FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL: Revisitando a literatura atual
ALIPIO, Andréia Nunes Pereira.[1]
ARRUDA, Alexssandra Rodrigues de.[2]
MATOS, Ivonete Gonçalves de.[3]
BUENO, Solene Sousa Rodrigues.[4]
ROCHA, Valdinete Ribeiro.[5]
RESUMO
Este artigo busca discutir as bases históricas e epistemológicas das fases do desenvolvimento infantil, bem como os aspectos cognitivos, físicos, motores e emocionais, todos de importância primordial para o surgimento da linguagem. Segundo Piaget os estágios do desenvolvimento da criança aparecem em uma ordem necessária. Esses estágios não podem ser interrompidos, pois um prepara o outro e são construídos de acordo com as idades e o desenvolvimento de cada indivíduo, que depende da interação do sujeito com o meio em que está inserido. É de grande importância que os professores que trabalham com educação infantil desenvolvam suas atividades educacionais, incluindo atividades lúdicas como fonte de prazer, descontração, convivência agradável e forma de buscar o desenvolvimento integral no processo educacional. Neste sentido, salienta-se a eficiência do trabalho pedagógico da escola norteado por projetos didáticos, os quais possibilitam a prática de atividades significativas, visando uma aprendizagem para a vida, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo infantil e dando sentido ao que se defende na teoria construtivista: a construção do conhecimento.
Palavras-chave: Fases do Desenvolvimento. Atividades Lúdicas. Estágios.
INTRODUÇÃO
A educação infantil é primeira etapa da educação básica e tem como finalidade fazer com que a criança se desenvolva de maneira integral, levando em consideração as questões físicas, psicológicas, intelectuais e sociais. Essa etapa recebe nomenclaturas variadas como primeira infância, jardim de infância ou pré-escolar. Essa fase do desenvolvimento infantil é extremamente importante, pois é quando inicia a jornada acadêmica, isso gera anseios e preocupações tanto para os pais, quanto para as crianças. O professor deve ser muito cuidadoso e fazer com que a criança sinta prazer e gosto por frequentar a escola.
O Desenvolvimento Infantil (DI) é parte fundamental do desenvolvimento humano, destacando-se que, nos primeiros anos, é moldada a arquitetura cerebral, a partir da interação entre herança genética e influências do meio em que a criança vive. Para promoção da saúde da criança, é indispensável a compreensão de suas peculiaridades, assim como, condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento.
O entendimento dos cuidadores sobre as características e necessidades próprias da infância, decorrentes do processo de desenvolvimento, favorece o desenvolvimento integral, pois os cuidados diários são os espaços de promoção do DI. Os termos foco crescimento e desenvolvimento são definidos como termos separados, porém suas descrições são confusas, misturando os dois conceitos. Ao analisar as limitações da abordagem do DI, nas duas classificações estudadas, pode-se pensar em algumas razões para que o tema ainda não tenha sido mais bem trabalhado em ambas as classificações. Uma delas é a priorização dos aspectos biológicos na atenção à saúde, com poucos instrumentos e abordagens que sustentem ações de promoção.
Neste sentido, verifica-se que o desenvolvimento da criança raramente é observado nos atendimentos de saúde. Além disso, o DI é um processo amplo e complexo, mais bem esclarecido nas últimas décadas, incluindo-se sua relação com os cuidados cotidianos e a influência do ambiente sobre ele.
Assim, as dificuldades em dispor de diagnósticos de enfermagem voltados para o DI podem ocorrer pela ausência de uma abordagem que abranja a complexidade do termo e ausência de uma conceituação que sustente a especificidade da ação da enfermagem na saúde da criança. Portanto, é fundamental a realização da análise do conceito de DI, para subsidiar as classificações de diagnósticos de enfermagem e proporcionar diagnósticos que possibilitem a elaboração de planos de cuidados voltados para o DI.
Esta investigação objetivou realizar a análise de conceito do termo desenvolvimento infantil e analisar a nova definição proposta como produto da análise de conceito.
