Educação Pública e o Código do Silêncio
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A educação como visto nos livros de minha autoria: Educação e a não neutralidade, publicado pela Ícone em 2024; Educação uma Questão de Politizar, publicado pela Ícone em 2022 e Educação um Ato Político, publicado pela Autoria em 2019, é uma ação transformadora que incita o protagonismo cognoscente, a autonomia intelectual e a criticidade dos educandos.
Vale ressaltar no que tange a educação, a existência de uma controversa em relação a criticidade, dado a existência de certa imposição ao código de silêncio dos profissionais que deveriam ser exemplos de criticidade, no entanto se calam e passam a ser coniventes com as ações erradas oriundas do sistema educacional.
A conivência representa a fraqueza do ser humano, a sua mediocridade e a sua falta de coesão pelo que acredita e estudou, e quanto este último, se o profissional se encontrar subtraído destes sentimentos, é sinal de que este educador jamais possuiu qualquer valor relacionado a educação.
Vivenciamos situações principalmente no setor público ligados a educação, de compras indevidas e superfaturadas de equipamentos, equipamentos estes que não contribuem em nada o processo educativo, já que não houve participação dos principais envolvidos; esquemas de desvios de dinheiro em vários órgãos públicos ligados a educação como exemplo escolas fakes que receberam repasses de verba na gestão de 2021 e 2022.
Dito isso, o código do silêncio impera, já que a cumplicidade se faz por vias de fato e as ameaças são sempre recorrentes.
Um fato curioso levantado pela Controladoria-Geral da União (CGU), com base em auditorias foi que das 556 cidades do País, as cidades com os resultados mais baixos nas avaliações nacionais estão inseridas nas cidades cujas administrações foram as mais corruptas[1].
Silva e Therrien (2022) elucidam que a cultura do silencio além de refletir a incomunicabilidade humana, ela também age nas condições sócio-históricas dentre as quais pessoas independentes do sexo vivem e permanecem emudecidas, excluídas, silenciadas, privadas de ser, de dizer a sua palavra, de se expressar ou expressar o mundo. Nisso está contido o privilégio de uma minoria silenciando as maiorias[2].
Dito isso, pode-se perceber que o silêncio é sinal de opressão, e onde existe opressor, existirão oprimidos e nisso a educação deve agir de forma coesa, já que Paulo Freire afirmava que “quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor” e opressão não deve rimar nunca com educação, visto que a educação é a incitação do livre pensar, do respeito pelas diferenças, da busca pelo conhecimento e do próprio protagonismo cognoscente de todos os envolvidos, sejam educadores ou educandos.
Assim sendo, que nós educadores não nos calemos mediante aos erros camuflados de favores, de conivências, propinas, pois tudo isso implicará na perda do profissionalismo, respeito com os colegas de trabalho e até mesmo na perda da própria dignidade.
Que lembremos que seremos sempre a soma de tudo que fizemos ou deixamos de fazer, somos herdeiros de nossas escolhas e que no limiar de nossas vidas, façamos boas escolhas amparados sempre pela ética profissional.
[1] https://educacaoeterritorio.org.br/arquivo/pesquisa-mostra-que-corrupcao-na-educacao-dos-municipios-resulta-em-ideb-mais-baixo/
[2] SILVA, Daniele Cariolano da; THERRIEN, Jacques. Cultura do silêncio e educação libertadora: aportes freirianos. Educação. Porto Alegre, Porto Alegre , v. 45, n. 1, e-38533, 2022 . Disponível em <http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-25822022000100217&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 out. 2024. Epub17-Jul-2023. https://doi.org/10.15448/1981-2582.2022.1.38533.