07/07/2019

Estágio Supervisionado: Experiências Formativas em Diálogos Nos Campos de Vivência

Marcélia Amorim Cardoso – Professora Substituta do Curso de Pedagogia e História da UFRRJ/IM. Professora do Curso de Licenciatura de Pedagogia FABEL – Faculdade Fernanda Bicchieri. Doutoranda em Educação UFRRJ

Leonardo Meirelles Cerqueira - Professor e Coordenador do curso de Licenciatura em Pedagogia e Professor na Pós Graduação Lato Sensu em Gestão Integrada na Educação da Faculdade Fernanda Bicchieri (FABEL). Doutorando em Educação pelo Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - PPGEdu/UNIRIO.

Ana Paula da Silva; Andreza Mariano de Oliveira; Irys Rodrigues da Silva; Jennifer Soares Barboza; Karina Ferreira Trindade, Mylena Rangel Tavares – Graduandas do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Faculdade Fernanda Bicchieri (FABEL)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta as vivências realizadas no desdobramento do estágio supervisionado de Ensino Médio, Modalidade Normal, organizado através do Curso de Extensão oferecido para estudantes de cursos de formação de professores, nível médio, conhecidos como Cursos Normais, da região da Baixada Fluminense, RJ.

O curso normal ainda é uma oferta de formação profissionalizante, no nível de Ensino Médio, no Rio de Janeiro. Desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9394/96, esta modalidade de formação docente extingue-se no Brasil. Seguindo o conceito definido pela resolução CNE/CES nº 07/2008:

Art. 3º A Extensão na Educação Superior Brasileira é a atividade que se integra à matriz curricular e à organização da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros setores da sociedade, por meio da produção e da aplicação do conhecimento, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa.

a FABEL organiza Cursos de Extensão visando ação extensionista à comunidade local, a partir da oferta de cursos de capacitação. O Curso de Extensão oferece oficinas de metodologias de ensino enfatizando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) com os eixos estruturantes das linguagens: Língua Portuguesa, Artes e Educação Física. 

O objetivo geral das oficinas é apresentar as propostas da BNCC (BRASIL, 2017) de uma forma lúdica e significativa através dos componentes curriculares trabalhados.

Os cursos ministrados durante as três semanas tiveram as seguintes temáticas:

Curso I- Linguagens: Língua Portuguesa, Artes e Educação Física;

Curso ll- Ciências da Natureza e Matemática;

Curso lll- Ciências Humanas: Geografia, História e Ensino Religioso;

Curso lV: EJA: Educação de jovens e adultos;

Curso V: Educação Especial

Curso Vl: Educação Infantil

Pimenta e Lima (2012, p.29) ajudam a definir o estágio ao defender que “considerar o estágio como campo de conhecimento significa atribuir-lhe um estatuto epistemológico que supere sua tradicional redução à atividade prática instrumental.” (PIMENTA e LIMA, 2012, p.29) e nesse sentido, a formação dialógica entre dois grupos de estudantes de formação para o magistério torna-se campo de pensar e repensar suas trajetórias formativas e campos de vivências. Portanto, através do estágio supervisionado e o curso de extensão, graduandos do curso de pedagogia ampliam conhecimentos teórico-práticos aprofundando conceitos que se tornam base para as próprias formações e dos estudantes secundaristas normalistas.

METODOLOGIA

O estágio supervisionado é concebido como um elemento formativo de âmbitos investigativos e acadêmicos. Utiliza-se de abordagem qualitativa no processo de pesquisa sobre o fazer/pensar de estudantes de formação docente inicial em nível médio e superior.

As oficinas oferecidas e organizadas a partir da metodologia colaborativa, em que no cerne estão o diálogo e a interdisciplinaridade (CUNHA; GARCIA, 2009; MAGALHÃES, 1994), priorizou a Observação Participante como elemento fundante das análises. Esta metodologia proporciona uma aproximação do pesquisador com a comunidade ou grupo (LAKATOS; MARCONI, 2003). Como atividades práticas vinculadas à BNCC, foram propostas: construção de jogos lúdicos, a dança e temáticas a partir de dinâmicas que envolviam em Língua Portuguesa: Poemas e Poesias; em Educação Física: Corpo e Movimento e em Artes: Tangram.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Oficina de Linguagens atendeu um grupo de vinte estudantes, entre três meninos e dezessete meninas, acolhendo diversas maneiras de pensamentos e de críticas por parte dos discentes, onde se mostraram bastante engajamento em participar e aprender com as propostas oferecidas. Todos moradores da Baixada Fluminense, apontam como elementos para as próprias reflexões formativas suas experiências como alunos e como estagiários em escolas-campo de vivências profissionais. Os estudantes demonstraram conhecimento e interesse, participando ativamente das propostas oferecidas. Mizukami (2004, p.38) afirma que “a base do conhecimento para o ensino consiste de um corpo de compreensões, conhecimentos, habilidades e disposições que são necessários para que o professor possa propiciar processos de ensinar e de aprender, em diferentes áreas de conhecimento, níveis, contextos e modalidades de ensino”.  Nesse sentido, buscou-se trazer a importância de elaborar aulas criativas, inovadoras e que despertassem a atenção dos alunos com um olhar de transformação e sentido. A Base Nacional Comum Curricular estava no cerne dos debates intensificando o contato e o uso deste documento curricular agora oficial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que tanto para estudantes do Curso Normal, quanto para graduandas de Pedagogia, essa experiência prática de como planejar e realizar uma aula significativa, interdisciplinar, dialógica e colaborativa, agregou conhecimento e enriqueceu os processos formativos de ambos os grupos. Constatou-se a complexidade posta pela BNCC e percebeu-se que atividades de extensão vinculadas ao ensino possibilitam conhecer, pensar e intervir em realidades formativas de forma relevante e expressiva, contribuindo com processos investigativos na área da educação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_publicacao.pdf . Acesso em: 16 jun. 2019.

BRASIL. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Superior. Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 2014-2014 e dá outras providências.  CNE/CES 7/2018. Diário Oficial da União, Brasília, 19 de dezembro de 2018, Seção 1, pp. 49 e 50

CUNHA, Alessandra Marques da; GARCIA, Stella de Lourdes. Dialogando com educadores e educandos sobre a produção Textual nas séries/anos inicias do ensino fundamental. In: CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL - COLE, 17., 2009, Campinas. Anais [...]. Campinas, SP: UNICAMP, 2009, pp. 01-13. Disponível em: http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais17/txtcompletos/sem13/ . Acesso em: 28 jun. 2019.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

MAGALHÃES, M. C. C. Etnografia colaborativa e desenvolvimento de professor. In: Revista Trabalhos em Lingüística Aplicada. Campinas/IEL, n. 23, Jan.Jun. 1994, pp. 71-78.

MIZUKAMI, M.G.N. Aprendizagem da docência: algumas contribuições de L.S. Shulman. Revista do Centro de Educação, v.29, n.2, 2004. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/3838/2204   Acesso em 28 de jun. de 2019.

PIMENTA, Selma G.; LIMA, Maria S. L. Estágio e docência. São Paulo: Cortez, 2012.

 

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