14/05/2019

FATORES MOTIVACIONAIS PARA A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS

Elvis Canabarro Sabo[1]

Felipe Antonio da Cruz[2]

Marilia de Rosso Krug[3]

 

[1]Acadêmico do Curso de Educação Física Bacharelado da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

[2]Acadêmico do Curso de Educação Física Bacharelado da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

[3]Professora doutora do curso de Educação Física da Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ

 

RESUMO

Atualmente a atividade física cresce paralelamente às necessidades das pessoas de se preocuparem com a saúde e o bem-estar. Sabendo disto, o Profissional de Educação Física deve estar preparado para saber o que leva o seu aluno a estar procurando e/ou fazendo exercício físico, ou seja, qual sua motivação? Assim, buscou-se com este estudo analisar os níveis de motivação à prática regular de exercícios físicos de praticantes de musculação de uma academia da cidade de Ijuí-RS. O instrumento utilizado foi o questionário proposto por Meneguzzi e Voser (2011) denominado “Questionário de Motivação para a Prática de Atividade Física Sistematizada”.  Fizeram parte do estudo 50 indivíduos de ambos os sexos, praticantes de musculação em uma academia da cidade do Ijuí/RS. Os resultados mostraram que os fatores relacionados a saúde e ao condicionamento físico foram os principais motivos para a prática de musculação, mostrando a preocupação destes com sua qualidade de vida, e também a procura de prática de exercício físico para diminuição do Stress/Ansiedade, foram os mais evidenciados.

 

Palavras Chave: Exercícios Físicos. Motivação. Stress. Ansiedade

 

INTRODUÇÃO

Com o avanço tecnológico mudou-se a relação do homem com ambiente, ocorrendo uma diminuição da necessidade de esforço físico do homem em seu cotidiano tanto no trabalho quanto no lazer (GOBBI et al., 2005; ROJAS, 2003). Desta forma faz-se necessário a busca constante por estratégias que elevem o nível de atividade física da comunidade, pois segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006, apud FAIX, (2012) a atividade física regular reduz o risco de mortes prematuras, doenças do coração, acidente vascular cerebral, câncer de colo de útero, câncer de mama e diabetes tipo II. Atua na redução ou prevenção da hipertensão arterial, previne o ganho de peso (reduzindo o risco de obesidade) auxilia na prevenção ou diminuição da osteoporose, promove bem-estar, reduz estresse, a ansiedade e a depressão.

Hoje em dia, podemos constatar que a prática regular de atividade física funciona e muitas vezes é encarada “(...) como mecanismo de prevenção, a atividade física tem papel fundamental, podendo desacelerar as alterações fisiológicas do envelhecimento e das doenças crônico-degenerativas” (FEDERIGUI, 1995, apud MOREIRA, 2001, p.13). Assim, motivar as pessoas para a prática regular de atividades física, vem se constituindo num fator fundamental de permanência e adesão das pessoas a esta prática.

A motivação é o termo utilizado para dar sentido ao estado em que o indivíduo se encontra e que estimula um comportamento, fazendo com que aconteça (GORSKI, 2012, 8). Na maioria dos casos os indivíduos almejam grandes realizações. A partir disso Escartí e Cervelló (1994) dizem que a motivação é um tema central em qualquer esfera da atividade humana, já que no trabalho, na vida acadêmica ou no esporte o rendimento e os bons resultados geralmente são associados ao nível de motivação que as pessoas manifestam. De acordo com Becker Jr. (2000) e Becker Jr. e Samulski (2002) a motivação é um fator considerado como de importância fundamental para o sucesso, não somente no esporte como, de forma geral, na vida.

A partir disso, motivar os alunos, conhecer a hierarquia e os motivos pelos quais os mesmos possam querer participar de uma determinada prática corporal, quando exploradas adequadamente, podem se tornar informações importantes para o professor e um grande desafio, pois a qualidade desta relação representa um dos elementos que possui influência no envolvimento do aluno na tarefa e nas suas escolhas futuras (MINELLI et al., 2010). Identificar as dimensões motivacionais além de contribuir no direcionamento e delineamento das práticas pedagógicas do professor é um dos temas de grande importância para a explicação de, ao menos, uma parte do comportamento de alunos, atletas e de praticantes regulares de atividades físicas e esportivas (BALBINOTTI, 2010).

