12/03/2024

Educação Pública, Dialética e Pesquisa

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

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A educação é uma ação intencional e transformadora, que leva as partes envolvidas a uma seara de busca do conhecimento que as vezes se dá por meio da curiosidade e em concomitância, da pesquisa.

Interessante perceber que a dialética serviu como pedra angular para a pesquisa, já que seu significado é “caminho entre as ideias” que se dá por meio de protagonistas que focam a busca da verdade que perpassa pelo raciocínio lógico, mesmo que haja contradição e contraposição fazendo com que surjam novas ideias.

Isto se dá porque a dialética trabalha com a interação entre duas ou mais posições opostas, conhecidas por tese e antítese, que se dá por meio de um confrontamento surgindo a síntese e que incorpora elementos das duas posições e que transcende suas contradições.

Sem adentrarmos na seara filosófica, a dialética de acordo com o ChatGPT é um processo de desenvolvimento histórico, social e intelectual no qual as contradições e conflitos desempenham um papel central na mudança e no progresso.

Partindo desse conceito, Giles (1983, p.16) ressalta que a dialética “prepara caminho para a pesquisa científica, afastando ideias e opiniões duvidosas e submetendo-as ao crivo da crítica”.

O autor elucida que a pesquisa se funda na razão e não em mera opinião que tem a sua base na ilusão que são representadas por sombras e falácias.

Demo (2000) é enfático ao afirmar que a melhor forma de efetivar a aprendizagem é por meio da pesquisa com as próprias mãos e sob orientação do professor e não em apenas escutar o que o professor fala.

Para Fontes (2005, p. 134) o professor tem que se “reconhecer como pesquisador do seu fazer, buscando novas respostas para eternas novas perguntas”.

Segundo a autora supracitada, sem a pesquisa, fica impraticável mover a educação neste terreno em que as verdades são limitadas a fakenews, falácias, desinformações midiáticas, modismos fugazes que tem feito a sociedade submergir no achismo, no preconceito e no fundamentalismo imbecilizado.

Freire (1996, p. 32) aduz que “há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”, dito isso, a pesquisa busca a constatação de algo, e esta constatação implica em uma intervenção e é no processo de intervenção que me educo e em concomitância, educo. A pesquisa nos leva a conhecer o que ainda é desconhecido, o que é corroborado por Ambrósio (2023, p.54) esclarece que esta mesma pesquisa se configura “por meio de processos autorreflexivos, sensíveis, livres, problematizadores: da busca e consciência das incompletudes, das necessárias quietudes e inquietações”.

Dito isso, que a educação pública possa fomentar em seus educandos a curiosidade espistemológica, como ressaltada por Tavares (2022) que implica no desenvolvimento de uma consciência transitiva crítica que leva ao verdadeiro protagonismo cognoscente.

REFERÊNCIAS

AMBRÓSIO, Márcia. Devaneios investigativos: espantos, inquietudes, quietudes, aventuras da pesquisa e saber docente, in: Tendências da Pesquisa em Educação/ Organizadora Márcia Ambrósio. Coordenação: Márcia Ambrósio. – São Paulo: Pimenta Cultural, 2023.

DEMO, Pedro.  Saber Pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000 – (Guia da Escola Cidadã; v. 6)

FONTES, Rejane de S. A escuta pedagógica à criança hospitalizada: discutindo o papel da educação no hospital. Revista Brasileira de Educação. Maio/Jun/Jul/Ago 2005, No 29

FREIRE, Paulo.  Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996

GILES, Thomas Ransom.  Filosofia da Educação.. São Paulo: EPU, 1983.

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