Educação Pública, Autismo e Laudo Tardio
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Interessante saber o quanto a sociedade é mal informada em relação aos problemas dos outros.
Vivemos em um mundo que representa cada um por si ou cada um com seus pares, e o resto, ah, é totalmente desnecessário.
Assim sendo, os autistas sem laudo são os que mais sofrem por terem dificuldades em encontrar seu pares ou simplesmente por não fazerem parte destes contextos, o que remete ao texto de Nietzsche se referindo ao Zaratrusta em seu livro Así hablo Zaratrusta, no qual é falado que “caminho só porque sou amigo das marchas solitárias”, e assim é a vida de um autista sem laudo.
A importância do laudo não está em provar para os outros que você é uma pessoa neuroatípica, mas uma forma de buscar o autoconhecimento e entendimento sobre a sua realidade.
Nem todas as pessoas conseguem lidar com a solidão, e o pior, é uma solidão que tem o seu cerne na falta de empatia e no preconceito, e não por um simples capricho do autista.
Fátima de Kwant[1] elucida que em relação ao autismo em particular nível 1, a chance de suicídio é nove vezes mais frequente do que nos jovens sem autismo, e 28% dos jovens autistas nível 1, já pensaram ou pensam constantemente em tirar a própria vida.
Essa informação é muito forte e se torna um fator preocupante em uma sociedade que está perdendo a sua humanidade.
Autistas sem laudo são pessoas incompreendidas, rotuladas e até mesmo excluídas, embora muitos consigam lidar com isso, o fantasma de exclusão vem sempre assombrá-los.
Interessante perceber a importância da educação na sua ação transformadora, trabalhando o discernimento das pessoas e fazendo com que elas possam ser mais humanas, sensatas e acolhedoras.
Autismo não tem cara e isso pode ser visto como um empecilho para uma melhor compreensão e aceitação do comportamento alheio, sendo confundido com grosserias, insensibilidade e falta de educação.
Faz-se necessário trabalhar uma educação pela vida e para a vida, como afirma Émile Durkheim, em sua obra Educação e sociologia, publicado pela Lisboa Edições em 2007. Para Durkheim, a educação deve desenvolver nos educandos certo número de estados físicos, intelectuais e morais.
Quando tivermos realmente uma educação pública de qualidade não focando no tecnicismo conteudista, e sim nas competências socioemocionais, teremos uma sociedade com um menor índice de exclusão e em concomitância com menor taxa de suicídio.
[1] https://www.canalautismo.com.br/artigos/autismo-e-suicidio/#:~:text=No%20que%20diz%20respeito%20ao,S%C3%A3o%20dados%20alarmantes.