17/01/2018

Exercícios físicos e as funções cognitivas nos idosos

I Centro Universitário Ítalo Brasileiro – São Paulo.

II Bacharelado em Educação Física, licenciatura em Educação Física.                                                                      

 

RESUMO

Considerando a garantia de autonomia, independência e qualidade de vida aos idosos, é a prática de exercícios resistidos (musculação) e as funções cognitivas dos idosos. Os benefícios desse tipo de exercício físico dependem de diversos treinamentos, como número de séries e repetições, intensidade da sobrecarga e frequência semanal. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo descrever os efeitos da prática de exercícios A prática de exercícios físicos tem os seguintes aspectos: incremento de força e potência muscular e, aumento da massa muscular. Constatou-se que a prática regular de exercícios físicos é promotora de potenciais benefícios em idosos.

 

Palavras-chave: Atividade Física. Atividade Resistida. Idosos. Qualidade de Vida.

 

ABSTRACT

Considering the guarantee of autonomy, independence and quality of life for the elderly, it is the practice of resistance exercises (bodybuilding) and the cognitive functions of the elderly. The benefits of this type of exercise depend on several trainings, such as number of sets and repetitions, intensity of overload and weekly frequency. Thus, the present study aimed to describe the effects of exercise practice. The practice of physical exercises has the following aspects: increase of strength and muscle power and increase of muscle mass. It was verified that the regular practice of physical exercises is promoter of potential benefits in the elderly.

 
Keywords: Physical Activity. Resistive Activity. Seniors. Quality of life.

 

 

INTRODUÇÃO

            O envelhecimento está relacionado a perda de algumas funções cognitivas, sendo a melhoria da memória, habilidades, visual e auditiva, bem como ao aumento da dependência dos recursos sociais, cognição como adquirir conhecimento da percepção. Entretanto, é um processo individual e experiência heterogênea, marcado também por circunstâncias históricas e culturais, a incidência de doenças e a interação entre aspectos genéticos e ambientais que podem influenciar o envelhecimento de cada indivíduo (NERI; FREIRE, 2000).

            Os fatores que definem uma envelhecimento bem-sucedido são a autonomia, a independência e o envolvimento ativo com a vida, a família, os amigos, o lazer e a sociedade. Além disso, o equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo é um aspecto relevante para a obtenção de uma velhice saudável (OKUMA, 2002).

            Um fator importante para ter um envelhecimento saudável é a atividade, termo que inclui a prática de exercícios físicos e mentais, individuais e grupais, podendo prevenir e problemas que frequentemente acompanham o processo de envelhecimento. (OKUMA, 2002).

            Quanto à cognição, adquirir conhecimento de percepção, diversos estudos têm relatado melhora e proteção dessas funções em pessoas fisicamente ativas. Pesquisas têm verificado melhora cognitiva, aumento no tempo de reação e otimização da memória aos idoso. A prática de caminhada, alongamento e exercícios de flexibilidade melhoram a atenção, memória, agilidade e no humor (ANTUNES et al., 2006).

           

OBJETIVOS

O objetivo dessa pesquisa foi identificar os benefícios da prática de exercícios físicos na cognição, constatar a melhora da cognição após a realização da atividade física para os idosos.

 

METODOLOGIA

            Essa pesquisa tratou-se de revisão bibliográfica com uma avaliação crítica da literatura que a área dispõe relacionada às atividades físicas e aspectos cognitivos nos idosos. O trabalho buscou uma maior reflexão e aprofundamento sobre o assunto justificando assim sua importância.

            Os dados foram coletados por meio de bibliografias citadas em artigos digitais referentes ao assunto, teses de mestrado ou doutorado, revistas científicas da Scielo, DataGramaZero, Dedalus e Unicamp, sendo a busca na internet a estratégia adotada para levantamento dos dados. Os termos de busca principais foram envelhecimento, exercício físico, cognição e memória.

