26/02/2015

Famílias criam ônibus andante para levar crianças às escolas na Suíça

Pedi2

Um adulto veste um colete laranja e toca violão enquanto atravessa ruas e caminha pela cidade. Atrás dele, uma fila de crianças o acompanha, demonstrando alegria e energia ao cruzar as vias e passear pelas calçadas. Elas vestem um colete amarelo que brilha no escuro, para deixar claro a todos os outros cidadãos: estamos aqui!

Na verdade, não se trata de um passeio, e sim de mais um dia escolar comum em Lausana, região francesa da Suíça. As crianças estão pegando carona no ônibus andante – ou PédiBus –, que as leva até suas escolas sem precisar de motor, gasolina ou volante: apenas a orientação de um pai, mãe ou professor.

A iniciativa, criada em 1991 na Austrália, renasceu na região francófona da Suíça a partir de 2009, e hoje já possui mais de 200 “linhas” para auxiliar estudantes de quatro a oito anos a chegar à escola e voltar para casa. O PédiBus funciona assim: em uma comunidade, os pais interessados em participar se unem, recebem uma formação com materiais do projeto, estudam o trajeto e combinam um ponto de encontro diário, além de um revezamento para decidir quando exercerão a função de guiar as crianças pelas ruas.

De acordo com o mexicano Rodrigo Luruena, responsável pela campanha mundial do PédiBus (hoje, o projeto já existe em países como Portugal, Inglaterra e Irlanda), o maior objetivo é proporcionar autonomia e segurança para os pequenos. “Queremos adaptar as ruas às necessidades da criança. Rotas mais seguras, redução de velocidade, zonas de pedestre fazem parte do pacote que, ao fim, proporcionará ruas melhores para todos”, explica Rodrigo.

O PédiBus pretende também dar maior visibilidade às crianças nas vias públicas. “Quanto mais crianças vão a pé, menos carros teremos no entorno da escola. Consequentemente, diminuem as chances de acidentes. Quando vemos um monte de criança andando, tornamos a mobilidade infantil visível”, acredita o mexicano. A iniciativa ainda forma as crianças sobre o tráfego de veículos e as ensina a tornarem-se pedestres. “É na infância que se começa a desenvolver hábitos. Se ensinamos às crianças que podem andar a pé até a escola, até o cinema, até o parque, serão adultos com os mesmos hábitos. O PédiBus ajuda as crianças a integrar a caminhada ao dia a dia.”

Ao fazer isso, o projeto do ônibus andante também contribui com a saúde dos participantes. “Além da questão ambiental: menos carros, menos poluição, menos barulho”, pontua Rodrigo.

Outro benefício do PédiBus está na questão da interação. “Quando se pega carona no ônibus andante, você está em contato com os pais e outras crianças, interagindo com outros. Alguns alunos também se conhecem ali, pois eles podem estudar em escolas diferentes. Quando os pais e os avós lideram o PédiBus, as crianças desenvolvem um senso de respeito com os mais velhos.”

“O nosso futuro é ambicioso”, prevê o mexicano. O projeto será apresentado no congresso Walk 21, a ser realizado em outubro, em Viena (Áustria), onde haverá uma campanha para a promoção da mobilidade das crianças. Além disso, a partir de 2016, o PédiBus quer se expandir para as regiões alemã e italiana da Suíça através de uma campanha nacional.

 

 

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