Educação Pública e a desertificação dos sonhos
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante, Articulista, Colunista, Docente, Consultor de Projetos Educacionais e Gestão do Conhecimento na Educação – www.wolmer.pro.br
Educar é o transformar o ser. É como pegar uma pedra bruta e lapidá-la até seu brilho e beleza serem realçados, desta forma, Giles em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela EPU em 1983 esclarece que o educar é um processo de construção que concretiza, levando o sujeito a se transformar e transformar também a sua realidade.
Para o autor, o processo educativo deve levar o aluno ao nível da crítica avaliativa, ou seja, levá-lo a consciência de poder e querer ser mais, e essa busca do ser mais, adentra-se na luta pelas desigualdades, o que é ressaltado por Romão em seu livro Pedagogia Dialógica publicado pela Cortez em 2002. Para o autor, a busca para eliminar a desigualdade não é sinônimo de homogeneidade, e sim, oportunidades iguais.
Infelizmente a nossa educação pública está enraizada em um terreno estéril. As mentes de nossos alunos estão vazias em um constante processo de desertificação, o que é reforçada cada vez mais pela pedagogia cínica, que segundo Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, é aquela pedagogia que é consciente da manipulação, mentira ou passatempo fútil.
Justamente a pedagogia que deveria libertar, encontra meios para alienar, que segundo Aranha em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela Moderna em 1996, este verbo é o mesmo que afastar, distanciar, separar. Para a autora, alienar é tornar alheio, ou seja, transferir para outrem o que pertence a ele mesmo, e isso implica na perda da individualidade e da consciência crítica.
Consciência crítica? Para que? Uma pessoa que pensa pode ser perigosa e aliás, poderá ser um futuro rebelde a divergir deste projeto político de educação pública ser cada vez mais sofrível.
Segundo Freire, em seu livro Educação e Mudança, publicado pela Paz e Terra em 1979, a consciência crítica não se satisfaz com as aparências, percebe que toda a realidade é mutável e cabe a própria pessoa ser o agente desta mudança.
Ainda o autor esclarece que uma consciência crítica não se conforma com explicações mágicas e sim com princípios autênticos de causalidades, bem como diante de um fato, procura se livrar dos preconceitos, principalmente na análise e resposta.
Freire finaliza que uma consciência crítica é inimigo das posições quietistas, aliás, para o autor, o indivíduo se torna mais crítico diante das situações quietistas, pois são estas situações que colaboram com suas inquietudes, isso porque a educação o transformou em um ser indagador, investigador e instiga o diálogo, pois se nutre dele.
A educação pública precisava aplicar as informações acima, desenvolver em seu aluno o protagonismo e a cidadania crítica, entretanto, esta mesma educação esta voltada para uma ação inibidora e restritiva, implicando na desertificação dos sonhos e esterilizando o futuro de milhares de jovens que servirão apenas como massa de manobra para se perpetuar e aumentar cada vez mais a desigualdade social alavancada pela miséria intelectual deste povo.