22/03/2024

Educação Pública Entendendo o Masking no Autismo

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

www.wolmer.pro.br

 

Muitas pessoas neurotípicas e também neuroatípicas vivem com seus vernizes sociais, no caso nos neuroatípicos Nivel 1, as vezes é algo mais custoso, porém essencial para sua convivência social.

Comecemos com a falácia dita por muitos que se dizem “entendedores” do Transtorno do Espectro Autista quando afirmam que o autista não tenta se socializar com as outras pessoas.

Tenha certeza que nós autistas de Nível 1 tentamos, mas a duras penas, principalmente na fase da adolescência em que existe um isolamento social e para você tentar se inserir e lidar com os bullyings que são muitos, você acaba tendo que fazer uso do masking.

Tanto na fase adolescente quanto na fase adulta, nós autistas recebemos pressões da família, da sociedade, no trabalho, enfim, de todos os lados, e infelizmente nem todos aprendem a lidar com isso se entregando ao seu mundo paralelo e sendo muito recorrente casos de depressão.

A psiquiatra Jaqueline Bifano[1] cita pesquisas recentes em que pontuam ser a depressão uma das comorbidades mais comuns do autismo e as pessoas com TEA são 4 vezes mais propensas a depressão.

De acordo com as pesquisas referidas pela Jaqueline Bifano, estima-se que metade dos adultos com autismo terá um quadro depressivo em algum momento da vida.

Triste é a certeza de que depressão é uma variável que leva a pessoa a cometer suicídio o que é corroborado pela Instituição Autismo e Realidade[2] ao afirmar por meio de estudos que, “entre autistas, quanto maior a idade e a inteligência, maior o risco de suicídio”, e geralmente o nível 1, é o nível que não tem comprometimento com o lado cognitivo.

Uma forma de fugir da depressão como visto acima é pelo masking que é oriundo do inglês Marcaramento Social, que nas falas de Nathália Barreto “é uma estratégia para enfrentamento social, definida como um esforço que pessoas no TEA fazem, de forma consciente ou inconsciente, para mascarar suas características e apresentar uma topografia comportamental “menos autista” para se encaixar em situações sociais”, ou seja, são formas de infelizmente, você perder a sua própria identidade, o seu próprio eu.

É muito comum para nós autistas, principalmente na fase da adolescência, copiarmos comportamentos e atitudes de pessoas neurotípicas, vistas como “normais” para nos sentirmos inserido em uma sociedade cruel, desumana e excludente.

Segunda a pesquisadora, o masking ajuda o autista a sobreviver neste contexto e em contrapartida dificulta o diagnóstico de pessoas com TEA, o que acaba contribuindo com os diagnósticos tardios em que na fase adulta, as pessoas neuroatípicas não aceitam mais imposições, como ir a festas mesmo com algumas dificuldades.

Dito isso, que a educação pública possa por meio de estudos e empatia, solidarizar não apenas com alunos, mas também com os profissionais que são autistas mas que ainda não buscaram um profissional para um bom atendimento e efetivação de um laudo que o auxilie na sua aceitação como ser humano, sem rotulações ou conversas paralelas usando-os como fontes de comentários maldosos, denegrindo até mesmo o profissionalismo de seus pares.

 

 

[1] https://psiquiatrajaquelinebifano.com.br/depressao-no-espectro-do-autismo/

[2] https://autismoerealidade.org.br/2021/03/22/depressao-e-suicidio-no-autismo/

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