O ALICERCE HISTÓRICO
Piaget desenvolveu um longo trabalho de análise do desenvolvimento infantil. De acordo com Pulaski (1980), ele adentrou no ramo acadêmico com pesquisas voltadas ao contexto biológico, mais tarde, iniciou estudos no ramo da psicologia, tendo interesse em analisar os estágios do desenvolvimento infantil. Esse psicólogo, certa vez, identificou alterações em um caracol Limmaea Stagnalis o qual teve modificações em sua estrutura conforme o local que estava inserido. Logo ao estudar a psicologia do desenvolvimento, pode perceber que os seres humanos também são mutáveis de acordo com o meio em que estão inseridos.
“A habilidade de adaptar-se a novas situações através da autorregularão é o elo comum entre todos os seres vivos e a base da teoria biológica do conhecimento de Piaget” (PULASKI, 1980, p.22). Portanto, o desenvolvimento da aprendizagem está relacionado com o meio em que se está inserido. Ao entrar em contato com novos estímulos, ocorre a necessidade de adaptação gerando um equilíbrio sobre o que supostamente se tem contato, unindo com o novo conhecimento e gerando readaptação do aprendizado.
Qualquer conduta (conduite), tratando-se seja de um ato executado exteriormente, ou interiorizado no pensamento, apresenta-se como uma adaptação ou, melhor dizendo, como uma readaptação. O indivíduo age apenas ao experimentar uma necessidade, ou seja, se o equilíbrio entre o meio e o organismo é rompido momentaneamente; neste caso, a ação tende a restabelecer o equilíbrio, isto é, precisamente a readaptar o organismo (PIAGET, 2013, p.18).
De acordo com Piaget (2013), o aprendizado possui ligação entre adaptação, acomodação e assimilação, através de informações adquiridas no meio em que se está inserido. Esses são processos de internalização de conteúdos externos, passando por etapas para que seja possível ocorrer uma compreensão,
Ora assimilando assim os objetos, a ação e o pensamento são compelidos a se acomodarem a estes, isto é, a se reajustarem por ocasião de cada variação exterior. Pode-se chamar ‘adaptação’ ao equilíbrio destas assimilações e acomodações (PIAGET, 1999, p.17).
O equilíbrio entre assimilação e acomodação é o que rege a passagem de um estágio para o outro, pois ocorre uma progressão no conhecimento gerando adaptação de determinados conceitos (Piaget, 1964). Piaget (1999) elenca quatro estágios que precedem o desenvolvimento infantil: sensório motor, pré-operacional, operacional concreto e operações formais. Sendo o primeiro o Sensório motor.
O primeiro dos quatro estágios de desenvolvimento cognitivo é o estágio sensório motor. Durante esse estágio (do nascimento até aproximadamente os 2 anos), dizia Piaget, os bebês aprendem sobre si mesmos e sobre seu ambiente (PAPALIA, 2006, p.197).
Após o nascimento, o bebê entra em contato com o meio externo, começa a ter compreensão não somente de si, mas de outros objetos, isso acontecendo de forma gradual e dependendo dos estímulos que recebe. Este começa a ter noção de seu corpo, analisando seus membros e tendo conhecimento aos poucos de sua movimentação.
Representa a conquista, através da percepção e dos movimentos, de todo universo prático que cerca a criança. Isto é, a formação dos esquemas sensoriais-motores irá permitir ao bebê a organização inicial dos estímulos ambientais, permitindo que, ao final do período, ele tenha condições de lidar, embora de modo rudimentar, com a maioria das situações que lhe são apresentadas (RAPPAPORT, 1981, p.66).
De acordo com La Taille (1992), quando o bebê percebe sua capacidade de movimentação, inicia a busca por objetos, tentando alcançá-los, não necessariamente tendo sucesso, mas já tendo uma intenção. Com o decorrer do tempo, conforme salienta Pulaski (1980), terá a objetivação de chegar até os objetos, utilizando gestos para indicar o que deseja fazer com ele. Assim, a criança une a ação mental com a física, iniciando um pensamento grosso modo, de como irá realizar algo.
A criança ao passar por esse estágio poderá ter a noção dos objetos e pessoas que a cercam, bem como de si própria, realizando assim a transição para o estágio pré-operatório (PAPALIA, 2006). O período pré-operacional, acontece entre dois a sete anos. É chamado assim porque a criança carrega significações do período anterior, tendo conceitos iniciais confusos, mas em constante construção de ideias lógicas (RAPPAPORT, 1981).
