ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL: UMA ANÁLISE DAS 20 MELHORES EMPRESAS DA REVISTA EXAME MAIORES E MELHORES 2016
ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL: UMA ANÁLISE DAS 20 MELHORES EMPRESAS DA REVISTA EXAME MAIORES E MELHORES 2016
GREAT CAPITAL STRUCTURE: AN ANALYSIS OF THE 20 BEST COMPANIES OF THE GREATER AND BEST REVIEW 2016
MOREIRA, Inúbia Alves[1]
COSTA, Márcia Maria das Graças2.
RESUMO
O objetivo deste artigo é identificar a existência de uma estrutura ótima de capital, ou seja, aquela que maximiza o capital dos proprietários e proporciona alavancagem financeira positiva na utilização do capital de terceiros. Para esse estudo, foram analisadas as vinte melhores empresas listadas pela Revista Exame Maiores e Melhores 2016, em a sua relação entre Estrutura de Capital e Composição de Endividamento. A hipótese inicial estabelecida foi a perspectiva de que as empresas avaliadas com excelente performance pela revista deveriam apresentar alguma semelhança na sua estrutura de capital. Com base em pesquisa exploratória, qualitativa e documental, foi constada grande divergência nas estruturas de capital das empresas avaliadas. Esse fato também foi confirmado na composição do endividamento, mesmo em empresas de porte semelhante, medido pelo Patrimônio Líquido. A hipótese inicial foi refutada, pois constatou-se a existência de múltiplas estruturas ótimas de capital, tendo em vista os resultados proporcionados por essas empresas. Sugere-se, dessa forma, a realização de estudo com empresas de um mesmo setor, haja vista as empresas analisadas neste artigo serem líderes em setores diferentes.
Palavras-chave: Estrutura de capital. Composição de Endividamento. Exame Maiores e Melhores.
ABSTRACT:
The objective of this article is to identify the existence of an optimal capital structure, that is, one that maximizes the capital of the owners and provides positive financial advantage in the use of third-party capital. For this study, we analyzed the twenty best companies listed by the Exame Magazine Biggest and Best 2016, in their relationship between Capital Structure and Indebtedness Composition. The initial hypothesis established was the perspective that the companies evaluated with excellent performance by the magazine should present some similarity in their capital structure. Based on exploratory, qualitative and documentary research, there was a great divergence in the capital structures of the companies evaluated. This fact was also confirmed in the composition of indebtedness, even in companies of similar size, as measured by Shareholders' Equity. The initial hypothesis was refuted, as it was verified the existence of multiple optimal capital structures, in view of the results provided by these companies. It is suggested, therefore, the study of companies from the same sector, given that the companies analyzed in this article are leaders in different sectors.
Keywords: Capital structure. Composition of Indebtedness. Biggest and Best Examination.
INTRODUÇÃO
A estrutura de capital de uma empresa vem sendo uma das preocupações e responsabilidades do gestor financeiro para tomada de decisões que maximizam o valor da empresa, aumentando assim as riquezas para seus proprietários ou acionistas. Isso ocorre devido à interação com outras variáveis de decisão em finanças, a estrutura de capital refere-se à composição de seu financiamento de curto e longo prazo proveniente de capital próprio (patrimônio líquido) e de capital de terceiros (exigível). O capital próprio é a parte do capital que pertence aos sócios e acionista e o capital de terceiros representas as dívidas e fonte de financiamento da empresa, assim explicada por Megliorini (2012, p. 33):
Tais como as debêntures, que podem ser conversíveis ou não conversíveis em ações. Sobre o total de empréstimos e financiamentos contraídos e sobre o valor das debêntures emitidas incidem juros, que devem ser pagos periodicamente.
Cada empresa possui sua particularidade na formação de sua estrutura de capitais, sempre observando o ambiente no qual estão inseridas. Algumas empresas, avaliadas como sinônimo de eficiência na gestão econômica financeira pode auxiliar na análise da relação entre a estrutura de capital e os resultados obtidos. Nesse sentido, a Revista Exame Maiores e Melhores, avalia milhares de empresas com base nos critérios de lucratividade, eficiência e rentabilidade. Dessa forma, o problema desta pesquisa é verificar como está configurada a estrutura de capital das empresas mais bem avaliadas pela Revista Exame Maiores e Melhores. O objetivo é identificar a existência de uma estrutura ótima de capital, medida pelos indicadores de endividamento geral e de longo prazo, que proporciona resultados relevantes para as empresas.