Segundo Santos et al. (2013), nota-se hoje que os indivíduos têm procurado cada vez mais as academias para a prática de atividade física, sendo que uma grande maioria procura devido à orientação médica, bem estar, melhoria na qualidade de vida, entre outros fatores. Desta forma, e considerando o que salienta Paim (2003) que é extremamente importante conhecer os fatores motivacionais que levam a prática de atividade física perante o profissional da educação física, pois a partir disso ele irá agir de acordo com a necessidade de cada um, justifica-se este estudo que tem como objetivo analisar os níveis de motivação à prática regular de exercícios físicos de praticantes de musculação de uma academia da cidade de Ijuí-RS.

 

METODOLOGIA

Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva. A mesma foi realizada em uma academia de musculação da cidade do Ijuí/RS, com 50 praticantes de ambos os sexos, sendo n33 do sexo masculino e 17 do sexo feminino, com idade entre 12 a 66 anos.

Foi aplicado um questionário proposto por Meneguzzi e Voser (2011) denominado “Questionário de Motivação para a Prática de Atividade Física Sistematizada”. O mesmo é caracterizado por seis fatores motivacionais: (1) Condicionamento físico/Melhora do desempenho, (2) Estética, (3) Saúde/Reabilitação/Prevenção de Doenças e Qualidade de vida, (4) Integração Social, (5) Redução de Ansiedade/Stress, (6) outro motivo. Utilizando itens Likert de cinco pontos, o indivíduo respondue com as seguintes classificações: 1 (NI = Nada Importante); 2 (PI = Pouco Importante); 3 (I = importante); 4 (MI = Muito Importante); e 5 (EI = Extremamente Importante). A aplicação do questionário foi realizada pelos pesquisadores, que abordaram os indivíduos no início ou no final do seu programa de exercício físico. Foram apresentados aos indivíduos os objetivos e procedimentos metodológicos, evidenciando o caráter anônimo da mesma. Os indivíduos que aceitaram participar da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e na sequência responderam ao questionário.

Os dados foram tratados por meio da estatística e inferencial (media, desvio padrão e frequência percentual) sendo os mesmos analisados pelo programa SPSS 20.0.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram entrevistadas cinquenta pessoas, 66% do sexo masculino, e 34% do sexo feminino. A idade dos mesmos era de 12 a 66 anos, média de 33,14 ± 13,36. O tempo de prática foi calculado em meses, e esteve entre 1 e 300 meses, média de 41,20 ± 69,63.

Na tabela 1 encontram-se os resultados dos fatores que levam os prticantes de musculação a aderirem a esta prática

 

Tabela – Fatores motivacionais para a prática de musculação

Fatores Motivacionais

Grau de importância (%)

NI

PI

I

MI

EI

Condicionamento Físico

00

4

18

26

52

Estética

8

6

20

26

40

Saúde/Reabilitação física/Prevenção de doenças

00

00

10

14

76

Integração Social

26

2

30

20

22

Redução de ansiedade/Stress

10

6

16

26

42

NI = Nada Importante; PI = Pouco Importante; I = importante; MI = Muito Importante; EI = Extremamente Importante.

 

Ao analisar os resultados apresentados na tabela 1 é possível perceber que a maioria dos participantes do estudo consideram muito importante a extremamente importante todos os fatores apresentados, com destaque para os fatores saúde e condicionamento físico, onde 76% e 52% respectivamente consideraram extremamente importante. Estes resultados vão de encontro dos obtidos por Saba (2001) em seu estudo, onde o mesmo apontou que a estética era um dos fatores em que havia mais relevância. Araújo et al. (2007) ressalta a estética como um dos fatores motivacionais mais relevantes, condicionamento físico e saúde aparecem após. Nosso estudo mostrou que os entrevistados visam uma melhor qualidade de vida, tendo como prioridade a saúde e o bem estar, não elegendo a estética como base.

De acordo com Souza, Oliveira e Espirito-Santo (2012), a saúde e a estética são os fatores mais predominantes na motivação de exercício físico em academia, coincidindo o fator saúde com a atual pesquisa.

