Educação no Combate ao Racismo
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
De acordo com Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação publicado pela Autêntica em 2007, a educação é uma palavra mágica no discurso cotidiano, e com isso ela passou a ser o elemento chave no combate a todos os males que nos afligem, sejam os males do corpo e da alma, os transtornos da ausência de sentido para a vida, as aflições de um cotidiano atormentado por exclusão social e preconceito como racismo.
O racismo realmente existe no Brasil, ora na forma camuflada com comentários maldosos porém em “tons de brincadeiras ofensivas que deixam de ser brincadeiras” e passam a ser Bullying, ora explicitamente como no caso em que hoje nosso chefe de Estado, outrora deputado federal afirmou que: “‘não corro o risco de ter uma nora negra porque meus filhos foram bem educados”.
O racismo está encoberto pela hipocrisia que é desmascarada quando se observa as estatísticas que pontuam que os negros pertencem ao grupo ético-racial mais pobre e com menor nível de escolaridade, sem contar que eles são as maiores vítimas das violências policiais.
Este preconceito racial abre feridas na sociedade, que representa um país que foi, de todo Continente Americano, o último a abolir a escravidão, tendo suas marcas no mercado de trabalho, nas desigualdades sociais, na representatividade em cargos de gestão em empresas de todos os segmentos, enfim, em todo âmbito sociocultural.
Aliás, escravidão que é mascarada pela sociedade que mesmo sob o prisma da Constituição Federal de 1998 no Art. 5º, que diz “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...)“ é uma sociedade regida por pessoas más, sem índole, sem moral e sem ética.
A situação atual do Brasil nos remete as Leis de Jim Crow nos EUA que no final do século XIX com políticas efetivadas pelos democratas conservadores (qualquer semelhança é mera coincidência) legalizava a segregação racial, estabelecendo os Black Codes.
Interessante perceber que se existe uma lei que obrigue a sociedade cumpri-la, isso implica em dizer que existe ou há ou houve um problema pertinente a esta lei, assim sendo, ela foi criada para erradicar tal mal, todavia este mal que é o racismo, se faz persistente e é explicitado na hierarquia social, nas oportunidades diferenciadas, na marginalização, enfim, no descaso com o ser humano.
Como afirmava Elza Soares com sua voz retumbante, “a carne mais barata no mercado é a carne negra” e que para um país como o Brasil, o nascer negro não pode ser uma questão de azar como aduziu certo político que foi presidente da comissão dos direitos humanos, é pastor fundamentalista, cristão e deputado federal.
Desta forma, faz-se mister que a educação seja libertadora para que deixe de existir qualquer forma de preconceito, e a lei, já que é um recurso para fazer valer a dignidade de um cidadão, seja pesada para seus infratores.