A análise abrange as empresas mais bem colocadas nos vinte setores analisados pela publicação.
Para chegar à lista final, balanços de 3.000 companhias e 80.000 indicadores financeiros foram minunciosamente checados e avaliados. O trabalho da revista foi feito em parceria com a FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, ligada ao departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo. Exame.com (2016)
A hipótese que se estabelece é a de que as empresas avaliadas com excelente performance pela Revista Exame Maiores e Melhores devem apresentar alguma semelhança em sua estrutura de capital.
A partir desses conceitos, fica evidente a importância da estrutura de capital das empresas, ou seja, a forma como cada empresa compõe suas fontes de financiamento, combinando capital próprio e de terceiros. Dessa forma, o motivo que levou a escolha desse tema decorre do interesse em estudar a existência de uma estrutura de capital mais adequada para as empresas. Um estudo dessa natureza mostra-se relevante à medida que procura demonstrar a articulação entre as formas como a empresa obtém financiamento para suas atividades e o impacto dessas escolhas nos seus resultados econômicos e financeiros.
Diante das definições acima apresentadas, buscou-se os conceitos e as metodologias técnicas e teóricas pertinentes aos objetivos principais do estudo em questão, a metodologia da pesquisa é configurada como exploratória e qualitativa, com utilização da técnica de pesquisa documental.
Gil (1999) define a pesquisa exploratório como aquela que envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão, o que proporcionou ao trabalho em evidência a compilação de informações categorizadas em pesquisas bibliográficas.
Considerando que segundo Gil (1999) a pesquisa exploratória possui como uma das características principais, constituir hipóteses pesquisáveis, não possuindo rigidez quanto ao planejamento de pesquisa, envolvendo levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.
O trabalho em questão está contemplado nas bases fundamentais da metodologia supramencionada, contendo a compilação de informações categorizadas em pesquisas bibliográficas e estudo de casos, considerando os aspectos relacionados a pesquisa apresentada pelo periódico Revista Exame Maiores e Melhores 2016. Trata-se, ainda, de uma pesquisa qualitativa, uma vez que procura investigar cientificamente o caráter subjetivo de um objeto a ser analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais, sem a preocupação com a quantificação dos achados.
Para esta pesquisa, foram utilizadas variáveis extraídas do Balanço Patrimonial, das 20 Melhores Empresas da Revista Exame Maiores e Melhores 2016, buscamos realizar uma análise da estrutura de capital e o grau de endividamento a respeito do problema de pesquisa. Sendo assim, configura-se um estudo de caso da Revista Exame Maiores e Melhores 2016, que analisa as empresas mais bem avaliadas em 20 setores. Para o desenvolvimento desse trabalho, foram analisados dados publicados na revista Exame e literatura Cientifica.
- ESTRUTURA ÓTIMA DE CAPITAL
Estrutura de capital no conceito por Ross (1997) “refere-se à combinação específica entre capital de terceiros a longo prazo e capital próprio que a empresa utiliza para financiar suas operações”. Ambos de longo prazo, com o objetivo de financiar as atividades de investimento da empresa. Para um projeto, identificar a sua viabilidade é crucial, para o seu andamento e consequente andamento, dessa forma a verificação de custo de capital, torna-se inevitável.
Segundo, Ching, Marques e Prado (2004, p. 255); “o capital equivale às fontes de financiamento, isto é, capital próprio e capital de terceiros, sendo esse representado pelas dívidas de longo e curto prazo”.
Capital próprio
Ao considerar que um dos objetivos da empresa é maximizar a riqueza dos acionistas, a retenção de lucros só deve ocorrer se a inversão na empresa for substancialmente atraente quanto às demais alternativas, abastecidas pelos acionistas, em relação a investimentos futuros. Considerando que os investidores possuam melhores opções de aplicação dos recursos, teoricamente, todo o lucro deve ser distribuído como dividendos (CHING, 2010). Custos de capital próprio são recursos investidos pelos proprietários da empresa mais os lucros retidos, (MEGLIORINI, 2012).
