16/02/2022

Gamificação na educação vencendo o tédio em treinamentos EAD

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Não há dúvidas de que a internet e o avanço rápido da tecnologia têm provocado muitas mudanças na sociedade.  Quase todas as áreas da nossa vida hoje são mediadas por algum tipo de tecnologia ou informática.

A necessidade de estar conectado e de ter acesso a uma quantidade enorme de informações exigiu que as instituições de ensino reavaliassem suas propostas de educação. Um estudo realizado pelo MEC aponta que a cada 5 alunos, um está matriculado em cursos no formato EAD.

Nesse artigo vamos falar sobre a Gamificação na educação, uma das tendências dos cursos de ensino à distância.

 A cultura digital trouxe pra nós a possibilidade de modificar funções como: percepção, memória, imaginação e compartilhamento coletivo. E o Ensino a Distância possibilita para nós hoje experiências que não se limitam à estrutura física da sala de aula convencional.

Mas não basta apenas mudar a sala de aula de lugar. É preciso pensar em novas estratégias. O ensino a distância oferece um modo de aprendizagem mais autônomo. O aluno acessa o que ele quer, de onde ele quer. O desafio agora é: como engajar o aluno e vencer o tédio nos treinamentos EAD?

A Gamificação é uma tendência forte no mercado em EAD que aparece como uma alternativa aos novos desafios do ensino em contexto tecnológico.

O que é gamificação?

 
gamificação
 

Gamificação ou Gamification, foi uma proposta educativa do britânico Nick Pelling, programador e gamer designer. A ideia é aplicar os conceitos de game designer para ter maior engajamento do aluno.

De acordo uma pesquisa desenvolvida pelo WePC 2,5 bilhões de pessoas no mundo consomem jogos eletrônicos. Usar as dinâmicas dos jogos, como metas, recompensas, e interação, na educação proporciona uma experiência mais atrativa e divertida ao aluno. Usar o ambiente engajador dos games torna o processo de aprendizagem EAD mais eficiente. Pois, os conhecimentos são mais assimilados quando o aluno se torna protagonista no seu processo de aprendizagem.

O papel ativo do aluno na aprendizagem

O modelo tradicional de educação é aquele onde o aluno acompanha o conteúdo que o professor dá por meio de aulas expositivas. Nesse modelo, o professor é o protagonista, e cabe ao aluno assimilar a maior quantidade de conteúdos explicados por ele. 

Mas, de acordo com a Pirâmide da Aprendizagem, do psiquiatra americano William Glasser, os alunos aprendem apenas 50% por esse modelo tradicional. Os métodos de aprendizagem ativos como, discussão com outras pessoas (70%), a pratica (80%) e o ensino (95%), são mais efetivos no processo de aprendizagem. Ou seja, o aluno aprende melhor quando ele participa ativamente da sua aprendizagem.

A grande sacada da gamificação na educação é apostar na autonomia e protagonismo do aluno. Além disso, o aluno pode começar a enxergar como algo mais leve e divertido.

Como a gamificação funciona 

Yu-Kai Chou, pesquisador e pioneiro em gamificação, foi um dos primeiros a usar a lógica dos games para os treinamentos corporativos. Sua metodologia está baseada em oito elementos que resumem os motivos de porque fazemos o que fazemos. Ela enfatiza a motivação humana em todo o processo de design. Com base em elementos sociológicos, antropológicos e psicológicos, Chou elabora 8 fundamentos para manter o indivíduo motivado. A partir de cada elemento desse surgiria um aplicativo ou uma funcionalidade diferente nas plataformas de ensino.

 

  1. Significado Épico e Chamado (Epic Meaning & Calling)

A ideia de ser escolhido para fazer algo que ninguém mais pode fazer oferece ao consumidor uma experiência com significado. Apesar da subjetividade que uma narrativa traz, a vantagem é observar as necessidades do público alvo, criando uma ponte de identificação.  

Aplicando ao contexto educacional, o aluno não é considerado mais um em uma sala cheia de alunos. Ele é inserido em uma história e é responsável por sua própria jornada de superação e conquistas.

  1. Desenvolvimento e Realização (Development & Accomplishment)

Desafios e recompensas em curto prazo são uma combinação certeira para motivação e engajamento. O desenvolvimento dentro do game traz o elemento da mudança, e a recompensa é uma oportunidade de superação.

Dentro do processo de aprendizagem enxergar o seu próprio desenvolvimento é essencial para motivar a perseverança. Aprender não é um processo instantâneo. Poder perceber sua evolução e participar ativamente para que ela aconteça é um elemento chave para um aprendizado efetivo. Elementos como rankings de pontos, medalhas e prêmios simbólicos são formas de feedback que fogem do modelo tradicional de avaliação. Mas é uma forma dinâmica e leve de mostrar que o aprendiz está vencendo os desafios propostos.  

