02/06/2021

Educação Pública,Consciência Crítica e Imunidade de Rebanho

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Educação está ligada a liberdade de pensamento e com discernimento, tais palavras são corroboradas por Giles em seu livro Filosofia da Educação, publicado pela EPU em 1983 ao salientar que "educar é firmar-se na prática da liberdade", e tem que ser uma liberdade alicerçada no respeito e no humanismo.

Cabe agora uma pergunta, como exercer uma liberdade se a mesma encontra-se entrelaçada nos elos de uma ideologia?

Segundo Fiorin em seu livro Linguagem e Ideologia, publicado pela Ática em 2000, a ideologia é uma tentativa de convencer as pessoas por meio de um falseamento da realidade.

Por isso pode ser afirmado que toda ideologia é alienante, pois para o autor, ela se baseia em ideias produzidas pela classe dominante, sendo disseminada para toda população, convencendo de que a estrutura social trabalhada por ela é a ideal e é a única possível.

Desta forma, estas ideias passam a ser ideias dos outros, as palavras passam a ser ecoadas e reforçando o comportamento de manada.

Ideologias reforçam apenas classes dominantes fazendo com que o cidadão se prive de um pensar diferenciado e até mesmo protagônico cognoscente.

Pensamentos ideológicos dizimaram milhões de vidas, e temos exemplo de Lenin nos anos de 1932 e 1933 que através de sua ideologia leninista, exterminou 3,9 milhões de ucranianos. Este ditador sempre soube o que fazia e tal ato ficou conhecido como Holodomor, ou seja, Holocausto Ucraniano.

Outra ideologia que dizimou vidas foi a de Hitler. Uma ideologia que pregava uma raça pura e superior, subjugando os outros, desrespeitando as diversidades de raças e culturas e somando com isso mais de 6 milhões de judeus  e mais de 500 mil ciganos da Europa foram assassinados.

Hoje não temos holocausto, mas temos o descaso com a vida e o que hodiernamente é chamado de Imunidade de Rebanho, já que era o planejado pelo Governo Federal quando planejou que haveria pelo menos 1,4 milhão de mortes no Brasil causada pela Covid-19. Isso seria um mal necessário para a tal imunidade ser alcançada[1].

Imunidade de Rebanho implica em dizer que uma porção significativa de uma população se tornará imune a uma doença infecciosa limitando sua propagação, mas isso geralmente leva alguns a morte, cabendo a pergunta: Valeria a pena sacrificar vidas para esta imunidade sendo que existe uma vacina para tal? Segundo especialistas, tal imunidade só é a solução para quem sobrevive.

Isso nos remete a técnica do Storytelling muito utilizada na Gestão do Conhecimento. Trata-se de uma contação de história para que a pessoa assimile certa informação gerando um conhecimento. Dito isso, imagine um amante da natureza passeando em uma praia a conversar com um amigo indiferente com a vida animal e no momento em que ovos de tartarugas eclodem fazendo tartaruguinhas surgirem por todos os cantos, sendo presas fáceis para predadores.

Este amante da natureza, sem titubear, sai a pegar o maior número de tartaruguinhas para jogá-las ao mar, entretanto, este amigo sem demonstrar qualquer reação o inquire com a seguinte questionamento: Do que vai adiantar, todas elas morrerão pelos predadores, e com maior naturalidade possível este defensor da natureza fala, está vendo esta em minha mão? Ao lançá-la ao mar diz: para ela fez a diferença.

Assim sendo, são 1,4 milhão de mortes, mas quanto mais vidas puder salvar, será uma diferença muito grande para quem foi salvo e para seus familiares.

Desta forma que tem que ser a educação: auxiliar o cidadão para que este tenha discernimento e busque o melhor para o seu próximo sem nunca esquecer o humanismo e a empatia, fazendo com que este, não se deixe levar por ideologias alienantes a ponto de inseri-lo a comportamentos de manada.

Cabe a esta mesma educação fazer o cidadão pensar "fora da caixa" e não ser o "idiota útil" tão mencionado por nosso governo.

Nós educadores temos a obrigação ética de desenvolver em nossos educandos toda criticidade necessária para fugir a qualquer tipo de dominação e a lutar por seus direitos, pois já dizia Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, publicado pela Paz e Terra em 1981, ao elucidar que nossa existência nunca poderá emudecer e tampouco se alimentar de falsas palavras, assim sendo, Freire é enfático ao dizer que precisamos existir humanamente, pronunciar o mundo e consequentemente modificá-lo.

 

[1] Para mais informações vide https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/bolsonaro-planejou-14-milhao-de-mortes-por-covid-diz-artigo-no-ny-times/

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