23/11/2019

Fator Facilitador ou Inibidor da Aprendizagem: práticas pedagógicas inovadoras ou conservadoras

Adelair Mendes Conceição

Bióloga, Mestra  em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola  UNEMAT.

Wallace Alves Barroso

Biólogo, mestre em Ciências Ambientais, UNEMAT.

Neodir Travessine 

Doutor em educação. Docente da Universidade do Estado de Mato, Tangará da Serra-MT
 
Hellen Tortorelle
Graduada em Geografia. Universidade do Estado de Mato Grosso, Tangará da Serra-MT

 

Resumo: Pensar em andar de forma correta e firme também faz parte de um bom planejamento do professor em sala de aula. Sendo assim o estágio de licenciatura é um primeiro alerta ao acadêmico dos desafios encontrados nesse ambiente. O presente trabalho objetiva analisar as situações ocorridas no presente estágio de licenciatura em Ciências Biológicas analisando se há planejamento nas práticas pedagógicas pelos educadores desse área de conhecimento e se as mesmas contribuem para produtividade das aulas. As observações do estágio foram realizadas no Ensino Médio em duas escolas públicas situadas em dois municípios diferentes, sendo no município de Tangará da Serra - MT e outra no município de Barra do Bugres – MT. Na observação, utilizamos o Diário de Campo (DC) para as anotações, onde escrevemos todos os acontecimentos que eram interessantes serem ressaltados como: o período de aula, durante o recreio, na hora de tocar o sino para ir embora, o método de ensino regido pelos professores. Dentre vários educadores observados poucos se destacaram em relação à didática, domínio de conteúdo e controle dos alunos. Pôde-se notar também que nas aulas há grande diferença em relação a um professor e outro, pois o professor que apresenta um bom planejamento, uma didática diferenciada e um interesse pelo aluno conseguem obter uma aula produtiva e ter controle da sala. Enfim, foi possível perceber durante o estágio que as dificuldades encontradas pelos professores em sala de aula são praticamente as mesmas para todos eles.

Palavras-chave: Professor; estágio em Ciências Biológicas; aluno; planejamento; ensino.

  • Think of walking correctly and firmly is also part of a good teacher planning in the classroom. Thus the degree stage is an early warning to the academic challenges found in this environment. This work aims to analyze the situations that have occurred in this stage degree in Biological Sciences analyzing whether there is planning in teaching practices by educators that knowledge of the area and whether they contribute to productivity classes. The observations of the stage were carried out in high school in two public schools located in two different municipalities, the city of Tangara da Serra - MT and another in the municipality of Barra do Bugres - MT. In observation, we use the Field Journal (DC) to the notes, where we wrote all the events that were interesting being highlighted as the class period, during recess, time to ring the bell to leave, the teaching method governed by teachers. Among many educators observed few stood out in relation to teaching, content mastery and control of students. It might also be noted that in the classroom there is a great difference from a teacher and another, for the teacher who has good planning, a differentiated teaching and concern for student can get a productive class and have room control. Anyway, it was revealed during the stage that the difficulties encountered by teachers in the classroom are practically the same for all of them.
  • Pensar em andar de forma correta e firme também faz parte de um bom planejamento do professor em sala de aula. Assim o educador irá de certa forma garantir um bom trabalho diante das peculiaridades encontradas em sala de aula.

Ao começar o dia, o homem pensa e distribui suas atividades no tempo: o que irá fazer como fazer, para que fazer? Nas mais simples e corriqueiras ações humanas, quando o homem pensa de forma a atender suas metas e seus objetivos, ele está planejando, sem necessariamente criar um instrumental técnico que norteie suas ações (LEAL, 2015).

Nessa circunstância, a avaliação do professor se torna mais objetiva em relação ao sujeito avaliado, até porque o educador para realizar com sucesso esse processo, necessita assim de realizar com eficiência a parte do ensino, e para ocorrer isso é necessário fazer um bom planejamento.