            O fichamento dos dados ocorreu no procedimento após a leitura do material e se fez a confecção das fichas por meio da identificação das obras consultadas, do registro do conteúdo da obra, do registro dos comentários em relação à obra, colocando em ordem os registros e classificando as fichas.

           

DESENVOLVIMENTO

           

Envelhecimento

            A população da terceira idade cresce a cada ano devido ao aumento da expectativa de vida e estima-se que em 2050 essa porcentagem aumente. Envelhecer é um processo lento, progressivo e inevitável, que promove diversas alterações fisiológicas e psicossociais com enfoque as funções cognitivas e vida social, que refletem na capacidade de manutenção da homeostasia, pressão arterial taxa de açúcar no sangue diminuição da capacidade de adaptação ao estresse ambiental e readaptação a novos níveis de funcionamento (MCARDLE et al., 1998 apud DANTAS, 2003).

            No processo de envelhecimento ocorrem mudanças tanto morfológicas e alteração estrutural celular quanto funcionais, bioquímicas e psicológicas, levando o idoso a uma maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que podem levar à morte. Os aspectos biológicos incluem o envelhecimento do corpo e das capacidades funcionais, os psicológicos são ligados à função cognitiva, como a autoestima, memória e percepção; e o aspecto social, o afastamento da sociedade. (MEIRELLES, 1999; DANTAS, 2003).

            O termo envelhecimento refere-se a um conjunto de processos, como deterioração da homeostase e diminuição da capacidade de reparação biológica, que ocorrem em organismos vivos, e com o passar do tempo leva à deficiência funcional e perda de adaptabilidade (SPIRDUSO, 2005; SILVA et al., 2006).

            Segundo Rebelatto (2006), o processo de envelhecimento do ser humano tem sido um foco de atenção crescente por parte de cientistas, na medida em que a quantidade de indivíduos que chega à terceira idade aumenta e, por decorrência, faz com que tanto os comprometimentos da saúde característicos desse período quanto os vários aspectos relativos à qualidade de vida dessa população sejam objetos de preocupação e de estudos.

            Segundo Clark e Siebens (2002), o processo de envelhecimento e o aumento da expectativa de vida demandam ações preventivas, restauradoras e reabilitadoras, já que desencadeiam alterações nas funções orgânicas e vitais da população, ou seja, paulatinamente, ocorre a perda da capacidade de adaptação do organismo devido às interações de fatores intrínsecos (genéticos), que não são passíveis de intervenção e extrínsecos (ambientais), sobre os quais se pode intervir.

            Segundo Corazza (2001), o envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis (genética, estilo de vida e doenças crônicas) que interagem influenciando a maneira pela qual envelhecemos.

            Para Maurício et al. (2008), o envelhecimento é descrito como um estágio de degeneração do organismo, que se inicia após o período reprodutivo. Essa deterioração, que estaria associada à passagem do tempo, implica uma diminuição da capacidade do organismo para sobreviver. Entretanto, o problema começa quando se tenta marcar o início desse processo, ou medir o grau desse envelhecimento/degeneração. Por mais incrível que possa parecer, o critério mais comumente utilizado para a definição do envelhecimento – o cronológico (a idade) é apontado como falho e arbitrário. Isso porque o envelhecimento, dessa forma, seria vivenciado de forma heterogênea pela população. Pessoas da mesma idade cronológica frequentemente estão em estágios completamente distintos de envelhecimento. Além disso, o próprio organismo de um indivíduo envelhece de maneira diferente entre os seus tecidos, ossos, órgãos, nervos e células.

            Durante o processo de envelhecimento, em decorrência da redução da eficácia de um conjunto de processos fisiológicos, ocorre decréscimo do sistema neuromuscular e consequente perda de massa muscular. Segundo Resende (2008), essa perda é observada principalmente em mulheres idosas. Há também redução da flexibilidade, força, resistência, mobilidade articular, equilíbrio estático e dinâmico, limitação da amplitude de movimento de grandes articulações que ameaçam a independência do indivíduo e que interferem na realização de suas atividades da vida diária. Outras alterações como na marcha, nos sistemas visuais, cardiorrespiratório, viscerais, neurológicos e imunológicos, também limitam a interação do idoso com o meio ambiente (REBELATTO, 2006; KIRKWOOD et al., 2007; MAZO, 2007).