Capital de Terceiros
Capital de Terceiros, segundo Megliorini (2012), é formado por empréstimos e financiamento, feito juntos a instituições financeiras e por obrigações emitidas pelas empresas, tais como as debêntures, que podem ser conversíveis ou não conversíveis em ações. Também é representado por empréstimos de longo prazo que, e em geral, estabelecem a remuneração dos credores pelo pagamento de juros e a devolução do principal, estabelecendo a empresa (devedor), a obrigatoriedade de cumprimento a um cronograma de desembolsos respaldado por contrato.
O custo do capital de terceiros seria, portanto, o retorno que os credores exigem em novos empréstimos, ou a taxa de juros que a empresa precisa pagar para obter novos empréstimos. Serve para avaliar e decidir a respeito de assumir novos compromissos ou empreendimentos. Se a empresa já possuir obrigações no mercado, o retorno esperado até o vencimento dessas obrigações será a taxa de retorno exigida pelo mercado para as próximas dívidas da empresa.
Estrutura ótima de capital
Uma estrutura de capital bem elaborada maximiza os lucros da empresa e ainda pode ser utilizada como uma excelente ferramenta de alavancagem financeira. No entanto, essa é uma das análises mais complexas na tomada de decisões financeiras das empresas, pois está relacionada a outras variáveis de decisões, tais como a disponibilidade, os riscos e o custo de cada fonte de capital. O sucesso na obtenção de uma estrutura ótima de capital resulta no equilíbrio entre risco e retorno que maximiza a riqueza dos proprietários de uma empresa no mercado (MEGLIORINI, 2012).
Para avaliar a estrutura de capital de uma empresa, e por consequência, o seu nível de endividamento, são utilizados indicadores que mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa. Esses indicadores são calculados com base nas informações do Balanço Patrimonial. O capital próprio é representando pelo Patrimônio Líquido; e o capital de terceiros, pelas obrigações presentes no Passivo Circulante e Não circulante. Também são considerados os ativos da empresa, em relação às fontes de capital (CHING, MARQUES e PRADO, 2004).
Há diversos indicadores utilizados para essa finalidade, neste artigo, tomaremos por base os indicadores de Endividamento Geral (ou Grau de Endividamento) e de Composição do Endividamento.
O índice de Endividamento Geral é expresso na seguinte fórmula:
(PC + PNC) / Ativo Total
A análise desse indicador, segundo, Viceconti, Neves e Prado (2013) mostram o recurso de terceiro que está sendo usado, na tentativa de gerar lucro. Por isso existe grande preocupação com o grau de endividamento e com a capacidade de pagamento da empresa, pois empresa que vem financiando o seu Ativo com maior volume em capital de Terceiros possa não conseguir satisfazer suas obrigações.
O indicador de Composição do Endividamento, de acordo com os principais autores que tratam das análises por índices, considera a fórmula:
PC / (PC + PNC)
Este índice, também denominado de perfil da dívida, mostra a relação entre o passivo de curto prazo da empresa e o passivo total. Ou seja, qual o percentual de passivo de curto prazo é usado no financiamento de terceiros. Evidencia qual o nível de exigibilidade de curto prazo do endividamento. Não existe uma regra geral para determinar qual o ideal para este índice, mas quando menor ele for significa maior “folga” em relação ás dividas e compromissos existentes.
No entanto, a análise realizada pela equipe responsável pela Exame Maiores e Melhores avalia o perfil do endividamento (curto ou longo prazo) com base na comparação entre os Passivos não Circulantes e o Ativo Total. Segundo a publicação, o objetivo é analisar a parcela dos ativos das empresas que é financiada por capital de terceiros de Longo Prazo. Para manter a aderência das análises aos indicadores da publicação, essa é a metodologia utilizada nesta pesquisa.
