Escola Como Espaço de Amizade
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É comum vermos crianças chorando no início dos anos letivos, principalmente quando é a primeira vez que elas adentram no ambiente escolar, isso porque elas saem de uma zona de conforto que é a sua casa e vai para um ambiente visto como hostil, e tenha certeza, muitas vezes é, no olhar de uma criança.
É na escola que se trabalha a educação formal a ponto de influir nos valores correntes de seus estudantes, como ressaltado por Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007.
Desta forma, Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993 salienta que a escola é uma alavanca de mudança social e na visão otimista ingênua, ela afirma que se tivermos uma boa escola, teremos consequentemente uma sociedade desejada.
A autora pontua também uma visão mais pessimista já que devido as limitações da sociedade, é difícil esperar muito de uma escola, ou seja, aqui já é denunciado um problema no sistema tanto político quanto educacional, a nas falas da autora, o fato é que a escola é parte da sociedade.
Dito isso, é salientado por mim no livro Educação uma questão de politizar, publicado pela Ícone em 2022 que é justamente na escola que o aluno desenvolve a cidadania consciente e ativa e em concomitância o seu protagonismo cognoscente.
A instituição educacional é um espaço ao qual o educando desenvolve habilidades escolares bem como estabelece elos sociais diversos e são estes elos que poderão perdurar por toda a vida do educando, e nele são fundamentadas as amizades mais sinceras.
As falas acima são corroboradas por Pétry em seu livro Poder e Manipulação: como entender o mundo em 20 lições, extraídas de O Príncipe de Maquiavel, publicado pela Faro Editorial em 2016.
Nesta obra o autor elucida que as amizades que nascem de troca de benefícios são estruturadas em interesses, e não na nobreza de caráter, como deveria ser, e neste caso, as amizades formadas nas escolas, principalmente nos anos iniciais são amizades sinceras que perduram em alguns casos, para a vida toda.
Dito isso, pode-se perceber que a escola é vista também como espaço de amizade, nela criam-se vínculos de alunos com alunos, alunos com professores, professores com professores, ou seja, é uma rede de pessoas com um bem comum e tem um elo reforçado pela amizade.
Dias, em seu texto A escola como Espaço de Socialização da Cultura em Direitos Humanos[1], elucida que a escola é vista como um lócus privilegiado no qual responderá pelo formação inicial do educando, e será neste lócus que serão desenvolvidas as interações sociais para que crianças e adolescentes aprendam a se respeitar, convier com as diversidades e a “compreenderem-se a si mesmo e aos seus outros sociais, enquanto sujeitos sociais e históricos, produtores de cultura e, assim, oportuniza a construção da base inicial para a vivência efetiva de sua cidadania”.
Será por meio das amizades que os educandos aprenderão a se comunicar com pessoas que não fazem parte de seu ambiente familiar, desenvolverão o sendo coletivo e a visão colaborativa bem como solucionarão problemas aprendendo a lidar com conflitos e processos decisórios focando o coletivo e não apenas o bem comum.
Como dizia Paulo Freire em seu poema A Escola é....
... o lugar que se faz amigos.
Não se trata só de prédios, salas, quadros,
Programas, horários, conceitos...
Escola é sobretudo, gente
Gente que trabalha, que estuda
Que alegra, se conhece, se estima.[2]
Dito isso, que as escolas possam ser realmente um espaço de amizades e que a mesma encontre formas de trabalhar os verdadeiros valores encontrados em uma amizade pura e sincera.