Estágio de licenciatura é como se fosse um primeiro alerta ao acadêmico dos desafios encontrados no ambiente em sala de aula. É observando também os docentes e fazendo sua regência futuramente que os acadêmicos poderão identificar os traços de um profissional como o professor, e fazer a sua reflexão que professor o mesmo futuramente pretende ser. Com essa pretensão de estabelecer uma primeira ligação da teoria com a prática em sala de aula, Rocha et al (2010, 10) afirma que:

O contato e as trocas estabelecidas entre o professor em formação inicial e a realidade-escolar, juntamente com o processo de ensino-aprendizagem no âmbito da escola-campo, permitem a aproximação da condição docente às situações nas quais o sujeito se torna professor.

 

O estágio de licenciatura também possibilita ao futuro professor, através das observações, desenvolver novas perspectivas sobre a sua profissão na docência, a saber, que tipos de estratégias pedagógicas o mesmo pretende desenvolver; quais ações começar a tomar frente às dificuldades, ficar também atento às suas próprias dificuldades do profissional em sala de aula e não acomodar em certas situações como vem acontecendo tanto na educação com os atuais professores, quanto nos próprios novos estagiários dos cursos em licenciatura.

Nesse sentindo o presente trabalho tem como objetivo analisar as situações ocorridas no presente estágio de licenciatura em Ciências Biológicas analisando se a planejamento nas práticas pedagógicas pelos educadores e se as mesmas contribuem para produtividade das aulas.

Procedimentos metodológicos.

A observação do Estágio Supervisionado de Licenciatura IV do curso de Ciências Biológicas foram realizadas no Ensino Médio em duas escolas publicas situadas em dois municípios diferentes, sendo no município de Tangará da Serra - MT e outra no município de Barra do Bugres – MT.

O principal método de coleta foi o de observação em sala de aula, anotando assim os principais pontos ocorridos nesse ambiente. Desta forma, segundo Reis (2011), a observação desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, constituindo uma fonte de inspiração e motivação e um forte catalisador de mudança na escola.

Resultados e discussões

Durante o período de observação pôde-se notar várias formas de interações entre professor e aluno. Diante dessas situações, foi possível estabelecer assim, padrões de comportamentos que nos levam como estagiário a pensar: “Que tipo de profissional educador eu pretendo ser?” Assim é necessário também com essas experiências do estágio da observação, analisar e refletir, o que devo levar como exemplo desses momentos, e o que não deve ser assimilado.

Um comportamento comum encontrado em sala de aula foi à falta de inovação de postura perante a realidade que se encontra o ambiente escolar atualmente. Portanto, o planejamento de muitos professores se encontra estagnados, limitando a interação professor-aluno.

De modo geral, os professores deveriam propor atividades que necessitam que o aluno escute, copie e elabore respostas diretas de repetição, sem a necessidade de compreender, interpretar, analisar, e relacionar o conteúdo com suas ideias (NADAL,2007,p.06). O aluno neste processo educativo estabelece uma relação entre a teoria e a prática.

 Assim, Nunes (2007) ressalta que as atitudes e posturas dos professores em sala de aula podem contribuir tanto para o sucesso quanto para o fracasso escolar dos alunos. Dessa forma, é importante avaliar e refletir sobre novos caminhos docentes.

Falando na falta de inovação do professor frente às tecnologias alguns encontraram dificuldades em usar equipamentos básicos que poderiam enriquecer as aulas. Situações que, demonstraram certo despreparo do docente frente a esses recursos, e poderia auxiliá-los em suas aulas. Portanto são

Nos dois momentos observados é visto também em sala de aula, que alguns professores tentam a todo o momento impor um ambiente de autoritarismo em sala de aula. Isso gera certo desconforto na relação educador & educando.