- A REVISTA EXAME MAIORES E MELHORES
No ano de 1974 diante de tantas mudanças na economia e na política brasileira, a marca abril lança sua primeira edição da revista Exame Melhores e Maiores, com o principal objetivo medir o desempenho das empresas individualmente em cada setor. Para este trabalho, tomamos como base a edição 2016 da publicação. A análise para identificar as melhores e maiores empresas no ano de 2016 foi feita com base na avaliação dos dados de mais de 3.000 empresas, além dos maiores grupos privados do país.
O conjunto compreende todas as que publicaram demonstrações contábeis no Diário Oficial dos Estados até o dia 15 de maio de 2016. Também foram incluídas as companhias limitadas que enviaram seus resultados para análise de Melhores e Maiores e responderam aos questionários. Foram consideradas, além disso, empresas de porte significativo e bem conhecidas no mercado, que não divulgam seus resultados, mas tiveram seu faturamento estimado pelos analistas da publicação (Exame.com, 2016).
Por considerar que a transparência e o esforço para oferecer a informação mais correta também são fatores de excelência empresarial, foram priorizadas as demonstrações que consideram os efeitos da inflação em seus resultados. Esses efeitos, cuja consideração foi vedada para fins societários e fiscais desde a Lei nº 9.249/95, continuam sendo significativos, a ponto de, em alguns casos, transformar lucros em prejuízos ou vice-versa (Exame.com, 2016; Fipecafi, 2016).
Por esse motivo, foram tomadas como base as demonstrações individuais, e não as consolidadas. Porém, com caráter apenas indicativo, a edição também traz os resultados dos 200 maiores grupos empresariais do país e também dos 200 maiores grupos empresariais da América Latina.
Para elaborar a lista das 500 maiores empresas e uma lista complementar com outras 500 empresas, totalizando 1.000 empresas, o critério de classificação utilizado é o das vendas líquidas. Todos os valores publicados estão ajustados — considerando a variação da inflação — para o dia 31 de dezembro de 2015. Essa padronização evita que sejam prejudicadas ou beneficiadas empresas cujo fechamento do balanço ocorre em data anterior ou posterior às da maioria.
Ao lado das receitas de vendas, em reais e em dólares, são fornecidas no ranking das 500 maiores informações como lucro ou prejuízo, patrimônio, crescimento das vendas, rentabilidade, liquidez, endividamento, riqueza gerada e riqueza criada por empregado. Na lista complementar, que só contempla as empresas que disponibilizaram suas demonstrações contábeis, as informações, além das vendas, são as seguintes: crescimento de vendas, sede, setor, valor das exportações e respectivo percentual sobre as vendas, número de empregados e controle acionário. Também é possível identificar mudanças de posição nas listas e a entrada de novas empresas.
As comparações feitas com o desempenho em anos anteriores não são prejudicadas porque foram efetuados ajustes dos valores que eliminam distorções causadas pela inflação ou oscilações do câmbio.
A publicação apresenta diversas outras listas de empresas, organizadas por setor da economia, região do país, estado, origem do capital e uma série de comparações de desempenho: maiores por patrimônio, maiores lucros, maiores prejuízos, as que mais cresceram as que mais encolheram as mais e as menos rentáveis, as mais e as menos endividadas, as de maior liquidez, as maiores por capital circulante, as maiores empregadoras, as maiores por receitas líquidas, as que entraram no vermelho, as que saíram do vermelho, as que mais pagaram impostos, as que mais investiram no imobilizado, as que mais pagaram salários, as que mais criaram riqueza e as maiores criadoras de riqueza por empregado.
A escolha das 20 melhores de cada setor
O ranking das vinte melhores empresas de cada setor não é uma escolha arbitrária da Revista Exame, nem da equipe técnica da Fipecafi que assessora a publicação e analisa as demonstrações contábeis enviadas pelas empresas.
As empresas identificadas como campeãs em cada setor são aquelas que se destacam pelo sucesso que obtiveram na condução de seus negócios e na disputa de mercado com as concorrentes no ano que passou comparativamente ao exercício anterior. O critério para avaliar o sucesso é basicamente uma comparação dos resultados obtidos em termos de crescimento, rentabilidade, saúde financeira, participação de mercado e produtividade por empregado.
