28/07/2021

Educação Pública e a Caverna de Platão

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

O conhecimento é algo empoderador, principalmente quando usado para mudar contexto de quem o possui.

Demo em seu livro Saber Pensar, publicado pela Cortez em 2000, elucida que na sociedade do conhecimento, o aprender é um direito humano fundamental e o direito ao conhecimento pode ser considerado no mesmo patamar que o direito à vida.

Todavia, cabe observar que o conhecimento nunca é pleno e absoluto, dito isso, Morin em seu livro Pedagogia Dialógica, publicado pela UNESCO em 2002 enfatiza que a educação deve mostrar que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro da ilusão.

As falas acima podem ser corroboradas pelo filósofo e matemático René Descartes (1596-1650) quando afirmava que "Se quiser buscar realmente a verdade, é preciso que pelo menos um vez em sua vida você duvide, ao máximo que puder".

Para Descartes a dúvida é uma forma de buscar o conhecimento verdadeiro, já que nossos sentidos são limitados e enganosos. Dito isso, e em sua obra “O Discurso sobre o Método” lança as bases do racionalismo, vista como a única fonte de conhecimento tendo como cerne a existência de uma verdade absoluta, incontestável, uma vez que para o filósofo existem quatro regras para se chegar ao conhecimento absoluto, pois nada é verdadeiro até ser considerado como tal; os problemas precisam ser analisados e resolvidos sistematicamente; as considerações devem partir do mais simples para o mais complexo e todo processo deve ser revisto do começo ao fim, de forma a não omitir nada importante e comprometer a verdade.

Partindo então por este viés, Neiva em seu livro Lições Aprendidas, publicado pela Editora Universidade em 2006, é enfática quando afirma que todo conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão, desde que não se sigam as regras de Descartes.

Interessante perceber nas falas de Morin no livro Introdução ao Pensamento Complexo, publicado pelo Instituto Piaget em  1990 o reconhecimento do inacabamento, da incompletude de todo o conhecimento, ou seja, estamos sempre aprendendo e precisamos estar com mentes abertas para isso, para não cairmos nos erros das ilusões como ressaltava Platão em sua obra "O mito da caverna de Platão".

Esta obra de Platão nos dá a sensação de que ainda estamos vivendo este mito, pois encontramos na escuridão da ignorância e muitos sequer conseguem acreditar nas verdades contadas por quem saiu da caverna.

As pessoas continuam nas cavernas acorrentadas em seus preconceitos, senso comum e pré-julgamentos. Não querem vislumbrar a saída da caverna para descobrir o novo, ver a luz e o Sol a representarem o verdadeiro conhecimento e a razão.

Por mais que se prove algo que divirja do que o outro pensa, é considerado uma falácia e/ou uma mentira.

O conhecimento dói e a ignorância é reconfortante, pois não precisa sair da zona de conforto. Isso nos remete a uma águia que teve seu ovo chocado por galinhas e viveu no meio delas.

Esta águia encontra-se com as asas atrofiadas para alçar longos voos e as pessoas que estão nesta caverna, tem todo o seu mundo ameaçado pelo conhecimento e descoberta.

Que possamos todos sair da caverna e explorar novos ambientes e descobertas.

Não nos permitamos ouvir a voz da ignorância e nos iludirmos com as imagens vistas pela sombra, pois nossos sentidos são ardilosos e manipulados por quem já saiu da caverna e explorou o novo mundo.

Que a educação pública faça seus educandos descobrirem por si mesmos este mundo de luz, cores e vida de forma a nãos e contentarem com as sombras.

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