeito à carreira docente e oportunidades de participação ativa nos processos decisórios da escola.
A liderança educacional desempenha papel central na gestão de pessoas. Diretores e coordenadores pedagógicos devem atuar como líderes que inspiram, mobilizam e constroem coletivamente um projeto educativo. Para Hargreaves e Fullan (2000), a liderança eficaz não se resume ao comando, mas à capacidade de fomentar comunidades profissionais de aprendizagem, nas quais os professores compartilham saberes, experiências e responsabilidades.
A gestão participativa, nesse sentido, torna-se fundamental. Quando professores, gestores e demais profissionais da escola são ouvidos e envolvidos nas decisões, cria-se um ambiente de corresponsabilidade e cooperação que fortalece a motivação e o desenvolvimento coletivo. Lück (2009) reforça que a gestão democrática e participativa é indispensável para construir um ambiente escolar inovador, no qual o trabalho coletivo se converta em melhoria dos processos pedagógicos.
Apesar da centralidade da gestão de pessoas e do desenvolvimento profissional, muitos desafios persistem no campo educacional brasileiro. Entre eles, destacam-se a precarização das condições de trabalho docente, a insuficiência de políticas públicas de valorização, a fragmentação de ações formativas e a dificuldade de consolidar uma cultura de aprendizagem colaborativa.
Contudo, experiências exitosas têm demonstrado que a articulação entre políticas de valorização profissional, formação continuada e gestão democrática pode gerar resultados expressivos. Oliveira (2015) aponta que escolas com forte investimento em desenvolvimento docente e gestão participativa apresentam melhores indicadores de qualidade, não apenas em termos de desempenho acadêmico, mas também na construção de uma cultura escolar mais inclusiva e colaborativa.
A gestão de pessoas e o desenvolvimento profissional da educação configuram dimensões indissociáveis da busca pela qualidade e equidade no ensino. Uma gestão eficaz deve reconhecer os professores como protagonistas do processo educativo, promover sua valorização, investir em formação continuada e estimular a participação democrática nas decisões escolares. O desenvolvimento profissional docente, por sua vez, deve ser entendido como um processo contínuo, construído em diálogo com a prática, a experiência e as demandas sociais.
Nesse sentido, a educação de qualidade não pode ser alcançada apenas por meio de recursos materiais ou reformas curriculares, mas, sobretudo, pelo fortalecimento dos profissionais que atuam diariamente nas salas de aula. A centralidade do ser humano na gestão educacional é o que garante que a escola cumpra sua função social de formar cidadãos críticos, participativos e preparados para os desafios contemporâneos.
Referências
ARROYO, Miguel. Ofício de Mestre: imagens e autoimagens. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
HERZBERG, Frederick. One more time: How do you motivate employees? Harvard Business Review, v. 81, n. 1, p. 87–96, 2003.
HARGREAVES, Andy; FULLAN, Michael. Understanding Teacher Development. New York: Teachers College Press, 2000.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 6. ed. Goiânia: Alternativa, 2012.
LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática. Petrópolis: Vozes, 2009.
NÓVOA, António. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Políticas educacionais e a gestão democrática da escola pública. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.