A Equipe da Fipecafi, sob a coordenação dos Professores Nelson Carvalho e Ariovaldo dos Santos, é responsável pela a análise técnica das melhores e maiores, esse trabalho consiste numa pesquisa realizada todos os anos por uma equipe de 17 profissionais que selecionam as 1.000 maiores empresas do Brasil, pelo critério do desempenho da receita líquida em dólares, excluídas as empresas do setor financeiro.
Os cálculos, que permitem classificar as concorrentes em cada setor, e identificar a de melhor desempenho ponderado nesse conjunto de indicadores, tomam por base uma metodologia que consiste em atribuir pontos pelo desempenho relativo em cada indicador — 10 para o primeiro lugar, 9 para o segundo, e assim sucessivamente até o décimo, que fica com 1 ponto. Os pontos, por sua vez, são multiplicados por um peso atribuído a cada indicador. Adicionalmente, a empresa pode receber um bônus de pontos por ter figurado em no Guia Exame de Sustentabilidade. As 20 melhores nos setores são então submetidas a um julgamento editorial e jornalístico para a escolha da Empresa do Ano.
Quadro 1 – Indicadores de desempenho e seus respectivos pesos
Indicador |
Descrição |
Peso |
Crescimento das vendas |
Retrata o dinamismo da empresa no ano analisado: se aumentou ou diminuiu sua participação no mercado e sua capacidade de, expandindo-se, gerar novos empregos. |
10 |
Riqueza criada por empregado |
Mede quanto à empresa produz de riqueza em relação ao número de empregados, independentemente do volume total de vendas ou da margem de lucro. Recebem pontos apenas as empresas cujo índice de riqueza criada por empregado tenha sido positivo no ano considerado. |
15 |
Liderança de mercado |
Compara as participações de mercado que as empresas detêm no setor |
20 |
Liquidez corrente |
Indica se a empresa apresenta ou não boa saúde financeira, ou seja, se está operando com segurança no curto prazo ou dentro de seu ciclo operacional. |
25 |
Rentabilidade do patrimônio |
Mede a eficiência da empresa, o controle de custos e o aproveitamento das oportunidades que surgem no mundo dos negócios, sendo um dos principais componentes da geração de valor para os acionistas. Recebem pontos apenas as empresas cujo índice de rentabilidade tenha sido positivo no ano considerado. A rentabilidade do patrimônio é utilizada como critério de desempate entre empresas que apresentem o mesmo número de pontos no desempenho geral. |
30 |
Fonte: elaborado pela autora cm base em Exame Maiores e Melhores 2016 (Exame, 2017)
Com base nesses critérios, as empresas campeãs da edição de 2016 do Exame Maiores e Melhores estão no quadro a seguir.
Quadro 2 – Ranking das melhores empresas por setor
Fonte: elaborado pela autora cm base em Exame Maiores e Melhores 2016 (Exame, 2017)
A posição de liderança das empresas no ranking das 20 melhores empresas setoriais, elaborado a partir de critérios de gestão financeira, permite realizar análises e extrair conclusões que podem ser generalizadas como boas práticas de administração da estrutura de capital e de endividamento das organizações.
- EMPRESAS SELECIONADAS PARA ANÁLISE
As informações disponíveis das 20 empresas foram avaliadas, e se estabeleceu como critério de seleção para análise a existência de dados para os quatro períodos da publicação: 2013, 2014, 2015, 2016. Dessa forma, cinco empresas foram descartadas, em virtude de não apresentarem essas condições, são elas: Furukawa, Comerc, Cristália, Oxiteno e Renner.
Outro critério utilizado para definir a amostra desta pesquisa, foi a identificação de diferenças relevantes entre no porte das empresas, pois as estratégias de gestão financeira podem ser diferentes de acordo com o tamanho da negociação. Por esse motivo, foi realizado um ranqueamento entre elas com base no Patrimônio Líquido de 2016.
