Educação Pública e o Elefante de Circo
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Interessante perceber que a educação pública fica cada vez mais sofrível, mesmo com mudanças de governo, de gestão, enfim, ela continua sendo o nosso tendão de aquiles.
Importante perceber que tais mudanças em nada ainda acrescentaram nossa educação pública. Aliás, tem gerado apenas inseguranças e demonstrado um amadorismo gritante por parte da cúpula, como por exemplo, a nomeação do assessor técnico da Secretaria de Alfabetização do Ministério.
Interessante perceber que tal nomeação foi para uma pessoa que não tem experiência na área de educação, ou seja, o nomeado é graduado e também mestre em filosofia, cuja dissertação foi sobre o tema "a antessala da argumentação: por uma abordagem negativa". Vale ressaltar que em tal trabalho não há menção nos termos de educação, alfabetização e/ou pedagogia, e o mesmo irá atuar justamente no setor da Alfabetização.
Quanto a plataforma Lattes, não há referência alguma de suas experiências prévias em educação e/ou alfabetização, ou seja, mais uma vez a educação fica como algo sem tanta importância
Tais atitudes nos remetem aos problemas oriundos da Revolução Industrial no século XVIII que segundo Burke e Ornstein no livro O presente do Fazedor de Machados - os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998, esclarecem que aconteceu no século XVIII, foi conhecido como solução de More, ao qual pregava a disciplina social para o enfrentamento das crises constantes.
Para More, bastaria ensinar a submissão total às autoridades e incentivar a resignação cristã em face da privação e da adversidade. Para More, quando a escrita era ensinada às crianças pequenas, ela incitava a pensamentos radicais e sem esta escrita, seria difícil se expressarem adequadamente.
Pensemos então no que ocorreu séculos atrás e o que tem acontecido hoje. A fala mais conhecida de More foi "meu objetivo não é formar fanáticos, mas treinar as classes baixas nos hábitos da indústria e da devoção". Dito isso, parece que o Brasil pegou o modelo proposto por More e tem aplicado e com mais ênfase em nosso dia a dia.
A educação pública na verdade tem criado verdadeiros elefantes de circo, ou seja, uma metáfora que mostra o potencial que temos, mas por sermos subjugados, deixamos nos levar pelas conjunturas.
E assim tem sido a educação pública. Ela tem subjugado seus alunos como os circos faziam com seus elefantes, já que antes deles entrarem em cena, eles ficavam amarrados por uma corrente em uma de suas patas e uma pequena estaca cravada no solo que é apenas um pedaço de madeira.
E a corrente apesar de parecer grossa para nós, não seria nada para um animal de força descomunal que não teria sequer o mínimo de dificuldade em rompê-la, sendo assim, porque o elefante não escapa?
Obviamente por ele ter sido adestrado, entretanto o problema está na forma de como foi realizado tal adestramento foi feito através de torturas com ele ainda filhote, pois o pega bem novinho e o amarra em uma corrente.
O desespero do filhote irá fazê-lo tentar se desvencilhar das amarras, mas por ser ainda um bebe, não terá êxito e os esforços poderão provocar algumas feridas, o que aliás, se pesquisarem, encontrarão casos de filhotes que morreram por maus tratos.
E assim vai trabalhando isso durante meses. O filhote tentando escapar, se ferindo, sentindo dores e sem forças e crescerá com estas limitações, acreditando que mesmo estando adulto, aquela amarra que o prendia ainda filhotinho, não será rompida, visto que ele não conhece a sua força e tampouco está disposto a colocá-la à prova.
O mesmo tem acontecido com nosso povo. Por não ter uma educação de qualidade na base, este mesmo povo cresce sem conhecer o seu potencial para fazer mudanças, e desta forma, simplesmente acata a tudo e a todos.
A educação simplesmente efetivou a solução de Moore que era de impor uma disciplina social, fortalecida pela alienação e por uma educação subalterna, que subjuga nossos alunos e ameaça que tenta mudar o sistema.