Quando analisou-se os fatores menos relevantes, ou seja, nada ou pouco importante apareceu somente o fator integração social (28%). A estética e a redução do estresse foram citadas por 66% e 68%, respectivamente, dos entrevistados como sendo um fator muito ou extremamente importante

 

CONCLUSÃO

Ao analisarmos os resultados dos fatores motivacionais para a prática de exercícios físicos concluímos que a Saúde e o Condicionamento físico são os fatores que estão relacionadas aos objetivos dos entrevistados, mostrando a preocupação destes com sua qualidade de vida, e fazendo jus ao papel do profissional da Educação física, que tem como finalidade proporcionar saúde e bem estar as pessoas.

Mostra-se importante também a procura de prática de exercício físico para diminuição do Stress/Ansiedade, fatores que influenciam negativamente a sociedade atual.

Já a Estética corporal e a procura por novas amizades, ou praticar para estar com amigos não encontrou-se muita relevância, mostrando menos interesse dos entrevistados nesses fatores, notando que os praticantes escolhem a musculação por ser um esporte individual onde podem estar em um momento apenas consigo mesmos. A estética não se compara a saúde do indivíduo, mostrando o quanto a prática de exercício físico é importante a todos, independente de idade, objetivo e limitação.

 

REFERÊNCIAS

BALBINOTTI, M. A. A. Inventário de Motivos para a Prática Regular de Atividades Físicas e Esportivas (IMPRAF-132). 3ª versão. Service d’Intervention et de Recherche en Orientation et Psychologie (SIROP), Montréal, Canadá, 2010.

BECKER JR., B. Manual de Psicologia do Esporte e Exercício. Porto Alegre: Nova Prova, 2000.

BECKER JR., B.; SAMULSKI, D. Manual de Treinamento Psicológico para o Esporte. 2ª ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2002.

ESCARTÍ, A.; CERVELLÓ, E. La Motivación en el Deporte. In: BALAGUER, I. (Ed.). Entrenamiento Psicológico en el Deporte: Principios y Aplicaciones. Valencia: Albatros, 1994. p. 61-90.

GORSKI, A. M. Motivação para prática de atividade física em academias de ginástica. 2012, 46 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Educação Física) - Universidade Tuiuti do Paraná, Paraná, PR, 2012.

MENEGUZZI, R.G; VOSER, R.C. Fatores Motivacionais Determinantes que Levam Jovens Adolescentes na Busca por Academias. Revista Digital Lecturas: Educaión física y Deportes. Buenos Aires, Ano 16, n. 162, nov. 2011. Disponível em: <www.efdeportes.com>. Acesso em: 03 maio 2019.

MINELLI, D. S. et al. O estilo motivacional de professores de Educação Física. Motriz, Rio Claro, v.16, n.3, p.598-609, jul./set. 2010.

MINELLI, D. S.; NASCIMENTO, G. Y.; VIEIRA, L. F.; BARBOSA-RINALDI, I. P. O estilo motivacional de professores de Educação Física. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 598-609, Jul, 2010.

MOREIRA, Carlos Alberto. Atividade física na maturidade. Rio de Janeiro: Shape,2001.

OMS (2006) disponível em http://www.who.int. Citado por FAIX, Marlon Rodrigo Naiverth. Fatores motivacionais que influencia a pratica de atividade física. EFDesportes.com, Revista Digital, Buenos Aires. 2012.

PAIM, Cristina. Motivos que levam adolescentes a praticar futebol. Revista digital, Educación Física y Deportes, Buenos Aires n.º 43, Disponível em: <www.efdeportes.com>. Acesso em: 03 maio 2019.

ROJAS, P. N. C. Aderência aos Programas de Exercícios Físicos em Academias de Ginástica na Cidade de Curitiba – PR. 2003. 203 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

SABA, F. Aderência: A pratica do exercício em academias, São Paulo, Mande, 2001.

SANTOS, E. A.; SILVA, R C.; GUIMARÃES, S. R.; MIRALLIA, K.  Fatores que levam as pessoas a procurarem a academia para a prática de exercício físico. Revista digital, Educación Física y Deportes, Buenos Aires, v. 18, a 180, p 1-10, 2013. Disponível em: <www.efdeportes.com>. Acesso em: 03 maio 2019.

SOUZA. J. C.; OLIVEIRA. D. G.; ESPÍRITO-SANTOS. G. Percepções e motivações acerca da prática de musculação de uma academia de ginástica da baixada Fluminense. Corpus et Scientia, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 66-77, out. 2012.

 

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×