12/09/2022

Educação sem Neutralidade

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

A educação era para ser a coisa mais democrática de uma nação, todavia, interesses ocultos fazem com que esta educação seja sofrível e até mesmo exclusivista para a maioria, formando cada vez mais uma massa de alienados, domesticados e passivos.
Gadotti em sua obra Histórias das Idéias Pedagógicas, publicado pela Ática em 2004, elucida que um dos discípulos de John Dewey, filosofo este que propôs uma educação com o foco em uma escola democrática que tem como cerne na educação para o presente. 
Segundo o filósofo, a escola socializa através de grupos coletivos, dito isso, o seu discípulo Kilpatrick preocupava-se sobretudo com a formação do homem para a democracia e para uma sociedade em constante mutação.
Kilpatrick acredita que a educação tem o objetivo de tornar a vida do educando melhor, ou seja, a educação é a reconstrução da vida em níveis cada vez mais elaborados, assim sendo, no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, é ressaltado por mim que a educação deve trabalhar com um conhecimento corrosivo, isto é, aquele conhecimento que fará o aluno sair de sua passividade e domesticação para se tornar protagonista cognoscente.
Morin em sua obra Pedagogia Dialógica, publicada pela Cortez em 2002, faz uma síntese em relação a democracia, que para ele, favorece a relação rica e complexa no binômio indivíduo e sociedade, no qual se ajudam, desenvolvem, regulam e controlam-se mutuamente. 
Esta mesma democracia reduz a servidão, e não se limita a um regime político, visto que trata-se de uma "regeneração contínua de uma cadeia complexa e retroativa" na qual os cidadãos produzem democracia e esta produz cidadãos. 
Para este pensador, sociedades autoritárias e totalitárias colonizam seus cidadãos, tirando-lhes o livre arbítrio, a autonomia, o poder de participar das tomadas de decisões e até mesmo a sua cidadania, já que no totalitarismo e/ou autoritarismo, o sujeito não passa de uma massa de manobra.
Ainda segundo Morin, para uma educação democrática, é necessário lidar com diversidade e conflituosidade, já que a democracia se nutre da autonomia de espírito dos indivíduos, da sua liberdade de opinião e de expressão, do seu civismo e principalmente do ideal liberdade, igualdade e fraternidade.
Entretanto, cabe pontuar que a nossa democracia está ameaçada, pela indiferença com os negros fazendo valer o racismo estrutural, pela violência e o descaso com as mulheres, pelos fake News, pela demofobia, pela proliferação da intolerância, do ódio, da violência dentre outras estultices insanas ditas por nosso Chefe de Governo.
No dia 02 de outubro de 2022 o povo poderá voltar a sonhar com a democracia, democracia esta que igualará o pobre e o rico em termos de direitos, oportunidades, sonhos, realizações e até mesmo como uma forma de minimizar o abismo entre as diferenças sociais agravados nesta gestão em que nosso representante em momento algum se solidarizou com os menos privilegiados, preocupando-se apenas com o próprio lazer.
Foi um governo em que uma sociedade de hipócritas se viu refletido nele, já que ele espelha todas as mazelas de um ser vil, como canalhice, misoginia, homofobia, racismo, corrupção, sem contar com seu baixo acervo de palavras e desequilíbrio em lidar com perguntas feitas por jornalistas do sexo feminino.
Esta sociedade tem usado da psicologia evolucionista, preferindo seguir o mito a questionar suas estultices por medo de represálias e/ou vinganças como é comum acontecer, como no caso de delegados da Polícia Federal. 
Desta forma, nós educadores precisamos ser parciais, já que faz-se mister a fala de Paulo Freire quando ressalta que não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é: sua base ideológica é inclusiva ou excludente?
Dito isso, cabe a educação optar pela não neutralidade quanto ao processo democrático fazendo jus as falas de Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984, ao pontuar que "se ficarmos neutros perante uma injustiça, escolhemos o lado do opressor", assim sendo, que não nos calemos perante a ameaça a democracia.

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