Educação Pública Criando Tempos Difíceis
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A cultura e conhecimento são difundidos por diversas formas e uma das mais relevantes e mais antiga é o saber popular, e partindo desta afirmação, Oliveira (2015)[1] elucida que este saber busca dar significados e explicações aos acontecimentos das coisas de geração em geração, tendo assim “uma relação de aprendizagem com a ciência por meio de valores econômicos, sociais e culturais”.
Segundo a autora supracitada, mediante as relações sociais atreladas a tentativas e erros o conhecimento científico encontrou sua seara e assim progrediu.
Sabendo-se que o conhecimento popular oferece ao homem uma melhor compreensão da realidade, pode-se perceber que por intermédio de um provérbio oriental poderemos também ter um melhor entendimento de como anda a nossa tão sofrível educação pública e o que nos aguarda em um futuro não muito distante.
Este provérbio faz a seguinte afirmação: “Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes”; com isso, estamos por meio da educação criando homens fracos que em concomitância, a longo prazo, teremos homens fortes devido aos tempos difíceis que já estamos atravessando, e uma forma de percebermos isso é por meio de nossa atual conjuntura política em que impera o ódio ao pobre oriundo do neofascismo.
O atual sistema de educação pública, busca a aprovação automática o que pode ser considerado um erro crasso sendo uma das causas dos tempos difíceis que estamos passando, isso é corroborado por Ramal[2] ao ressaltar que reprovação não é solução, mas aprovar quem não aprendeu é pior.
De acordo com as explicações de Ramal, há uma confusão por parte dos estados e municípios quanto ao conceito de aprovação automática e isso implica em fazer o aluno ir para o ano consecutivo sem ao menos saber o essencial para a aquisição de novos conhecimentos.
Estamos na atual conjuntura, criando analfabetos funcionais e políticos, e em concomitância, uma geração de alienados, servindo como massa de manobra para o curral eleitoral do neofascismo.
Os tempos difíceis estão sendo vivenciados e perdurará por um intervalo maior.
Como criar uma geração de homens fortes que não sabem lidar com frustrações? Observe que se trata de um sentimento que sempre acompanhará o ser humano, já que nem tudo dependerá unicamente do indivíduo, pois somos uma sociedade e precisamos lidar com o coletivo.
Quando a escola confunde progressão continuada com a não reprovação, ela cria um corpo discente despreparado para lidar com os reveses da vida, acreditando que tudo será fácil, afinal de contas, em momento algum houve esforço por parte do educando em seguir os anos escolares.
Faz-se mister revermos todo nosso sistema educacional, afinal de contas, reprovação não é a solução, em contrapartida, aprovação automática é contribuir cada vez mais com as diferenças sociais e com a necropolítica corroborando de vez com as falas de Darcy Ribeiro quando afirma que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”, e assim podemos constatar realmente que os problemas vivenciados hoje pela nossa educação não passam de um projeto arquitetado e bem sucedido pela elite manipuladora.
[1] OLIVEIRA, Patrícia Severiano de. Saber Popular e Perpectivas para o Conhecimento Científico. II CONEDU – Congresso Nacional de Educação. 2015. Disponível em: < https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/16932>
[2] RAMAL, Andrea. Reprovar não é solução, mas aprovar quem não aprendeu é pior. G1: 2014. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/post/reprovar-nao-e-solucao-mas-aprovar-quem-nao-aprendeu-e-pior.html>