  1. Empoderamento da Criatividade e Feedback (Empowerment of Creativity & Feedback)

A autonomia e liberdade de usar a imaginação para resolver problemas é o clímax dos jogos. O usuário fica envolvido em um processo criativo de diferentes formas, que requer um engajamento intelectual significativo.

Dentro de uma metodologia ativa o aluno é colocado como protagonista no processo de ensino-aprendizagem. Uma das estratégias é propor resolução de problemas baseado em situações que vão explorar várias habilidades adquiridas pelo aluno. O espaço, mesmo que artificial, criado por uma narrativa gamer, é ideal para expor os alunos a resolução de problemas. Além de estimular o processo criativo.

  1. Propriedade e Posse (Ownership & Possession)

Um senso de apego, proteção e pertencimento é um elemento fundamental para o engajamento, segundo Chou. O jogador dedica tempo na evolução do personagem e das conquistas dele dentro do jogo. Dessa forma ele cria um vínculo melhor com os seus próprios resultados.

  1. Influência Social e Afinidade (Social Influence & Relatedness)

A competição equilibrada pode ser um motivador importante. Entendendo que a interação social é um elemento crucial nas ações do homem, a competição aparece como uma forma de motivação e engajamento.

  1. Escassez e Impaciência (Scarcity & Impatience)

Todo jogo estabelece limites claros e regras do que pode e não pode fazer. Com isso, o desejo de conquista é estimulado. Como por exemplo, quando suas vidas acabam em um jogo e você precisa esperar ou fazer algo para elas voltarem. Dessa forma, o jogador valoriza todos os processos do jogo e cria expectativas para o próximo nível.

  1. Imprevisibilidade e Curiosidade (Unpredictability & Curiosity)

O mistério e a surpresa é um destaque na experiência do universo gamer. O usuário não tem previsão do que vem adiante, e a curiosidade é combustível para avançar. É o mesmo sentimento que leva as pessoas a jogarem na lotaria por exemplo. A expectativa de poder ganhar algo bom, mesmo que não tenha certeza disso, é o que dá coragem para os riscos.

  1. Perda e Prevenção (Loss & Avoidance)

Nesse ponto, o usuário do gamer pode observar suas falhas e traçar novas estratégias. É uma proposta que ressignifica a relação com o erro.

 

 

Porque a gamificação é eficiente para aprendizagem?

 
  1. Estimula a autonomia do aluno

O principal elemento da gamificação é o protagonismo do usuário. Aplicar essa funcionalidade às plataformas de ensino propõem uma mudança no modelo tradicional de aprendizado. O aluno é protagonista no seu próprio processo de aprendizagem e é conduzido a resolução de problemas e superação de desafios. 

Além de estimular a responsabilidade e o autoconhecimento, a gamificação propõe uma competitividade saudável que garante o engajamento do aluno. Receber informações passivamente não é mais o perfil do aluno do século XXI. Bombardeado por informações, ele precisa desenvolver a habilidade de interpretar essas informações e criar possibilidades. Por isso, desenvolver o senso de pesquisa, resolução de problemas, engajamento e protagonismo, é a base da nova educação.  

  1. Aumenta o engajamento e a concentração

É muito mais fácil se concentrar em algo que nos estimula e nos diverte. Os jogos trazem para o ensino um ambiente lúdico que faz o processo de aprendizagem mais leve e dinâmico. Aprender não precisa ser uma experiência maçante e traumática.

  1. Ajuda a entender a aprendizagem como um processo e não como algo rígido 

As etapas e os níveis dos jogos ajudam a entender que o processo de aprendizagem não é instantâneo e exige esforço e engajamento. Dessa forma, o aluno aprende a ter mais paciência, e ao mesmo tempo se torna mais ativo no seu processo de aprendizagem.

 

Pioneirismo na área de Segurança do Trabalho

Como exemplo de gamificação no ambiente de educação em distância no Brasil, podemos citar a empresa Engehall.

Mesmo atuando em uma área muito técnica, conseguiu implementar esse recurso nos cursos de segurança do trabalho.

No Curso de NR10 (Curso de
segurança em instalações e serviços com eletricidade) foi criado um jogo no módulo de Primeiros Socorros onde o aluno aplica a massagem cardíaca de forma prática. O aluno deve posicionar as mãos do personagem do jogo no local correto e utilizar o ritmo certo da técnica de salvamento.

Para passar de fase ele deve atingir a pontuação onde simula o salvamento real da vítima.

Já no curso de NR 35 (Treinamento de trabalho em altura), ao terminar o treinamento teórico, o aluno é inserido em um ambiente virtual onde precisa tomar uma série de decisões para solucionar problemas.

A cada resolução, o aluno recebe um feedback e avança no cenário, para mais um desafio. Como explicado anteriormente, esse ambiente de prática traz uma experiência totalmente diferente e gera um engajamento muito maior do que os sistemas tradicionais.

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