Educação Financeira
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
A educação financeira tem sido o tendão de Aquiles para muitos brasileiros, assim sendo, a nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular) a inseriu entre os seus temas transversais.
Esta aprendizagem se faz de suma importância por desenvolver em nossos educandos, competências e habilidades necessárias para lidarem com decisões financeiras que deverão ser tomadas ao longo de suas vidas.
De acordo com Annunciato, em seu texto intitulado BNCC inclui Educação financeira em Matemática, disponível no site da Nova Escola[1], existe uma diferença entre matemática financeira e educação financeira.
Na primeira, se baseia em conhecimentos matemáticos em um contexto ligado a dinheiro (como porcentagens e juros), e a educação financeira está ligado à formação de comportamentos do educando em relação às finanças, ou seja, a educação financeira tem o seu cerne em desenvolver a capacidade do educando de poder ter um planejamento de sua vida, sua família e consequentemente, tomar boas decisões financeiras. Observe que ela não se limita apenas a cálculos.
Vale a pena ressaltar na fala do autor que a educação financeira não se limita apenas a disciplina de matemática, isso faz com que ela seja transdisciplinar, isto é, em um conteúdo de história, pode-se trabalhar o estudo do dinheiro e a sua função na sociedade, fazendo uma linha do tempo entre a permuta, a moeda e a relação entre dinheiro e tempo, dos impostos nos diversos tipos de sociedade, bem como consumo em diferentes contextos históricos e estratégias atuais de marketing.
Um outro exemplo da história que se pode usar para o educando ter noção de imposto e educação financeira está nas falas de Burke e Ornstein, no livro O presente do Fazedor de Machados - Os dois gumes da história da cultura humana, publicado pela Bertrand Brasil em 1998. Segundo os autores, para aumentar as rendas, as autoridades das igrejas introduziram um imposto religioso, o dízimo (décimo), inspirado nas leis do Velho Testamento e autorizado pela primeira vez pelo rei carolíngio Pepino, o Breve (741 – 68), e que determinava que todos (exceto os que fossem isentos pelo papa, como as ordens religiosas) pagassem um décimo de suas rendas à igreja local onde recebiam o sacramento. Este, o primeiro imposto universal da história européia, ajudou enormemente um papado desesperadamente carente de ajuda financeira.
Dito isso, pode-se observar que a educação financeira pode englobar vários assuntos no dia a dia do aluno, por isso se faz importante para que o mesmo em idade adulta possa ter discernimento e poder gerar de forma saudável suas próprias finanças.
Assim como acontece com a disciplina de história, pode-se trabalhar também Língua Portuguesa, Arte, Língua Inglesa, Geografia, etc..
Observe assim como é interessante o ensino da educação financeira, e pode-se levar em consideração também que futuramente poderia surtir um efeito positivo na economia brasileira, já que o Brasil, segundo pesquisa do Serasa, em julho de 2020 registrou 63,5 milhões de brasileiros inadimplentes.
É obvio que este inadimplência tem um impacto negativo na economia brasileira, entretanto com o aluno tendo a disciplina de educação financeira, esta inadimplência ao ser comparada com a realidade de hoje, tenderá a ser minimizada, o que não comprometerá tanto a economia e tampouco a do próprio cidadão.
Outro fator importante é o educando entender a ideia da lei de oferta e demanda, ou seja, a lei de oferta quantifica a totalidade de um produto ou serviço para compra, em contrapartida, a lei da demanda, quantifica a totalidade de um produto ou serviço que os consumidores estão dispostos a comprar. Assim sendo, quando a oferta é maior que a demanda os preços tendem a cair, em contrapartida, quando a demanda é maior que oferta, os preços dos produtos tendem a ser altos. Obviamente existem outras variáveis que poderão influenciar esta lei, mas o básico se resume nisso.
Interessante perceber que os educandos sairão da escola com uma melhor consciência financeira e em concomitância, terão consciência de como empregar melhor o seu dinheiro e tornar-se-ão consumidores mais conscientes.
Precisamos perceber que a educação pode ser vista como um terreno rico e muito fértil, e tudo que se plantar com amor nesta seara, poder-se-á ter a certeza que a colheita será promissora e doce.
[1] Para mais informações vide https://novaescola.org.br/conteudo/9798/bncc-inclui-educacao-financeira-em-matematica