Tabela 1 – Ranking das empresas por Patrimônio Líquido
Fonte: elaborado pela autora cm base em Exame Maiores e Melhores 2016 (Exame, 2017)
Uma breve avaliação desse ranking demonstra que há divergências relevantes entre o porte das empresas, por esse motivo, alguns cuidados foram tomados para realização das análises:
- Separação de três grupos de empresas com porte semelhante:
Quadro 3 – Grupos de análise
Grupo |
Faixa de Patrimônio Líquido |
Empresas |
1 |
Até US$ 500 milhões |
Mahle Metal Leve; JSL; Natura; Prodesp; Mili |
2 |
Acima de US$ 500 milhões e até R$ 1 bilhão (aproximadamente) |
Rede DOr São Luiz; Ipiranga; Hydro Paragominas; Grendene |
3 |
Acima de R$ 1 bilhão |
Telefônica; Sabesp; CSN; Votorantim Cimento; Cielo; Weg |
Fonte: elaborado pela autora.
- Exclusão da Telefônica, uma vez que a diferença de seu Patrimônio Líquido em relação à segunda colocada pode ocasionar grandes distorções na análise.
Portanto, este artigo apresentará análises e discussões acerca das 14 empresas restantes.
- ANÁLISE DAS EMPRESAS SELECIONADAS
As análises foram realizadas com utilização dos indicadores de Endividamento Geral e de Composição do Endividamento. O indicador de Endividamento Geral das empresas foi calculado pela equipe da publicação. Quanto à Composição do Endividamento, a publicação inclui o indicador de Endividamento de Longo Prazo, o que permite obter a participação das obrigações de curto prazo pela diferença entre o percentual demonstrado e 100% de capitais de terceiros.
Análises do Grupo 1
Tabela 2 – Endividamento geral – Grupo 1
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
Os indicadores calculados mostram grande divergência na estrutura do capital das empresas. As empresas JSL e Natura apresentam elevada utilização de capital de terceiros, com elevação dessa forma de capital no período avaliado. As duas empresas, que contavam com pouco mais de 70% de capital de terceiros em 2013, intensificaram a captação desses recursos, que atingiram mais de 80% das fontes capital das empresas em 2016.
As empresas Mahle Metal Leve e Prodesp tem sua estrutura de capital praticamente inversa, com baixa utilização de capital de terceiros, ainda que seja observado crescimento de 5 p.p. (aproximadamente) na captação desses recursos, na comparação entre 2013 e 2016.
A estrutura de capital da Mili mostra um relativo equilíbrio, com pouco mais da metade constituída de capital de terceiros, apresentando ligeira queda dessa fonte de capital no período 2013 a 2016.
As movimentações observadas no nível de endividamento das empresas, no período analisado, não resultaram em alteração relevante na estrutura de capital das empresas.
Tabela 3 – Endividamento Longo Prazo – Grupo 1
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
Ao comparar a estrutura de capital com a participação do capital de terceiros no financiamento de ativos, também se percebe diferenças entre as empresas. Natura e JSL utilizam capital de terceiros com intensidade, no entanto, a configuração do capital de terceiros utilizado pelas empresas mostra diferenças. A JSL utiliza volume maior de capital de longo prazo, passando de quase 60% em 2013, para cerca de 70% em 2015. A Natura, por outro lado, tem menos da metade de seus ativos financiados por capital de terceiros de longo prazo (oscila em torno dos 40%), numa indicação de que a maior parte desse tipo de capital é utilizado na forma de capital de giro.
A Mili, que já mostra relação equilibrada na composição dos capitais, também apresenta equilíbrio na configuração do capital de terceiros. Praticamente metade dos ativos é financiada com capital de longo prazo, portanto, a outra parte é composta por recursos de terceiros de curto prazo.
Prodesp e Mahle Metal Leve, apesar de apresentarem estrutura de capital semelhante, têm diferenças no tipo de capital de terceiros utilizado. A Prodesp concentra os recursos de terceiros de curto prazo, pois apenas 6% (em 2013) era recursos de longo prazo, com queda para 2% (em 2016). Dessa forma, mais de 95% do capital de terceiros que financia seus ativos são obrigações de curto prazo.