            Segundo Matsudo et al. (2000), uma das mais evidentes alterações que acontecem com o aumento da idade cronológica é a mudança nas dimensões corporais, principalmente na estatura, no peso e na composição corporal. E que, além do componente genético, outros fatores estão envolvidos nestas alterações, como a dieta, a atividade física, fatores psicossociais e doenças.                

 

Alterações do sistema nervoso no envelhecimento

            Muitas pesquisas sobre o processo cognitivo descrevem as alterações neuropsicológicas comprometendo o convívio social do idoso, principalmente na sua interação familiar e social. O envelhecimento cerebral ocorre de forma lenta, gradual e progressiva, com déficit das funções cognitivas. (ARGIMON, 2006).

            Segundo Canineu e Diniz (2007), o sistema nervoso é alvo de modificações importantes no processo de envelhecimento. São várias as hipóteses, com a ideia geral de que o envelhecimento é o acúmulo passivo de alterações nos ácidos nucléicos das células. Mora e Porras (198) defendem que o processo de alteração do DNA seria pelo acúmulo de moléculas danificadas por radicais livres, formados por meio de complexas reações químicas com moléculas livres de oxigênio formando espécies reativas de oxigênio, que se ligam com facilidade a quaisquer outras moléculas, prejudicando o sistema nervoso.

            Já Azevedo (2003), aponta a atrofia cerebral como uma modificação devida ao envelhecimento por perda de retração de neurônios que ocorre em todo o córtex e provoca alteração interneural, diminuindo a velocidade da condução nervosa.

            Lustri e Morelli (2004) ressaltam que as alterações que acontecem no sistema nervoso, associadas ao envelhecimento, são desencadeadas por morte celular, atrofia neural ou perda de substância branca.

            Souza, Gorzoni e Jacob Filho (2008), apontam a maior perda neuronal na região do hipocampo, que é responsável pela memória de fatos recentes, o que explica a facilidade dos idosos em se lembrarem melhor de fatos antigos, armazenados em outras regiões do córtex. As perdas também acontecem no cerebelo e na medula espinal reduzindo o controle da motricidade e da sensibilidade e provocando alteração na marcha, no equilíbrio e nas funções cognitivas, que podem ser minimizadas pela manutenção de atividade cerebral e física.

            As perdas de memória são as alterações cognitivas mais comuns e causam espanto aos familiares e à própria pessoa. Já o declínio cognitivo acompanha a idade, inicia e tem progressão variada conforme cada indivíduo. (SOUZA, GORZONI E JACOB FILHO, 2008).

            A perda de uma função cerebral pode ser compensada pela função de outra região do cérebro. O distúrbio de memória tem origem multifatorial, porém com o envelhecimento ocorre um processo de lentidão global das funções cognitivas que contribui ainda mais para as chamadas falhas de memória, típicas dessa fase da vida. Essas funções não são tão eficientes nos indivíduos cronicamente doentes, como os que tem hipertensão e doença cardiovascular.

            As memórias com conteúdo emocional forte são gravadas com participação das vias nervosas que regulam as emoções, estimulando vias enzimáticas hoje bem determinadas no hipocampo e outras regiões a ele ligadas. Essas vias estimulam indiretamente a formação de novas sinapses como sustento dessas memórias que persistem por muito tempo. Além disso, as demais permanecem por pouco tempo e se não revividas, desaparecem por falta de uso, causando atrofia das sinapses. (IZQUIERDO et al., 2006).

