Educação, Mídia e o Poder de Manipulação das Palavras
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É sabido que as palavras têm poder e a nossa mídia sempre tendenciosa, faz muito o uso deste poder manipulador, principalmente para mascarar uma situação ou até mesmo expor de forma capciosa as suas vontades.
Pegue como exemplo reportagem do jornal O Globo que fala que o presidente Lula se reunirá com ditador árabe Mohammad bin Salman[1] e em outro momento, o nosso ex-presidente convidou o mesmo ditador para vir ao Brasil, mas pela reportagem O Globo tem como manchete “todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe [...]”, observe, são as mesmas pessoas, todavia com formas de tratamento diferenciadas com o intuito de fazer com que o leitor seja manipulado, coisa que é fácil devido a sua alienação fruto de um déficit cognitivo que tem sido o cerne de nossa educação pública.
Observe que não existe profissionalismo por esta empresa e sim, manipulação, pois foi esta mesma mídia que apoiou o golpe, que foi contra o 13º salário, com uma reportagem em uma quinta-feira no dia 26 de abril de 1962 (Nº 11 036) intitulada Considerado Desastroso Para o País um 13º Mês de Salário, e hoje é sabido e confirmado pela Agência Brasil que o pagamento do 13º salário injetará R$ 291 bilhões na economia, ou seja, nunca foi desastroso.
Neiva em sua obra Lições Aprendidas, publicado pela Editora Universidade, é enfático ao afirmar que o medo e a manipulação são deletérios para educação, e isso tem sido uma constante nesta seara, já que os professores não podem trabalhar de forma correta a autonomia do aluno e em muitos casos, são obrigados a cumprir as apostilas oferecidas por empresas de consultorias que recebem milhões para produzirem materiais obtusos ou de domínio público, quando não plagiados, fugindo ao contextos das escolas.
Pétry em seu livro Poder e Manipulação: como entender o mundo em 20 lições extraídas de O Príncipe de Maquiavel, publicado pela Faro Editorial em 2016, é na escuridão dos bastidores é onde os dramas são armados e a ganância, a inveja, o ódio e o desejo de domínio e manipulação reinam quase absolutas, porém podemos perceber que no Brasil, as coisas acontecem não na escuridão dos bastidores, elas simplesmente acontecem em todo momento e de forma explicitada.
Harari em seu livro 21 Lições para o Século 21, publicado pela Companhia das Letras em 2018 esclarece que a mente nunca está livre de manipulação, mas cabe ressaltar que a manipulação é proporcional a alienação, a falta de discernimento e cabe justamente as escolas trabalharem o conhecimento, a autonomia e o discernimento do aluno para que este não seja um número a ser somado a essa massa de indivíduos domesticados, docilizados e com alto déficit de conhecimento.
Para Pétry já citado acima, elucida que as palavras costumam nos confundir mais do que esclarecer e raras vezes revelam o que de fato está escondido dentro das pessoas. Com facilidade elas podem ser usadas para nos bajular, enganar, persuadir e manipular e a mídia faz o uso disso.
Para o autor, as palavras são usadas para defesa, dissimulação das verdadeiras intenções e para desnortear o outro do que elas realmente pensam, sentem ou desejam.
Assim sendo, cabe a educação e ao profissional desta área trabalhar o discernimento do educando para que ele possa em um momento impar se tornar um subversivo desta ação manipuladora e a melhor forma de se tornar um agente subversivo, é por meio de um conhecimento crítico e protagônico.
[1] https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/11/28/assassinato-de-jornalista-perseguicao-de-mulheres-proibicao-de-igrejas-conheca-o-ditador-arabe-com-quem-lula-ira-se-encontrar.ghtml