A criança nesta fase, ainda é egocêntrica, tendo a noção de que o mundo é feito para ela, e voltado para seus desejos, limitando-a a realizar trocas intelectuais, visto que ainda não possui referências para o diálogo, irritando-se facilmente quando contrariada (LA TAILLE, 1992). Uma característica que também perpassa pelo pensamento egocêntrico da criança é o animismo, no qual ela acredita que a natureza é viva, e age juntamente com ela (PIAGET, 1964). Por exemplo, quando a criança bate em uma mesa, ela acredita que a culpada é a mesa e não ela.
“No nível em que a criança anima os corpos exteriores inertes, ela materializa, em compensação, o pensamento e os fenômenos mentais” (PIAGET, 1964, p.325), no entendimento de Piaget (1964), estes episódios acontecem devido à falta de noção do eu. O egocentrismo explica a confusão que ata o real e o imaginário para a criança, não tendo certeza em que plano certas ações acontecerão, gerando certa confusão referente aos fatos (PAPALIA, 2006). Com isso, o pensamento da criança no limiar do período préoperatório é estático e muito concreto, sendo assim figurado, pois a criança foca no objeto e não em suas transformações.
Segundo Piaget, “[...] toda a casualidade, desenvolvida na primeira infância, participa das mesmas características de: indiferenciação entre o psíquico e o físico e egocentrismo intelectual” (PIAGET, 1999, p.32), mas também pode ser dinâmico no aspecto operativo onde as ações e transformações se correlacionam.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir estas reflexões, percebe-se que ao ter conhecimento dos períodos de desenvolvimento, pode-se potencializar o aprendizado das crianças, pois as atividades e conteúdos apresentados serão adequadas para a faixa etária do público-alvo, contribuindo grandemente com a formação individual.
Quando analisamos separadamente cada período de desenvolvimento, podemos também fazer a separação de conteúdos trabalhados para cada faixa etária, evitando assim a concretização de equívocos educacionais, reduzindo assim a aplicação de atividades que entrem em desequilíbrio com as capacidades de absorção de conhecimento, assim cada assunto voltado a seu grau de dificuldade, será aplicado nas fases mais ideais, dependendo do período que o indivíduo se encontra.
O que motivou as pesquisadoras a analisar o presente assunto, foi a disseminação das particularidades dos períodos de desenvolvimento para os professores atuantes na Educação Básica, a fim de elencar atividades que contemplem positivamente as potencialidades de seus alunos em consonância com a faixa etária, bem como para que a sociedade em geral possa identificar igualmente a questão anteriormente apresentada, pois quando a comunidade escolar e familiar trilham o mesmo caminho, a educação e o processo de ensino-aprendizagem terão ganhos, que potencializaram suas condutas no que tange os estímulos para aquisição de conhecimentos, contribuindo com a fase atual que o indivíduo está passando, bem como com os saberes futuros, preparando assim uma ótima base cognitiva, física e psicológica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LA TAILLE, Yves; OLIVEIRA, Marta Kohl De; DANTAS, Heloysa. Piaget Vygotsky Wallon: Teorias Psicogenéticas em discussão. 26º ed. São Paulo: SUMMUS, 1992.
PULASKI, Mary Ann Spencer. Compreendendo Piaget. Rio de Janeiro: LTC, 1980.
PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: Imitação, jogo e sonho imagem e representação. 3º ed. Rio de Janeiro: LTC, 1964.
______. A psicologia da inteligência. Tradução: Guilherme João de Freitas Teixeira. ISBN 978-85-326-4680-4 – Edição Digital. Petropolis, RJ: VOZES, 2013.
______. Seis estudos de psicologia. Tradução: Maria Alice Magalhães D’ Amorim e Paulo Sergio Lima Silva - 24º Ed. Rio de Jneiro: FORENSE UNIVERSITARIA, 1999.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 8ºed. Porto Alegre: ARTMED, 2006.
RAPPAPORT, Clara Regina; FIORI, Wagner da Rocha; DAVIS, Cláudia. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: EPU, 1981.
[1] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional, Educação Infantil e Letramento.
[2] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
[3] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil.
[4] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil, Letramento Perspectivas de Trabalho em Creches e Escolas.
[5] Servidora da Secretaria Municipal de Educação de Primavera do Leste – MT. Licenciada em História. Especialista em Psicopedagogia Institucional.