17/07/2025

Educação Infantil e os Desafios da Tecnologia: Um Olhar Contemporâneo

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Andressa Norberto Franquin

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia com Enfase em AEE. Primavera do Leste, MT.

Adriana da Silva Barros

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Series Iniciais. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.

Cynara Gonçalves Santos

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docencia em Educacao Infantil. Primavera do Leste, MT.

Ines Preuss da Rocha

Magisterio. Primavera do Leste, MT.

Rosei Pereira da Silva

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional. Especialista em Ed. Infantil, Alfabetizaçao e Letramento.  Primavera do Leste, MT.

 


      A educação infantil, enquanto primeira etapa da educação básica, desempenha um papel essencial no desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças. Nos últimos anos, com o avanço exponencial das tecnologias digitais, surgem novos desafios e possibilidades no contexto pedagógico. A presença de dispositivos eletrônicos, plataformas digitais e mídias sociais tem modificado a forma como as crianças interagem com o mundo, levantando questionamentos sobre os limites, benefícios e riscos do uso da tecnologia na primeira infância.

      De um lado, a tecnologia pode ser uma aliada poderosa para enriquecer o processo educativo, desde que mediada adequadamente por educadores e familiares. De acordo com Papert (1980), pioneiro no uso de computadores na educação, as tecnologias digitais oferecem um ambiente fértil para o desenvolvimento do pensamento construtivista, no qual a criança aprende ao explorar, criar e interagir. A partir dessa perspectiva, recursos como jogos educativos, aplicativos interativos e plataformas de leitura digital podem estimular habilidades cognitivas, promover a alfabetização inicial e desenvolver a criatividade.

      Por outro lado, estudiosos como Postman (1994) alertam para os efeitos negativos da exposição precoce e descontrolada às telas. Entre os riscos estão o comprometimento da atenção, o atraso no desenvolvimento da linguagem oral, o sedentarismo e a redução do tempo destinado a interações sociais e brincadeiras físicas — fundamentais para a formação integral da criança. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2019) recomenda que crianças de 2 a 5 anos não ultrapassem uma hora de exposição diária a telas, enfatizando a importância do uso ativo, supervisionado e educativo dessas tecnologias.

      No contexto brasileiro, o uso da tecnologia na educação infantil tem sido marcado por desigualdades de acesso e por limitações na formação dos profissionais. Segundo o Censo Escolar (INEP, 2020), embora muitas instituições possuam equipamentos digitais, nem sempre há estrutura adequada ou capacitação dos educadores para utilizá-los de forma pedagógica e crítica. Além disso, a pandemia de COVID-19 revelou tanto a importância das ferramentas digitais para a continuidade do ensino quanto as fragilidades do sistema educativo diante da exclusão digital.

      Diante disso, é essencial repensar o papel da tecnologia na educação infantil, não como substituta da mediação humana, mas como recurso complementar ao processo de ensino-aprendizagem. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017) reconhece a importância da cultura digital como um dos direitos de aprendizagem, mas ressalta que o brincar, o convívio, a escuta e a expressão são eixos fundamentais da infância que não devem ser substituídos por experiências exclusivamente virtuais.

      Conclui-se que os desafios da tecnologia na educação infantil exigem uma abordagem crítica, equilibrada e contextualizada. É papel da escola, em parceria com a família, promover uma educação que incorpore os recursos digitais de forma ética, criativa e pedagógica, sem negligenciar os aspectos fundamentais do desenvolvimento infantil.


Referências

  • BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.

  • INEP. Censo Escolar da Educação Básica 2020. Brasília: MEC, 2020.

  • OMS. Diretrizes para atividade física, comportamento sedentário e sono em crianças menores de 5 anos. Organização Mundial da Saúde, 2019.

  • PAPERT, Seymour. Mindstorms: Children, Computers, and Powerful Ideas. New York: Basic Books, 1980.

  • POSTMAN, Neil. Tecnopólio: A rendição da cultura à tecnologia. São Paulo: Nobel, 1994.

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