Dessa forma, não é possível estabelecer uma relação entre o porte das empresas, medido pelo seu Patrimônio Líquido, e a estrutura de capital decorrente das decisões de captação de recursos pelos gestores. As empresas Mahle Metal Leve e JSL têm Patrimônio Líquido bastante semelhantes, e estrutura de capitais completamente diferentes.
Análises do Grupo 2
Tabela 4 – Endividamento geral – Grupo 2
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
Neste grupo, as diferenças entre as fontes de capital selecionadas são mais relevantes do que as observadas no grupo 1. Enquanto as empresas Hydro Paragominas e Grendene financiam suas atividades praticamente com capital próprio (mais de 80% das fontes de capital), a Ipiranga utiliza capital de terceiros com mais intensidade, em nível superior a 70% em todo período avaliado.
O destaque é para a rede Dor São Luiz, cuja estrutura de capital apresentou alteração relevante no período. Em 2013, grande parte das atividades era financiada com capital de terceiros (80,2%), cuja participação foi sendo reduzido ao longo do período, finalizando em 2016 com pouco mais da metade do capital da empresa.
Uma comparação superficial, entre o porte das empresas e suas decisões em relação à estrutura de capital, mostra que pode ser haver alguma relação entre essas variáveis, uma vez que as duas empresas com menor Patrimônio Líquido são as que concentram maior proporção de capital próprio. No entanto, essa conclusão pode ser comprometida pelo fato da Hydro Paragominas não ser uma empresa de capital aberto, enquanto a Ipiranga negocia ações na bolsa de valores.
Tabela 5 – Endividamento Longo Prazo – Grupo 2
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
Ao comparar a estrutura de capital com a participação do capital de terceiros no financiamento de ativos, percebe diferenças entre as empresas.
A Ipiranga e Rede Dor São Luiz utilizam capital de terceiros com intensidade, no entanto, a configuração do capital de terceiros utilizado pelas empresas mostra diferenças. A Rede Dor São Luiz utiliza volume maior de capital de longo prazo, passando de quase 70% em 2013, e caindo 8.6 p.p. em 2015, financiando 60%. A Ipiranga, por outro lado, tem menos da metade de seus ativos financiados por capital de terceiros de longo prazo em 2013 e aumentando 8,9p.p. em 2015, numa indicação de que a maior parte desse tipo de capital é utilizado na forma de capital de giro.
A Hidro Paragominas e Grendene apresentaram utilização de Capital de Terceiros semelhantes, concentrando os recursos de terceiros de curto prazo, enquanto a Hidro Paragominas (em 2013) apenas 6,5% era recursos de longo prazo, com queda para 5,1% (em 2016), a Grendene tem 0,90% de recursos de longo prazo (em 2013) com aumento para 2,80% (em 2016). Dessa forma, podemos dizer que quase 100% dos seus ativos são financiados ao curto prazo é que menos, de 5% oscilando ao longo prazo.
Análises do Grupo 3
Tabela 6 – Endividamento geral – Grupo 3
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
Neste grupo, podemos avaliar que os indicadores calculados no grupo 3 é parecido com o grupo 1. Os cálculos mostram grande divergência na estrutura do capital das empresas. As empresas CSN, Votorantim Cimento e Cielo apresentam elevada utilização de capital de terceiros, com crescimento dessa forma de capital no período avaliado. A empresa CSN financia suas atividades praticamente com capital de terceiros (mais de 80% das fontes de capital). Votorantim e Cielo também utilizam capital de terceiros com intensidade, em nível superior a 70% em todo período avaliado.
A estrutura de capital da Sabesp mostra um relativo equilíbrio, com pouco mais da metade constituída de capital de terceiros, apresentando um ligeiro aumento dessa fonte de capital no período 2013 a 2016.
A empresa Weg tem sua estrutura de capital praticamente inversa, com baixa utilização de capital de terceiros, ainda que seja observado crescimento de 8,5 p.p. (aproximadamente) na captação desses recursos, na comparação entre 2013 e 2016.
Tabela 7 – Endividamento Longo Prazo – Grupo 3
Fonte: elaborada pela autora com base em Exame Maiores e Melhores, 2016.
