30/09/2025

Educação, Inteligência Artificial e Atrofia Psíquica

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Existe um adágio de que a preguiça é a mãe do progresso. Foi assim com a roda, máquina de lavar roupas e louças, elevadores, escadas rolantes, controle remoto dentre muitas outras invenções que vieram para facilitar a vida do homem e gastar menos esforços com atividades, todavia, quando se trata de Inteligência Artificial, se faz necessário usar com prudência, visto que ela pode levar a uma espécie de atrofia psíquica ou conhecida também como atrofia mental.

De acordo com a Federação dos Bancários no Estado do Paraná[1], o uso da Inteligência Artificial (IA) promete produtividade e agilidade irresistíveis, todavia acende a luz vermelha da preocupação que está relacionada a dependência excessiva dessa IA bem como suas implicações na criatividade humana e porque não afirmar, na sua criticidade e discernimento.

De acordo com Fernandes (2025)[2], “especialistas em saúde mental alertam para o risco da utilização desregulada da IA, que pode levar a uma espécie de “atrofia psíquica””, isso porque as invenções anteriores visavam reduzir o esforço físico e até mesmo tempo do usuário em algum tipo de tarefa, com isso, a tecnologia e em momento algum tirava o cidadão ou até mesmo  subtraia de seu discernimento.

Segundo a pesquisadora Fernandes (2025) o nosso cérebro é programado para economizar energia e com isso se adapta rapidamente as ferramentas que reduzem os esforços.

Dessa forma, a autora cita Renata Yamasaki, uma neuropsicóloga da Universidade Federal de São Paulo, que elucida haver um empobrecimento simbólico da produção quando é delegado a IA o processo criativo, isso porque a criatividade é um processo complexo e envolve conexão entre memórias, vivências e referências pessoais e ao se delegar tais atividades a IA, a pessoa será subtraída de todo este processo.

Para a Federação dos Bancários no Estado do Paraná, é possível o uso da IA sem que seja comprometida a criatividade e o discernimento do indivíduo, e uma das formas é por meio de uma abordagem consciente, usando esta tecnologia como provocadora de ideias e não como substituta.

Para o médico e neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, o cérebro está sofrendo um processo de involução, e a prova disso foi um experimento realizado com alunos que usam com frequência a IA.

Tal experimento comunga com as informações da AFP[3] quando fala sobre o artigo “Textos sem alma”: estudo viral analisa se os estudantes que usam ChatGPT aprendem menos.

De acordo com o artigo acima, uma professora da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos fez um mapeamento de centenas de alunos que fizeram uso inadequado da IA, e os trabalhos apresentados por eles são menos críticos.

Tanto Miguel Nicolelis quanto AFP citam o experimento feito com 54 estudantes da área de Boston que dividido em 3 grupos, tiveram que escrever redações em 20 minutos.

Ao primeiro, foi permitido o uso do ChatGPT, o segundo, a utilização de mecanismo de busca, e o terceiro, apenas as próprias ideias.

Interessante é que ao medir as atividades cerebrais dos alunos durante as sessões, foi constatado que o primeiro grupo teve resultados significativamente pior que os que utilizaram apenas as próprias ideias.

Sem contar que os eletroencefalogramas mostraram que diferentes regiões dos seus cérebros se conectavam entre si com menos frequência.

Vale ressaltar que apenas 20% dos estudantes que fizeram uso da IA conseguiram fazer citação de algum fragmento, ou seja, 80% sequer conseguiram citar o que foi escrito por eles mesmos.

Enquanto que os demais grupos, apenas 10% tiveram dificuldade de fazer as citações, o que fez parecer que o primeiro grupo se limitava ao simples copiar e colar.

Assim sendo, a ideia não está na proibição quanto ao uso da IA, mas na sua parcimônia, visto que estudos apontam que seu uso exagerado pode diminuir o pensamento crítico, o que me remete aos tempos em que lecionava a disciplina de Física e afirmava para meus alunos que para a pessoa utilizar a calculadora, ele deveria dominar pelo menos as 4 operações.

Isso porque eu tinha alunos que mal sabiam a “tabuada” o que para mim era é ainda é inadmissível para um aluno do ensino médio, assim sendo, a regra tem que ser aplicada também para o uso da IA.

 

[1] https://www.feebpr.org.br/noticia/Y1cr-o-uso-constante-de-ia-pode-causar-atrofia-mental

[2] FERNANDES, Anna Luísa Barbosa. O uso constante de IA pode causar atrofia mental. Redação C. B. Radar. Saúde. 2025. Disponível em: < https://www.correiobraziliense.com.br/cbradar/o-uso-constante-de-ia-pode-causar-atrofia-mental/>

 

[3] https://oglobo.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2025/07/03/textos-sem-alma-estudo-viral-analisa-se-os-estudantes-que-usam-chatgpt-aprendem-menos.ghtml

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