31/01/2017

Equipe de Auto Impacto

Dênio Mágno da Cunha*

               Uma de minhas referências na educação, a Professora Maurilia Veloso, ensinou-me a compreender o trabalho em sala de aula como um trabalho a ser feito em equipe. Acompanhando suas atitudes e exemplos, tenho buscado construir essas equipes junto com os meus alunos.

       Quando isto acontece os resultados são em muito, superiores àqueles em que prevalece a divisão/separação entre professor e aluno. Mas isso só pode mesmo ser verificado quando realizado. Falar para quem não acredita nesta ideia é chover no molhado. Trabalhar em equipe é sonho poucas vezes realizado, tanto na educação quanto em qualquer outra área de atividade. Equipes verdadeiras são cases incomuns, proporcionalmente ao àquilo que acontece no coditiano. Vejo alguns motivos para que isso aconteça. O principal deles me leva até o momento em que o paraíso foi desfeito: Eva ao comer a maça, não consultou Adão. E ao não consultar Adão, não confiou, ignorou-o, tornando-o um ser inexistente. E olha que estavam somente os dois por lá.

               O que deduzo desta imagem: o sucesso de um trabalho em equipe depende fundamentalmente do estabelecimento de um acordo entre seus membros. Sem esse acordo, discutido, conversado, acordado e aceito... nada feito. E obviamente, qualquer mudança deve ser previamente discutida com todos.

               Dá trabalho? Sim e não. Dará muito trabalho se os membros (individualmente) não estiverem amadurecidos para compreenderem o que está acontecendo (Eva quebrou uma regra, apenas a maça estava madura). E não dará trabalho, se houver esse amadurecimento. Tudo o mais, dependerá deste “combinado” – referindo-me novamente à Professora Fernanda Wasner 

               Posto isso, temos outro fator a considerar: o indivíduo.

               Uma equipe é formada por mais de uma pessoa, com objetivos e pensamentos diferentes. Formar uma equipe de duas pessoas é difícil, agora imagine formar uma equipe com 20, 30, 40 indivíduos. Considerando-se que estarão juntos dentro do mesmo espaço físico, posicionados quase sempre no formato militar ou acadêmico do século XII? Impossível.  Eu diria difícil.

               A experiência na formação de equipes de auto impacto na educação, assim como em qualquer outra organização, passa obrigatoriamente pelo momento de alinhamento das expectativas/motivos e pela construção de um objetivo comum, a despeito das diferenças individuais. Como?

               Nas vezes em que consegui fazer isso, segui o seguinte roteiro: Primeiro, me dispus a ser conhecido; depois procurei conhecer a todos; em seguida, expus meus propósitos; ouvi os propósitos de todos; defini e afinei conjuntamente um objetivo comum; discuti e fiz o acerto sobre o que deveria ser feito para que o objetivo pudesse ser alcançado e as condições necessária (regras). Não é fácil, mas se a turma entende o respeito que tenho por ela e como os considero maduros para estarem ali, acontece a magia.

               Bem, os meus resultados não são maravilhosos do ponto de vista numérico. Poucas, muito poucas, das turmas com as quais trabalhei, souberam compreender essa ideia. E sinceramente, aquelas em que o trabalho foi “padrão”, sai frustrado e com a sensação de ter perdido tempo, jogado esforço fora. Mas naquelas em que conseguimos, não há palavras que descreva o resultado, a perenidade das relações, o sucesso na aprendizagem e no crescimento pessoal foram superiores.

               Essa reflexão, a primeira deste ano, é uma chamada de atenção para o tamanho do esforço a ser desenvolvido por professores. Devemos nos lembrar do papel de líderes no processo de aprendizado: ele é nosso, exclusivamente nosso. Essa a nossa grande responsabilidade. Caso deixemos de lado ou negligenciemos em nossa principal responsabilidade, dia a dia repetiremos aquilo que já estamos cansados de viver: salas de aula emburricadas, sem vida, improdutivas.

               Meu desejo é do paraíso para todos nós: para Adão e Eva; para você e seus alunos.

              

* Dênio Mágno da Cunha, Doutor em Educação pela Universidade de Sorocaba, professor em Carta Consulta e Una.

Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×