23/06/2025

Educação Pública: A Falácia das Escolas Cívico-Militares

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Educar difere do estímulo resposta muito trabalhado em Pavlov. Educar chega a ser uma ação subversiva no qual você passa a ser questionador da própria realidade em que se encontra inserido.

Alguns defensores levantam a bandeira de escolas cívico-militares usando como principal argumento a disciplina e em contrapartida esbravejam que a escola pública tem sido doutrinadora.

É de bom tom entender que não existe escola neutra já que o simples calar pode ser tão prejudicial quanto o ato de falar, e caso existisse, a própria neutralidade imposta implicaria em uma doutrinação, porém favorável a elite manipuladora, o que é ressaltado nos livros de minha autoria como Educação e a não neutralidade, publicado pela Ícone em 2024; Educação uma Questão de Politizar publicado pela mesma editora em 2022 e Educação um Ato Político publicado pela Autografia em 2019.

Assim sendo, deixando os achismos de lado, o que alguns pais argumentam que este modelo escolar é importante para disciplina e explicita ao mesmo tempo, o quão estão sendo negligentes em relação a educação proferida por eles no recinto de seu lar, cabe analisar as falas do Dr. Italo Zanelato que em seu doutorado expôs as contradições da militarização de escolas no Paraná[1].

Para o Dr. Italo Zanelato as escolas com modelo militarizadas não podem ser vistas como uma solução mágica que aumentará as notas do IDEB, resolverá questões sociais e trabalhará com valores como ordem, disciplina, civismo e cidadania, sendo estas palavras as inovações que transformarão as instituições educacionais.

Foi demonstrado pelo pesquisador acima que na prática, este modelo de escola padroniza condutas e molda comportamentos o que converge com as ideias Pavlovianas ressaltadas acima, e da mesma forma, a militarização implica na imposição do controle e verticalização, ou seja, desconsidera por completo o método dialógico que se embasa nos princípios democráticos que tem como cerne a educação transformadora.

É ressaltado ainda que com a militarização há um “esvaziamento dos conteúdos, o que favorece uma formação pragmática voltada aos interesses do mercado”, isso porque o discente não pode pensar de forma diferente e em momento algum será trabalhado o seu protagonismo cognoscente e tampouco sua autonomia intelectual.

Para muitos, o que a escola cívico-militar propõe como inovação não passa de um atraso pedagógico que tem como principal representante o autoritarismo, a obediência, a domesticação subalterna, a docilização, conceitos divergentes do verdadeiro educar que tem como pedra angular a cidadania crítica e participativa.

Uma escola pública tem que ter a educação como ação libertadora com suas raízes profundas na liberdade individual, na autonomia dos sujeitos, no desenvolvimento do pensamento crítico, no protagonismo cognoscente bem como no respeito as diversidades e não em uma rígida disciplina que engessa os educandos em impondo a homogeneização de ideias e comportamentos.

 

[1] https://appsindicato.org.br/professor-da-rede-publica-estadual-expoe-em-tese-de-doutorado-as-contradicoes-da-militarizacao-de-escolas-no-parana/

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