29/05/2024

Escola: O Espaço do Saber nas Festas Juninas

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

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Escola deveria ser um espaço onde ocorre o saber, todavia nem sempre funciona desta forma, pois a falta de cultura por parte da gestão pedagógica e em concomitância do corpo docente, faz com que esta instituição banalize o medíocre, principalmente nas épocas em que ocorrem as festas juninas e julinas.

Como ressaltado por mim no livro Educação um ato político, publicado pela Autografia em 2019, as referidas festas representam para nós brasileiros uma das mais populares confraternizações.

É a festa de São João, tendo um cunho folclórico com as mais profundas raízes nas festas pagãs europeias ao qual se comemorava o solstício de verão, que para nós passa a ser o solstício de inverno.

É um momento representado pela colonização portuguesa com predominância ao catolicismo, mesclando comidas típicas e temas religiosos, já que junho é o mês dos santos São João, São Pedro e Santo Antônio.

Hodiernamente, os meses de junho e julho subtraíram o momento folclórico, dando espaço a falta de cultura e principalmente as músicas que fomentam alcoolismo, sexo, violência e sensualidade.

Pode parecer uma fala moralista, todavia, o contexto em uma instituição escolar é justamente educar, ensinar bons costumes, civilidade, respeito, dignidade, criticidade, protagonismo, enfim, não deve nunca a escola ser um espaço para o fomento as coisas execráveis, principalmente quando se trata de crianças, que poderiam estar aprendendo a cultura de nossos antepassados, estão na verdade, fazendo dancinhas sensualizadas, que hoje, por serem crianças, não terá maldade alguma, mas quando adolescentes, serão pré-julgadas, mas afinal de contas, estes mesmos adolescentes aprenderam a sensualizar no próprio ambiente escolar.

Interessante perceber a falta de argumento dos profissionais que se dizem educadores, ao basearem suas justificativas para o péssimo gosto musical por meio de falácias dizendo que funk, sertanejo, sertanejo universitário são músicas regionais que representam um modismo e que em sua letra encontra-se fomento ao alcoolismo, drogas, estupros, traições, violência dentre outras coisas que nós educadores trabalhamos em nossos alunos como forma de educa-los.

É importante salientar que as festas supracitadas oportunizam o processo de socialização, oferecendo aos educandos repertórios de hábitos, crenças e valores.

Como salientado no livro supracitado, a escola é uma instituição educadora e não propagadora de um modismo vulgar e idiotizador.

Dito isso, cabe a nós professores o compromisso em resgatar e resguardar a cultura já perdida em muitas instituições que fazem desta festa um motivo para se promover, focando somente o retorno financeiro e/ou apenas contemplar um calendário imposto por pseudoeducadores que mal sabem o verdadeiro significado de uma festa de São João.

Não precisamos ser pesquisadores para entender a influência da música na sociedade, já que está cientificamente comprovado que a música tem um efeito poderoso no cérebro, já que ela auxilia em muitos aspectos incluindo alívio das dores, dos estresses, memória e até mesmo comportamento[1].

A música afeta nossas emoções como também as situações de consumismo, além de explicitar a nossa identidade.

Sendo assim, que as músicas trabalhadas nas escolas não sejam baseadas no modismo vulgar de pessoas sem cultura, já que cultura é algo também aprendido e como a escola é um espaço de saber, que esta instituição se encarrega então deste saber.

 

[1] Para mais informações vide https://www.goethe.de/resources/files/pdf237/o-poder-da-musica.pdf

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