Essa situação frequentemente acua o aluno em sala, fazendo com que o mesmo fique quieto, reprimido, bloqueando-o de se expressar em sala. Partindo desse pressuposto, o aluno se cala não por crer na autoridade docente, mas por temer as punições e ameaças do próprio professor autoritário. Dessa forma, a relação de ambos se enfraquecerá dia após dia, na medida que o professor terá em suas mãos todas as armas contra o aluno

Friszman (2000), em seu trabalho com interação e silêncio na sala de aula, ressalta que há vários fatores que fazem com que ocorra esse mau funcionamento, sendo uma deles a falta de adequação de formas de ensinar, e é aí, nessas formas de ensinar, que surge o papel do professor autoritário, bloqueando o aluno em sala, impossibilitando-o de ter liberdade de expressar suas ideias e sanar suas dúvidas sobre o tema proposto para a aula.

Nessas perspectivas o educador deixa claro a falta de planejamento, passando a ser um mero repetidor de ações. Impondo um ambiente antipedagógico e demonstrando não ter controle da sala de aula. Isto revela segundo Rodrigues (2001) que o autoritarismo não condiz com um processo eficiente de ensino aprendizado.

E analisando essas circunstâncias, Novais (2004, p. 17), relata que:

Entretanto, tradicionalmente a autoridade vem sendo confundida em nossas instituições escolares com autoritarismo. Assim, ter autoridade tem equivalido a ser autoritá- rio com os aprendizes, não lhes dando direito de se posicionarem em relação a diversas questões que ocorrem no contexto escolar.

 

 

Quando há um planejamento, o foco se torna o aluno, ou seja, sendo toda ação deve ser voltada ao sucesso do educando. Nesse sentido, na concepção deTurra et al (2005) o planejamento compreende um processo de tomada de decisões bem informadas que visam à racionalização das atividades do professor e do aluno, na situação ensino-aprendizagem possibilitando melhores resultados e por conseguinte maior produtividade.

Nota-se então ainda nesses momentos que a aula fica muito monológica no sentindo de apenas o educador dirigir a palavra em forma de leitura, exigindo que todos fiquem em silêncio. De certa forma, o silêncio se dá não pela autoridade do professor, mas sim pelo autoritarismo imposto pelo mesmo no ambiente educacional, que deveria no caso ser um local de estímulo para o aluno expor suas ideias e suas criticas. Ocorre que por mais que seja difícil e árduo, o professor deve representar uma figura estimulante para o aluno.

O sucesso no aprendizado do aluno, realmente depende muito do professor, o mesmo precisa passar por um processo de inovação, e fazer uso de novas metodologias. O foco principal do processo educativo centra-se no professor, em seus conhecimentos, seus ensinamentos de vida, suas habilidades e suas atitudes em relação ao aluno envolvendo, portanto sua prática (AZEVEDO, 2010, p. 07).

A mudança do professor parte não só de novos conteúdos e de um bom diálogo com os alunos, mas também do próprio profissional ter que aprender a lidar com suas próprias emoções. Nessa linha de raciocínio, Azevedo (2010) diz que as emoções e os sentimentos são vistos como fatores que podem perturbar a aprendizagem, e devem ser controlados. Com isso, se o professor consegue controlar seu emocional, possivelmente o educador terá uma boa relação em sala de aula, não precisando fazer do ambiente um campo de disputas e/ou de contendas. Mas ao contrário disso, nos dois momentos do estágio observamos, que alguns professores grosseiramente demonstravam frequentemente que não tinham controle de suas próprias emoções, tendo ações mal sucedidas, e muitas vezes suas ordens não eram acatadas pelos alunos. Por via de consequência, suas aulas eram pouco produtivas. Então se percebe que as relações de mediação afetivas coordenadas pelo professor frente aos seus alunos, pode se tornar um importante mecanismo para debelar a indisciplina em sala de aula.

Portanto, a qualidade das interações que ocorrem em sala de aula, incluindo todas as decisões de ensino assumidas, refere-se a relações intensas entre professores e alunos, proporcionando diversificadas experiências de aprendizagem, a fim de promover o desenvolvimento afetivo, cognitivo, interpessoal e social.