A comparação feita na estrutura de capital com a participação do capital de terceiros no financiamento de ativos, percebe grande diferenças entre as empresas.
A CSN e Votorantim utilizam capital de terceiros com intensidade, no entanto, a configuração do capital de terceiros utilizado pelas empresas é parecida, os Volumes utilizados de capital de longo prazo por essas empresas em 2013 chegam quase 70%, porém nota se que a Votorantim teve uma queda de 2013 a 2016 de 4.7 pp. Enquanto a CSN teve um aumento de 3,6 p.p..
A Sabesp, por outro lado, tem menos da metade de seus ativos financiados por capital de terceiros de longo prazo (oscila em torno dos 40% á 50%), numa indicação de que a maior parte desse tipo de capital é utilizado na forma de capital de giro.
A Cielo em 2013 financiava seus ativos em torno de 23% como capital a longo prazo, e mais de 70% como capital de giro, mas em 2016 teve um grande salto e aumentou em 42% do seu capital a longo prazo.
A Weg, podemos dizer que quase 90% dos seus ativos são financiados entre a curto prazo e 10% como obrigações de longo prazo.
Dessa forma, não é possível estabelecer uma relação entre o porte das empresas, medido pelo Endividamento a longo prazo pois a sua estrutura de capital é decorrente das decisões de captação de recursos pelos gestores. As empresas A CSN e Votorantim têm Patrimônio Líquido bem diferente, e estrutura de capital bastante semelhante.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos indicadores de Endividamento Geral e de Composição do Endividamento a Longo Prazo das 14 empresas demonstrou que as empresas avaliadas como as melhores dos seus setores têm diferenças relevantes na forma como financiam suas atividades. Do ponto de vista da estrutura do capital, ou seja, da combinação decorrente de escolhas relacionadas à captação de recursos próprios e de terceiros, não é possível estabelecer relações entre as empresas. A combinação varia mesmo entre empresas de mesmo porte, medido por seu Patrimônio Líquido.
Em relação à configuração do capital de terceiros utilizado, também se constatou divergências, pois mesmo empresas com estrutura de capital semelhante mostram diferentes formas de utilização do capital de terceiros, considerando os recursos de curto ou longo prazo.
Dessa forma, foi refutada a hipótese inicial desse trabalho, de que as empresas avaliadas com excelente performance pela Revista Exame Maiores e Melhores deveriam apresentar alguma semelhança em sua estrutura de capital, Assim, é possível concluir que uma única estrutura ótima de capital não foi identificada no estudo. Tendo em vista os excelentes resultados apresentados pelas empresas avaliadas, suas estruturas de capital permitiram a maximização do capital de seus proprietários e viabilizaram a alavancagem financeira a partir do capital de terceiros.
Uma das prováveis explicações para a existência de múltiplas estruturas ótimas de capital pode residir no fato de serem empresas de setores diferentes, uma vez que a avaliação associada ao porte também não demonstrou aderência a uma única estrutura de capital mais adequada. Dessa forma, abre-se espaço para estudos futuros que estudem empresas de um mesmo setor. Considerando a publicação Exame Maiores e Melhores, uma sugestão seria a análise das estruturas de capital das dez primeiras empresas avaliadas como as melhores de um mesmo setor.
REFERÊNCIAS
CHING, H. Y; MARQUES, F; PRADO, L. Contabilidade & Finanças, para não especialistas. 1º reimpressão, São Paulo: Pearson Editora, 2004.
EXAME.COM – As 20 campeãs por setor em Melhores e Maiores 2016. Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/as-20-campeas-por-setor-do-melhores-e-maiores-2016/Acesso em: 01 mai. 2017.
EXAME.COM – As 20 campeãs por setor em Melhores e Maiores 2016. Disponível em: http://exame.abril.com.br/revista-exame/melhores-e-maiores-empresas-2017-metodologia/ Acesso em 25 ago. 2017.
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[1] Pós-graduanda do MBA Executivo em Controladoria e Contabilidade Estratégica da Universidade de Santo Amaro (UNISA). biaalves.m@hotmail.com.
2 Professora orientadora, docente da Universidade de Santo Amaro (UNISA). mmcosta@prof.unisa.br.