31/07/2025

Entendendo a Síndrome de Estocolmo Social

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Para entendermos a síndrome de Estocolmo social, é necessário entender o termo síndrome de Estocolmo, já que se trata de uma condição psicológica na qual reféns ou vítimas de sequestro desenvolvem vínculo emocional positivo com os sequestradores ou agressores.

Este vínculo se dá por meio de simpatia, empatia e até mesmo apego, mas na verdade é um mecanismo de sobrevivência que a vítima passa a ver o agressor como protetor.

Entendido o conceito acima, pode-se perceber que síndrome do Estocolmo social é uma analogia à própria síndrome de Estocolmo, já que as pessoas vítimas de descasos, exclusões sociais e até mesmo as inseridas no universo de pessoas que endossam a lista de descartáveis para a sociedade, como pobres e/ou pretos pobres de comunidades, desenvolvem uma espécie de lealdade ou simpatia por figuras de poder, exercendo assim total poder de decisão sobre eles e com um agravante, a certeza de uma completa justificativa  por essas pessoas do é injustificável.

É como uma pessoa assalariada, que trabalha 12 horas por dia ser contra o fim da escala 6x1; é o mesmo que uma pessoa que não tem dinheiro para pagar uma consulta médica particular ser a favor da privatização do SUS; é o mesmo que uma pessoa assalariada que recebe 13º salário, férias, FGTS dentre outros benefícios conquistados a duras penas, ser a favor da pejotização (prática de contratar um trabalhador como pessoa jurídica-PJ) mesmo sabendo que não mais terá os benefícios anteriores e que receberá apenas pelo dia trabalhado, isto é, sábados, domingos, feriados, doenças, lutos não contarão; é ver, aplaudir e defender os políticos votarem contra a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil reais e brigar pela não “taxação de super-ricos” que está ligada à reforma do imposto de renda e à tributação de rendimentos elevados e pela não “taxação de grandes fortunas, referindo-se especificamente à regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), que incidiria sobre o patrimônio acumulado.

É viver em um paradoxo criado por ele mesmo, já que reclama da situação ruim como salário, educação, saúde, segurança, assistência social, mas apoia os políticos que querem apenas o orçamento para eles mesmos gastarem a bel prazer como orçamento secreto.

Interessante observar nas falas pontuais de Santos (2017)[1] quando faz também uma comparação ligando o que chamamos de síndrome do Estocolmo Social a Narcose.

Para o pesquisador a narcose trata-se de um termo utilizado na área médica e está ligada a perda de sentidos, a anestesia e adormecimento sem que seja apresentado qualquer lesão.

Dessa forma, Santos (2007) é enfático quando afirma que narcose é vista como um “enfraquecimento momentâneo das funções da autoestima (ego), resultando numa perda de fluidez entre o contacto e o afastamento da realidade”.

Realmente uma pessoa com síndrome do Estocolmo Social vive uma realidade paralela ditada pelos manipuladores e acredita sem nenhum questionamento quanto ao status quo.

Nós professores não precisamos doutrinar nossos alunos para que eles enxerguem a realidade, basta que trabalhemos a autonomia intelectual e discernimento para que eles enxerguem o status quo.

Esta síndrome de Estocolmo Social explicita apenas falta de humanismo, empatia e é a completa reverberação da perda de identidade, consciência de classe e um ego repleto de imbecilidades.

 

[1] SANTOS; António Duarte. O Síndrome de Estocolmo, a Narcose Social e a Qualidade da Democracia em Portugal. Cursos de Gestão, Economia e Administração de Unidades de Saúde. UAL – Universidade Autónoma de Lisboa. 2017. Disponível em: <https://repositorio.grupoautonoma.pt/server/api/core/bitstreams/168c435a-91f9-4ae9-bc2a-6b3ed243bd7d/content>

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