Educação Rompendo a Síndrome de Stephen Candie
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Este texto singelo e singular me permitirá usar a primeira pessoa, já que eu gosto muito da técnica de Storytelling, muito aplicada na Gestão do Conhecimento, área por mim abraçada na disciplina no curso superior de Administração e também tema de minha dissertação desenvolvida no meu Mestrado em Educação e Sociedade que virou o meu 5º livro sendo este publicado pela Ícone em 2010, intitulado Gestão do Conhecimento, Educação e a Sociedade do Conhecimento;
A gestão do conhecimento assim como a técnica de Storytelling também foram utilizadas em outras obras como o livro Gestão Pedagógica: Gerindo Escolas para Cidadania Crítica, publicado pela WAK em 2009.
Dito isso, a técnica de storytelling me permite uma contação de história tendo um fundo motivador, seja por uma biografia, ou algo que aconteceu e serviu como gatilho para crescimento pessoal e/ou profissional ou até mesmo como metáfora para um melhor esclarecimento de uma situação em particular.
Dessa forma, peguemos como exemplo o filme “Django Livre” lançado em 2012, tendo como diretor Quentin Tarantino e que recebeu vários prêmios sendo um deles o Oscar de melhor ator coadjuvante.
O filme retrata a vida de um ex escravo no Sul dos Estados Unidos no ano de 1958. Este escravo se chama Django se junta a um caçador de recompensas Schultz para perseguir criminosos mais procurados no país e nisso vê a oportunidade de resgatar sua esposa que foi vendida para outro fazendeiro.
Uma situação que vale ressaltar e aproveitar o ensejo para usar a técnica do Storytelling é o personagem Stephen Candie bem interpretado por Samuel L. Jackson que é um mordomo negro e também o pior carrasco que os escravos podem ter nas plantações de algodão no Estado do Mississippi.
O fato é que este mordomo negro além de odiar pessoas de sua raça, se incomoda com o sucesso dos outros tanto que o filme reporta uma cena em que Stephen Candie fica incomodado quando vê Django (um negro) montado em um cavalo, e isso faz com que se vire e pergunte para seu mestre de forma inconformada:
—Você viu, mestre? Esse preto tem um cavalo!
—E… Você quer um cavalo, Stephen?
— Por que diabos eu quero um cavalo?
O que eu quero é que ele não tenha!
Observe que esta fala representou a realidade vivenciada por muitos brasileiros que se incomodaram em saber que o pobre podia viajar de avião, comprar carros, se alimentar bem e ter o sonho realizado em fazer uma faculdade.
Essa realidade é denominada Síndrome de Stephen Candie que tem um elo muito forte com pessoas que defendem privilégios da elite sem serem da elite, mas que na verdade se acham pertencentes.
Pessoas desta índole são traidoras de sua classe e grandes peões para reforçar a massa de manobra de seus “mestres”.
Faltam-lhes tudo, dignidade, consciência de classe, humanismo, valores e éticas, e em contrapartida esbanjam arrogância, prepotência, ganância e tudo de mais vil e asqueroso que o ser humano pode ter.
Utilizando o filme como exemplo, cabe a educação perceber a oportunidade e trabalhar ideias de consciência de classe, discernimento e em concomitância a politização de seus alunos para que erradiquemos os muitos “Stephen Candie” que aparecem no dia a dia.