23/08/2024

EVOLUÇÃO EDUCACIONAL EM CLASSES DESIGUAIS

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Mariangela Pereira de Almeida da Costa

Pedagoga. Especialista em Letras Libras. Primavera do Leste, MT.

Teresinha Salete Nervis

Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia Educacional e Clínica. Especialista em Educação Infantil e Series Iniciais. Primavera do Leste, MT.

Aldineia Albano de Oliveira

Licenciatura Plena em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil. Especialista em Psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.

Cleia Felismina de Oliveira

Licenciatura Plena em Pedagogia. Especialista Interdisciplinaridade na educação. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Jeovana da Silva Oliveira

Licenciatura Plena em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.


      Tomando por base as reflexões implícitas no período de 1995 a 2003, ao analisar estes contrapontos da política educacional do governo FHC frente ao governo Lula, percebemos que houveram pequenas modificações no ideário de educação mercantil, entretanto as vitórias das classes e frações de classes dominantes (particularmente do capital financeiro) foram mais expressivas; e para conquistar a hegemonia contou com total apoio do governo federal e da burguesia industrial que exploram a educação, fazendo dela uma mercadoria que resumidamente tinha o objetivo de formar contingentes a partir de suas competências para serem inseridos em processos produtivos exigidos pelas dinâmicas do mercado (LAMOUNIER; FIGUEIREDO, 2002).

      Singer (2009) chama de decisão política e ideológica aquilo que se configurou em “A continuidade do governo FHC com o governo Lula” na política macroeconômica. Pois, uma fração de classe (trabalhadora) embora majoritária, não conseguiu construir de baixo para cima suas formas específicas de organização. Isso confeccionou uma nova ideologia, com união de ideias e bandeiras antes não combinadas justamente por divergirem entre si.

      Por outro lado, além das novas ideologias talvez convergentes em determinados pontos, foi possível constatar uma transição do neoliberalismo para o modelo social desenvolvimentista no governo brasileiro. Assim, uma nova concepção de organização do trabalho e da produção intensificou em torno da “globalização”. Com o eminente desenvolvimento e aprimoramento industrial, determinadas operações intelectuais foram transferidas para as máquinas, provocando fortes debates teóricos e práticos sobre elevação da qualificação dos profissionais.

      Em meio a tantas controvérsias, logo em 2003, o então Ministro de Estado da Educação, Cristovam Buarque, declarava que o governo do Lula (2003-2011) se comprometia em promover mudanças necessárias a fim de proporcionar ao conjunto da sociedade brasileira melhores condições de vida. Dentro de toda a conjuntura política do governo e influências multilaterais, Buarque anuncia a realização do Seminário Nacional de Educação Profissional, reafirmando a responsabilidade do Estado na área da educação, da ciência e da tecnologia (BRASIL, 2003). Porém, a responsabilidade se voltou apenas para o âmbito exclusivo do Ministério da Educação (MEC), uma vez que tal estratégia relacionava as políticas de educação com outras políticas, a exemplo das sociais e de mercado; assim esta ação configurou-se como indutora do Estado, tirando ela de sua responsabilidade.

      Percebe-se então o reducionismo mascarado da “nova” educação profissional, pois preconizava os “desvalidos da sorte”, oferecendo-lhes uma educação específica: a educação profissional e tecnológica. Para tanto, ela não fazia referência à origem das desigualdades sociais no bojo do capitalismo, mas sinalizava que a nova concepção instaurada na Rede Federal de Educação Tecnológica deveria atuar no sentido de corrigir as distorções econômicas, deixando evidente uma falácia (BRASIL, 2003).

      Neste contexto de interpretação, a EPT (Educação Profissional e Tecnológica) vem para “curar” os males sociais, e isso leva o governo Lula a disseminá-la como política pública de interesse do Estado. No entanto, não foi observado que esse mesmo Estado constitui defensores do interesse da manutenção de um ensino aligeirado e produtor de efetivos renováveis, destinados a ocupar cargos de baixa remuneração, uma vez que ao lado da qualificação está contraditoriamente o modo capitalista de produção que necessita do exército de reserva (FRIGOTTO, 2007). Talvez, um dos erros mais frequentes quanto às análises da educação no Brasil, sejam os de analisá-la somente em si mesma, e não como uma coadjuvante de uma sociedade cindida historicamente em classes completamente desiguais.

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