15/07/2022

Fanatismo político: o império da alienação

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Fanatismo político: o império da alienação

1Marcos Antonio Staub

 

O fanatismo político é algo que, infelizmente, nós brasileiros já chegamos a naturalizar, por reputá-lo como inofensivo, exceto para o próprio fanático. Fato é que com o assassinato recente de um petista, na cidade de Foz do Iguaçu, no Paraná acendeu um alerta para a letalidade desse tipo de alienação mental. O petismo é antigo e foi disseminado através da doutrinação nas escolas, desde os níveis elementares, ganhando mais força nas universidades, sitiadas por batalhões de choque do assim chamado “exército militante”, que promove perseguições, agressões, isolamento e até banimento de quem ousar não se alistar para servir de massa de manobra de partidos políticos, principalmente de esquerda, culminando com o famoso “linchamento acadêmico”. Já o bolsonarismo, recente e igualmente pernicioso, parece ter nascido em oposição ao petismo.

No caso insólito de Foz do Iguaçu, a vítima, do assassinato, era tão fanático que perdera completamente a capacidade de autodeterminação, visto que em sua própria festa de aniversário o homenageado era seu “dono” político. A outra vítima, do fanatismo, e homicida, aparentemente cometeu o crime por motivo torpe: fanatismo. Esse vício ou doença que assola o pais e grande parte de sua população está deixando um rastro de destruição e a contagem de corpos já começou. Uma nação a beira de um colapso, mercê de fanáticos incapazes de tomarem decisões baseadas na razão e no cálculo irão às urnas exercer a democracia. Eis o perigo iminente para a nação, a escolha do próximo governante contaminada pelo ódio e pela paixão.

Quantas pessoas ainda precisarão perder a vida, nesse embate insano para que providências sejam tomadas e para que possamos voltar a pensar no bem-estar coletivo, acima dos interesses pessoais? O poder público não demonstra interesse nessa matéria, pois é o maior beneficiário desta polaridade. Despersonificando o cidadão, tornando-o parte de uma militância, ou “gado”, na linguagem popular, torna-se mais fácil de manobrar politicamente. O povo passou a naturalizar a corrupção, o populismo, o autoritarismo, a intolerância e demais vícios de caráter de seus “políticos de estimação”, desconsiderando qualquer possibilidade de surgimento de novas lideranças, perpetuando-se assim em um ciclo interminável de alternância no poder dos mesmos velhos políticos corruptos.

Uma reação faz-se necessária e deve partir do próprio povo vítima de políticos inescrupulosos, que fazem tudo pelo poder e vítimas também do próprio fanatismo, insuflado por esses que, se locupletando desse fato escarnecem das massas cujas vidas e futuro sequer lhes pertence. Devemos retomar nossa personalidade, senso crítico, autodeterminação, nossa identidade. Nossas vidas não pertencem a ninguém e nosso futuro será o que quisermos que ele seja. Basta de alienação.

 

1Mestre em Processos de Retextualização, graduado em Letras e acadêmico de Direito, é professor, escritor e tradutor.

 

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