Evolução Somente com Educação
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
O ato de educar implica em mudanças e alavanca a evolução da sociedade. Observe que a evolução tem que sobrepor a revolução, dito isso Sousa em seu texto Educação e História da Educação no Brasil[1] ressalta que ela encontra-se presente em todas as sociedades, moldando-a e sendo moldada e sendo utilizada para domínio ou libertação.
Como visto em meu livro Educação um ato político, publicado pela Autografia em 2019, a educação é uma ação voltada para a prática da liberdade, cidadania crítica e protagonismo cognoscente e não para domínio de uma minoria elitizada que tem o intuito de formar indivíduos docilizados, domesticados, subalternos e verdadeiros idiotas úteis.
Dando continuidade ao livro Educação um Ato Político, pode-se perceber que a educação é vista de três formas: como redenção da sociedade, como reprodução da sociedade ou como transformação da sociedade.
Obviamente que nós educadores buscamos sempre a transformação da sociedade, mesmo que esta seja de forma paulatina, pois o educar implica em um constante devir.
Para trabalhar com a educação voltada para a liberdade, faz-se mister abstermo-nos da imposição, ou seja, da pedagogia que domina, citada por Freire como Pedagogia dos Dominantes.
Tal pedagogia nos remete as ideias de Hannah More (1745 - 1833) que escreveu folhetos sobre disciplina social, sendo na época um sucesso absoluto, e estes ensinavam que enfrentar a crise crescente que o Reino Unido vivia, era necessário ensinar submissão total à autoridade, bem como incentivar a resignação cristã em face da privação e da adversidade.
Hannah More era contra a educação para os pobres e, se justificava dizendo “eu não admito a escrita para os pobres. Meu objetivo não é formar fanáticos, mas treinar as classes baixas nos hábitos da indústria e da devoção”. Será que a nossa atual educação está sendo ao estilo Hannah Moore, criando cidadãos para hábitos da industria e devoção?
Em contrapartida, Burke e Ornstein, no livro O presente do Fazedor de Machados: Os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, elucidam que Samuel Smiles, no livro Self-Help publicado em 1859 com estrondoso sucesso, via a educação como um instrumento de genuína liberdade e independência.
Os conservadores da época pregavam que a educação oferecida aos pobres poderia desafiar a ordem estabelecia, todavia esta ideia era totalmente desconsiderada por Smile e o mesmo afirmava que “Bem-vinda a educação que fará com que os homens se respeitem a si mesmos e aspirem a privilégios mais elevados e maiores liberdades do que desfrutam hoje.”
Seguindo então os pensamentos de Smile, façamos nossos educadores irem contra qualquer ação que engesse nossos educando, aliene ou até mesmo roube a sua dignidade.
Precisamos conforme afirmação de Harari em seu livro Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, publicado pela Companhia das Letras em 2016, oferecer a nossos educandos uma educação mais humanista, pois esta ensina os estudantes a pensar por si mesmos.
Precisamos realmente desenvolver autonomia em nossos alunos, mas a autonomia deverá surgir depois do aluno adquirir conhecimento e discernimento, pois na administração existe um adágio que retrata bem a nossa atual conjuntura política que é "dê autonomia a um idiota e terá decisões idiotas".
Assim sendo, que nossa educação pública seja sempre libertadora focando desta forma a transformação da sociedade.
[1] Disponível em https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/18/23/educao-e-histria-da-educao-no-brasil