Canineu e Bastos (2002) atestam que transtorno cognitivo leve (TCL) foi proposto para se referir a indivíduos idosos não-demenciados, portadores de um leve déficit cognitivo que se expressa em alterações na memória. Este transtorno apresenta deterioração cognitiva que precede, acompanha ou sucede transtorno cerebral ou somático e não se encontra relacionado ao envelhecimento.

            Souza e Chaves (2005) relacionam perda de memória não somente às alterações anatomofisiológicas, mas à diminuição do exercício cognitivo e da motivação no processo de aprendizagem e memória, baseado na ideia de que para certa informação ser preservada é necessário que ela seja solicitada, ou seja, para funcionar de forma adequada, o cérebro precisa ser solicitado.

            Assim como o exercício físico é recomendado para manter a saúde física, é importante também estimular o cérebro com atividades que exijam atenção, concentração e pensamento lógico, o que contribui com o aumento da densidade sináptica cerebral, cuja rede de transmissão é responsável pela dinâmica e plasticidade do cérebro. (SOUZA E CHAVES, 2005)

 

Benefícios do exercício físico para o idoso

            Segundo Nahas (2001), a prática regular de exercícios físicos promove uma melhora fisiológica (controle da glicose, melhor qualidade do sono, melhora da capacidade física relacionada à saúde); psicológica (relaxamento, redução dos níveis de ansiedade e estresse, melhora do estado de espírito, melhoras cognitivas) e social (indivíduos mais seguros, melhora a integração social e cultural, a integração com a comunidade, rede social e cultural ampliadas, entre outros); além da redução ou prevenção de algumas doenças como osteoporose e os desvios de postura.

A atividade física vem se mostrando benéfica para a terceira idade tanto na saúde física como na saúde mental. Cria uma nova perspectiva sobre o envelhecimento, formam-se novas redes de amizades e essa socialização é importância para essa fase. Há uma melhora considerável da concentração, memória, raciocínio e do aprendizado motor. Fazer a sequência de repetições dos movimentos e toda a dificuldade exigida nestas execuções treinam e fortalecem, ainda, a capacidade dos idosos em geral.

Idosos que praticam atividade física regularmente apresentam menos casos depressivos, principalmente quando realizada em grupo de pessoas com idade ou patologias semelhantes, onde ocorre grande socialização e surgem novos interesses e novas amizades. (NAHAS, 2001)

            Santos (2006) verificou os benefícios da prática regular de exercícios em idosos e concluiu que a prática da musculação e da hidroginástica reduz a sarcopenia (diminuição da massa muscular esquelética), induzida pelo envelhecimento, aumentando, com isso, a qualidade da marcha e reduzindo o risco de quedas e adicionando a eficiência na prática de atividades da vida diária.

            Ainda, Santos (2006) elenca outros benefícios importantes adquiridos com a prática de atividades físicas, como o aumento do consumo de oxigênio, melhora do controle glicêmico, redução da queixa de dores, aumento da taxa metabólica basal, decréscimo no trânsito gastrintestinal, melhora do perfil lipídico, incremento da massa magra, melhora da sensibilidade à insulina.

            Os exercícios físicos também podem ajudar a prevenir doenças cardíacas, aumentando os níveis de HDL e diminuindo os níveis de LDL; ajudam a melhorar o humor devido à liberação de endorfina, hormônio que causa sensação de bem-estar, pois relaxa o sistema musculoesquelético; ajudam a aumentar a funcionalidade do sistema imunológico acarretando benefícios cardiovasculares e facilitando, ainda, o controle da obesidade (BENEDETTI et al., 2003).

            Segundo Matsudo (2001), o exercício físico ainda apresenta um efeito favorável sobre o equilíbrio e a marcha, diminuindo o risco de quedas e fraturas, proporcionando menor dependência no dia a dia, elevando de forma significativa sua qualidade de vida. Os benefícios associados à saúde em decorrência da prática de atividade física ocorrem mesmo se esta for iniciada em uma fase tardia da vida.