Percebe-se que as discussões de como deve ser o ensino-aprendizagem têm-se agravado nas últimas décadas por diversos fatores. Nesses dois momentos de observação  da prática pedagógica, podemos constatar que não apenas o educando é aprendiz, ao contrário, o educador também tem muito a aprender em função de fatores tais como a constante evolução tecnológica, os comportamentos interpessoais e as complexas formas de social que repercute para bem e para mal no ambiente de sala de aula.

O professor tem se encontrado em uma grande pressão que consiste na busca incessante pela atualização profissioonal. Alguns conseguem ter essa percepção, ao contrário de outros, que optam por entrar em uma zona de acomodação, e muitos insistem em dizer, que quem tem que se aperfeiçoar ao ambiente educacional seria somente o educando. Mas na verdade a atualização ocorre primeiro no professor. Sendo assim, Belloti e Faria (2010), asseguram que o professor deve estimular amplamente a busca de novos conhecimentos, ou seja, se atualizando de acordo com as mudanças tecnológicas, afetivas, sociais, culturais, econômicas, políticas.

É preciso construir uma interação com os alunos, fazendo com que o espaço escolar se torne em um local de prazer, de forma a estabelecer as condições de aprendizagem em que todos sejam respeitados em suas diferenças, e ouvindo as ideias de cada um com atenção, fazendo com que todos participem das atividades propostas.

 

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Enfim, foi possível perceber durante o estágio que as dificuldades encontradas pelos professores em sala de aula são praticamente as mesmas para todos eles. Mas o que é mais instigante é que a cada etapa do estágio vivenciado por nós curso percebe-se que no Curso de Ciências Biológicas, notamos que o professor desta área de conhecimento se encontra cada vez mais estressado diante de seus alunos, desenvolvendo assim mecanismos de controle extremamente autoritários que fogem completamente da relação afetiva entre professor e aluno. Na tentativa de sanar esse problema o docente acaba agindo com uma postura autoritária perante a turma, ou até mesmo perante determinados alunos “enquadrados” como bagunceiros, estabelecendo um ambiente de sala de aula desagradável, tanto em âmbito de aprendizagem quanto de relações humanas e sociais, refletindo em um déficit na qualidade do ensino aprendizado.

Com isso, muitos professores tentam a todo o momento reprimir o aluno impondo um ambiente autoritário e repressor.

Os problemas vividos em sala de aula pelos professores têm aumentado gradativamente nos tempos atuais, sendo surpreendidos por diversas situações em seu cotidiano de trabalho. Importa fazer notar, que a rigor, os modelos comportamentais estipulados pelos meios de comunicação acabam por estimular os problemas de indisciplina vividos no cotidiano escolar. Porém, de outra parte, inúmeras sã as metodologias de ensino e as didáticas que auxiliam o professor na busca pelo bom desempenho profissional. Daí que as formas de respostas a essas metodologias, cabem ao professor defini-las e, mais importante, adotá-las em sua práxis pedagógica, que resultará em uma eficácia maior na hora da elaboração de sua metodologia de ensino intrinsecamente individual nesse sentido, visando sempre um ambiente de sala de aula baseado em uma relação educador x educando harmoniosa.

Em algumas circunstâncias foi possível perceber que o afeto entre professor e aluno está cada vez mais esquecido dentro das salas de aula, levando então a uma relação totalmente contrária daquilo que deveria ser um ambiente harmônico e de construção entre ambas as partes. Daí que muitos professores persistem em permanecer presos à tese da opressão, ou seja, defendem ferrenhamente a ideia antidemocrática em conformidade com a qual o ambiente autoritário será a melhor forma de lidar com seus alunos. De certa forma, seus alunos podem até ficar em silêncio ou “dormindo”, mas do ponto de vista do processo ensino aprendizado as aulas pautadas em práticas pedagógicas autoritárias tem se revelado contraproducente.

Referências bibliográficas

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RODRIGUES, Alberto, Tosi. Sociologia da Educação / Alberto Tosi Rodrigues – Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

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TURRA, Clodia Maria Godoy et al. Planejamento de ensino e avaliação. Porto alegre: Sagra,1995.

 

 

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