Educação, Poesia e Dor
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
A poesia é a expressão de um sentimento revelando o estado de espírito do poeta e ela abre as portas para uma cultura humanística. Interessante que por meio da poesia se trabalha o conhecimento da cultura, a conscientização, a reflexão, a apreciação e em concomitância, o alívio e o conforto ao leitor.
Veja o exemplo da poesia escrita por Arthur Henrique Balmant da Silva, que homenageou o Idoso no seu dia
Apesar de ter gente que os maltratam
Eu gosto de vocês "muitão"
Então não liguem para pessoas do mal
E continuem sendo maravilhosos cidadãos
Existem idosos que são poetas,
E tem um pensamento leve.
Também existem os idosos com idade mais avançada
E com os cabelos alvo mais que a neve…[1]
O autor da poesia acima, trocou o objeto que explicita o sentimento de doçura por um que expressa o vigor violento camuflado em uma farda de Polícia Militar.
O que era outrora um defensor e admirador de idoso, hoje é um algoz que com seu cassetete abre ferida na cabeça de uma idosa.
A tinta da impressora é trocada pelo sangue a escorrer pela cabeça de uma senhora que teve seu lar invadido de forma abrupta mediante explosão de insanidade e arbitrariedade.
Como afirmado por Freire em seu livro Pedagogia do Oprimido, publicado pela Paz e Terra em 1987, “os oprimidos, que introjetam a sombra dos opressores e seguem suas pautas, temem a liberdade, na medida em que esta, implicando a expulsão desta sombra, exigiria deles que preenchessem o vazio deixado pela expulsão com outro conteúdo - o de sua autonomia”, o que é corroborado pelo filósofo alemão Nietzsche que afirmava que “quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um monstro. E, se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.”
Como observado na poesia acima, existe um mau trato evidenciado no verso “Apesar de ter gente que os maltratam”, e para consolar o autor dizia “Eu gosto de vocês "muitão", este mesmo cidadão que entendia a dor do idoso, se transformou no mal que ele mesmo questionava.
Não pensem que foi um lapso ocorrido pelo poeta agressor na hora errada! Esta animosidade estava escondida nele e por meio da farda e a certeza da impunidade só fez aflorar o seu caráter violento.
Se alguém é capaz de agredir idosos, agredirá crianças, pessoas atípicas e imagine o que fará com um “preto de periferia”?
Tal ação nos remete ao texto Educação e o Anel de Giges[2]
Quem ler algo assim pensará que o cidadão que escreveu tal poesia é de extrema sensibilidade, captando toda a vida de uma pessoa que se doou por completo na criação de seus filhos e até mesmo netos e que hoje, faz parte de uma categoria olvidada pelo Estado.
Sim, os poetas são realmente seres sensíveis cuja a arte passa a ser a expressão de suas emoções, sentimentos e sensações e este cidadão outrora denominado pseudopoeta, não passava de um alienado que brincava com palavras, mas que hoje, suas ações jogaram por terra toda a sua hipocrisia, suas palavras explicitadas eram estéreis como era o seu respeito pela humanidade.