            Segundo Shephard (2003), o objetivo da prática de exercícios na terceira idade é preservar ou melhorar a autonomia, bem como minimizar ou retardar os efeitos da idade avançada, além de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos. Acrescenta, ainda, que um objetivo muito importante de um programa de exercícios para os idosos é elevar a expectativa ajustada à qualidade de vida destes indivíduos.

            A melhor opção para o indivíduo que está envelhecendo é a realização de um programa de atividade física que inclua tanto o treinamento aeróbio como o de força muscular e que ainda incorpore exercícios específicos de flexibilidade e equilíbrio (MATSUDO, 2006).

            Três tipos de exercícios são especialmente importantes para pessoas idosas: aqueles que melhoram a flexibilidade, aqueles que melhoram a força muscular e aqueles que aprimoram a capacidade cardiopulmonar. Em pacientes severamente recondicionados, um único exercício pode atingir parcialmente todos estes objetivos. (SANTOS, PEREIRA, 2006).

            O aumento da capacidade aeróbia aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, melhorando a disponibilidade de oxigênio e utilização da glicose do cérebro, assim como o incremento da insulina, estimulando a neurogénesis e aumentando as interconexões sinápticas.

            Pessoas moderadamente ativas têm menor risco de ser acometidas por desordens mentais do que as sedentárias, mostrando que a participação em programas de exercícios físicos exerce benefícios na esfera física e psicológica e que indivíduos fisicamente ativos provavelmente possuem um processamento cognitivo mais rápido. Para Heyn et al. (2004) Diz que o aumento do desempenho físico e cognitivo e alteração positiva no comportamento de pessoas idosas com déficit cognitivo e demência. Confirmando que a prática de exercício físico pode ser importante protetor contra o declínio cognitivo e demência em indivíduos idosos.

            Van Boxtel, et al. (1997) acredita que tarefas cognitivas poderiam ser sensíveis à capacidade aeróbia.

Hill et al. (1993) relaciona o desempenho cognitivo com a capacidade aeróbia, observou melhora nas funções cognitivas com aumento do tempo de reação, na amplitude de memória, no estado de humor e medidas de bem-estar em um grupo de idosos.

            Exercício resistido em voluntários idosos promove melhora no bem-estar psicológico e no funcionamento cognitivo, sugerindo que novos estudos se fazem necessários com o objetivo de entender melhor essa relação entre exercício físico resistido e função cognitiva, pois é reconhecido que esse tipo de exercício promove outras adaptações.

Avaliação cognitiva:

·         Linguagem, memória, práxis, atenção, resumo, pensamento, percepção e cálculo,

  • Simular situações diárias para diminuir a interferência de fatores culturais,
  • Capacidade de concentração e memória de trabalho, repetição de sequências.

 

 

 

Melhoria da cognição

 

            A ação do exercício físico sobre a função cognitiva pode ser direta ou indireta. Os mecanismos que agem diretamente aumentando a velocidade do processamento cognitivo seriam uma melhora na circulação cerebral e alteração na síntese e degradação de neurotransmissores. Além dos mecanismos diretos, outros, tais como diminuição da pressão arterial, decréscimo dos níveis de LDL e triglicérides no plasma sanguíneo e inibição da agregação plaquetária parecem agir indiretamente, melhorando essas funções e também a capacidade funcional geral, refletindo-se desta maneira no aumento da qualidade de vida. (Chodzko, 1994)

            Diversos trabalhos demonstram que a prática de exercício pode levar à melhora de funções cognitivas como memória, atenção, raciocínio e praxia, existindo forte correlação entre o aumento na capacidade aeróbia e a melhora destas funções. Não está totalmente esclarecido quais são as tarefas cognitivas mais sensíveis ao exercício físico. Estudos sugerem que tarefas com componentes automáticos seriam pouco afetadas, observando-se maior impacto em tarefas que envolvam controle de consciência e um aumento de esforço como processamento executivo central. Entretanto, existem outros estudos que não observaram alterações significativas na função cognitiva com a prática regular de atividade física. (Von Boxtel, 1992)

