Educação: Inimiga da Convicção e Amiga da Verdade
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Este texto visa deslumbrar a importância da filosofia para o desenvolvimento da erudição bem como do discernimento que prima pela autonomia e verdade.
Friedrich Nietzsche já afirmava que a convicção é inimiga da verdade, isso porque a convicção parte de uma crença que independe de evidências, enquanto a verdade se alicerça na realidade ou fatos, podendo ser na filosofia, debatida tanto no quesito subjetividade quanto objetividade.
É importante salientar que, quando se trata de ciências, a verdade tem sua origem nas evidências e experimentações comprovadas e em contrapartida, as convicções se limitam nas influências culturais e pessoais tendo um viés emocional que diverge da verdade objetiva.
Vale salientar que a convicção limita a visão e perspectiva de mundo porque tem enraizada em si crenças que tem um forte poder alienante que ao mesmo tempo atrofia o livre pensar, o investigar e até mesmo constatar por sí próprio.
As crenças se abstêm do princípio epoché que é a suspensão de julgamentos, já que é por meio de convicções que os preconceitos são construídos.
O verdadeiro conhecimento perpassa pela dúvida e é justamente esta dúvida que te fez vislumbrar novos horizontes, em virtude disso Aristóteles afirmava que a dúvida é o início da sabedoria.
Outro filósofo que vê a dúvida com causa primária do conhecimento é Descartes, pois para ele, a dúvida se trata de uma inquietação que procura ser apaziguada e não implica na ausência do conhecimento, pelo contrário, ela instaura uma investigação metafísica da qual fará surgir a fundação do critério de verdade, fugindo as crendices e as convicções, respaldando assim sempre na verdade.
Para descartes a dúvida é uma forma de se chegar a certeza e o questionamento é uma forma de encontrar uma base indubitável e a única coisa que não pode ser posta em dúvida é a nossa própria existência como ser pensante.
É justamente neste ser pensante que a educação deve agir, já que ela deveria se abster das convicções e se embasar sempre na verdade pois para Platão ela é imutável e válida em todas as circunstâncias, o que é corroborado por Aristóteles quando afirma que ela é a manifestação da própria realidade, o que a torna universal.
Essa mesma educação deveria buscar o método dialético desenvolvido pelo filósofo Sócrates que buscava a verdade por meio de perguntas e diálogos, pois acreditava-se que o verdadeiro conhecimento é oriundo da introspecção e do questionamento constante, desafiando as suposições dos outros, o que converge com as ideias freirianas, já que Paulo Freire via na educação uma forma de buscar a verdade por meio do diálogo e conscientização crítica, fazendo com que o educando se subtraia de qualquer forma alienante e uma maneira disso ocorrer é fugindo da educação bancária, já que ela é um processo colaborativo entre docentes x discentes que co-criam conhecimento que promoverá a transformação social.