17/09/2025

Educação Na Perspectiva Inclusiva

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Nos dias 12, 13 e 14 de setembro do corrente ano, foi realizado a Feira Literária MOLIETE 2025, na Cidade de Conselheiro Lafaiete MG, e uma das atividades apresentadas no dia 13 foi uma roda de conversa intitulada Inclusão sem Ponto e Vírgula a qual a Camila Costa Pereira[1] explanou sobre a educação na perspectiva inclusiva, elucidando o olhar biomédico e social e a respectiva dicotomia entre estes olhares.

Cabe aqui o esclarecimento do que é Educação na Perspectiva Inclusiva, visto que a população em geral não tem conhecimento do que é uma escola inclusiva, já que muitos confundem escolas integradas com escolas inclusivas.

Uma obra que elucida bem as nuances da inclusão e integração é do escritor e pesquisador Reinaldo Soler, que em seu livro Educação Física Inclusiva na Escola: Em busca de uma escola plural, publicado pela Sprint em 2005 é traçada uma tabela comparando diferenças entre inclusão e integração.

Em suma Soler é enfático quando disserta que a escola inclusiva causa uma ruptura nos sistemas enquanto a escola que trabalha com integração cria concessões aos sistemas.

O pesquisador vai além, afirmando que para haver inclusão, faz-se necessário mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa e não apenas pessoas com certas especificidades tendo ali um atendimento personalizado.

A inserção de crianças em escolas inclusivas se dá de forma incondicional e traz para dentro do sistema os ditos “grupos excluídos” sem comprovação de estarem aptos ou não para desenvolver neles o sentimento de pertencimento como ocorre na integração.

            Nas escolas inclusivas, a inclusão é aplicada para todas as pessoas, valorizando a individualidade de todos e sem disfarçar as limitações já que estas são reais.

O fato é que nas falas de Soler, para uma escola ser inclusiva não necessita da presença de pessoas com e sem necessidades educacionais especiais no mesmo ambiente, basta a certeza de que todos somos diferentes e que não precisamos estigmatizar nossos alunos como especiais, normais, excepcionais, visto que somos pessoas com sentimentos, sonhos e frustrações, mas que na verdade, precisamos de um olhar mais humanizado.

Entendendo a escola na perspectiva inclusiva, cabe observar as falas de Camila Costa Pereira, quando adverte sobre a dicotomia entre o olhar biomédico e social da inclusão.

No texto dissertado por Morosini (2021)[2], Éverton Pereira coordenador do Observatório sobre Políticas sobre Deficiência da Universidade de Brasília (UnB), é afirmado que a sociedade não está preparada ainda para incluir as pessoas com deficiência.

As falas de Éverton corroboram as de Soler quando adverte que “Elas devem estar em todos os espaços, e não em espaços exclusivamente e somente para elas”.

Para Éverton, o olhar biomédico parte do pressuposto que deficiência é sinônimo de doença, passando a ser um problema pessoal e individual, o que remete a incapacidade do sujeito, perpassando assim pela perspectiva de que apenas o corpo fala por aquele indivíduo, e isso imputa uma responsabilidade nele ou em seus familiares de cuidar do corpo visto como “anormal”, e isso é a mais horrenda forma de excluir as pessoas do meio social.

O olhar biomédico omite que deficiência é mais que uma inadaptação social de uma diversidade corporal que restringe a pessoa com corpo diferente a interagir com o seu meio.

Este mesmo olhar é visto como uma questão individual e não coletivo, subtraindo qualquer responsabilidade do Estado e/ou sociedade em se adaptar para que esta pessoa possa desenvolver em si o sentimento de pertencimento ao seu entorno.

As políticas públicas não podem só incluir, faz-se mister toda estrutura social para que as este olhar biomédico se transforme em um olhar social, rompendo barreiras atitudinais e erradicando qualquer forma de preconceito, visto que pesquisas apontadas pelo IBGE, 24% da população brasileira tem algum tipo de deficiência.

Assim sendo, que nossas escolas consigam ser inclusivas nesta perspectiva e não integracionistas com ações capacitistas.

 

[1] Camila Costa Pereira: Psicóloga ClÍnica | Escolar e Educacional. Professora Esp. em Clínica com crianças e adolescentes e Clínica, Psicanálise, Teoria e Extensão.

[2] https://radis.ensp.fiocruz.br/entrevista/inclusao-alem-do-corpo/

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