            Barnes e seus parceiros (2003) realizaram um estudo longitudinal com o objetivo de determinar em que ponto os exercícios atuam na melhoria da cognição dos idosos sendo aptidão cardiorrespiratória estariam relacionados à manutenção da função cognitiva ao longo de seis anos ou se melhoraria os níveis de função cognitiva em testes realizados após o período de intervenção. O estudo partiu da hipótese que a aptidão cardiorrespiratória estaria associada positivamente com esses aspectos. Para tal pesquisa, contaram com um N de 349 idosos que tinham a partir de 55 anos, saudáveis e funcionais. No início do estudo foi aplicada uma versão adaptada do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) e após os seis anos realizou-se uma bateria de testes cognitivos que incluiu o original do MEEM, testes de atenção/função executiva (capacidade de planejar e realizar atividades dirigidas a objetivos e está ligada à capacidade de se concentrar em uma determinada tarefa), memória verbal e fluência verbal. As medidas da aptidão cardiorrespiratória foram baseadas em protocolo de teste ergométrico padrão e incluiu o consumo máximo de oxigênio (VO2máx). Ao final do estudo puderam perceber que os participantes que tiveram uma menor adequação do VO2máx apresentaram maior declínio cognitivo durante os seis anos e também tiveram um pior desempenho nos outros testes realizados no final do período. A característica que mais se alterou, de acordo com os autores, foi a função cognitiva global e atenção/função executiva. Uma hipótese para se explicar isso é que o condicionamento aeróbico pode estar associado com a cognição em todos os seus domínios e talvez as medidas de atenção/função executiva sejam mais sensíveis para a detecção, ou então é possível que tenha um efeito aumentado sobre os lobos frontais, que mediam estas duas. Com este estudo pode-se concluiu que a capacidade cardiorrespiratória está positivamente associada com a preservação da função cognitiva e melhoria de memória, atenção e cognição ao longo do tempo.

            Exercício de aquisição aprimorada da tarefa e plataforma oculta no labirinto de água em ratos idosos em comparação com os controles sedentários combinados com a idade. Consistente em descobrir a prevenção passiva e melhorado em fisicamente ativo ratos idosos (Samorajski et al., 1985). Estudos anteriores sugeriram que o declínio cognitivo no envelhecimento pode ser atribuído à diminuição neurogênese do giro dentado (Kempermann et al., 1998; Drapeau et al., 2003; Merrill et al., 2003; Bizon et al., 2004). Sendo pesquisas que mostraram que a gênese celular pode ser restaurada em o cérebro envelhecido.

               Estudos com jovens roedores mostraram que o exercício pode alterar a expressão cerebral de citocinas pró-inflamatórias. Foi relatado que treinamento de exercícios progressivos levou a reduções na IL1β concentrações no hipocampo e concentrações de IL6 no cerebelo. Por outro lado, outros estudos não encontraram diferenças significativas na IL1β, Expressão de IL6 e TNFa no cérebro jovem do sedentário e roedores treinados. O último resultado acordo com nossos dados e com achados prévios em não transgênicos ratos idosos com acesso livre a rodas de corrida por 3 semanas. No entanto, é importante ressaltar que uma redução significante na IL1β do hipocampo. A razão IL10, IL6 / IL10 e TNFα / IL10 foi detectada em animais envelhecidos do grupo de exercícios em comparação com o grupo de controle. Em conjunto, essas descobertas indicam um efeito favorável do exercício físico no hipocampo equilíbrio pró-anti-inflamatório de ratos idosos.

 

 

 

            Figura 1: Efeito do exercício de cognição

            Fonte: Mechanisms of ageing and evelopment 132, 2011

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Os exercícios físicos contribuem para aumentar capacidade aeróbica, mental e promover um estilo de vida que favoreça o envelhecimento saudável. Idosos com fisicamente ativos possuem efetivamente benefícios em suas funções cognitivas.

           

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