14/03/2025

Educação Elucidando o Tradwife

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

A sensação do momento são influenciadoras extremistas de direita, com suas centenas de milhares de seguidores, levantarem a bandeira de tradwife, a famosa esposa bela, recatada e do lar, tudo isso com um toque de glamour, exaltando a vida de dona de casa, sendo que tradwife tem o seu contexto de esposas tradicionais.

A esposa tradicional para muitos é aquela que aceita ser estuprada pelo marido, já que é obrigação da mulher ter relações a hora que seu marido quiser. É aquela mesma que ao ser agredida e ir à igreja, ouve do seu pastor a fala de que é para orar por ele, enfim, é a mulher submissa, desvalorizada, subjugada e que vai na contramão das conquistas e direitos das mulheres até hoje.

Quando uma mulher propaga esta imbecilidade de tradwife, ela está sendo favorável ao retrocesso, sendo contrária ao direito das meninas frequentarem a escola, isso porque até a educação básica era negada as mulheres e esta conquista veio apenas em 1827, isso quer dizer que naquela épocas as mulheres tinham que se sujeitar a todos os tipos de mal tratos e oferecer sua completa servidão.

Hoje temos um mercado de trabalho repleto de excelentes profissionais do sexo feminino, e ser favorável ao Tradwife é descartar as conquistas para uma formação superior que foi conseguida apenas em 1879.

É também excluir a mulher de qualquer ideia política, afinal de contas, mulher não pode ser politizada, já que apenas em 1910 que foi criado o primeiro partido político feminino, conhecido como Partido Republicano Feminino que deu força para a defesa ao voto feminino e emancipação das mulheres na sociedade, e essa conquista teve o seu resultado em 1932 com o direito do voto feminino.

O tradwife ignora o Estatuto da Mulher Casada, em 2 de agosto pela Lei nº 4.212/1962, que declara que a mulher não necessita a autorização do marido para trabalhar; passa a ter direito à herança e a chance de pedir a guarda dos filhos, mas claro, uma mulher bela, recatada e do lar, não pode trabalhar e sequer pensar em se separar.

Afinal de contas, para estas influenciadoras extremistas, as mulheres sequer precisam de crédito, direito conquistado em 1974, conhecido pela Lei de Igualdade de oportunidade de crédito, já que antes, era cedido apenas aos homens.

Separação, nem pensar... “o que Deus uniu o homem não separa”! E assim vai aumentando exponencialmente o número de feminicídios, já que este direito foi conquistado em 1977 por meio da Lei nº 6.515/1977, que livra a mulher de um casamento infeliz e abusivo, e entrará em desuso, claro, com pensamentos como destas influenciadoras, mulheres sequer poderão praticar esporte, direito este conquistado em 1979 pelo Decreto da Era Vargas, e se fosse assim, o Brasil não teria conquistado 12 medalhas, sendo 5 a mais que os homens.

Infelizmente esta palavra tradwife traz inserida em si, todos os absurdos que uma mulher se sujeita a aceitar pelo título de bela esposa, recatada e do lar e descarta inclusive a DEM (Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher) como forma de reprimir violências doméstica e sexual bem como resguardar a dignidade e integridade da mulher, mas pelo uso da tradwife a mulher não precisa de dignidade.

E como se não bastasse, a Lei nº 13.104/2015 deixa de valer, já que ela coloca o feminicídio como crime de homicídio qualificado, o que outrora usava-se o argumento de honra masculina para justificar as barbáries.

O lado bom no tradwife é que não haveria importunação sexual feminina no trabalho, já que todas estariam em casa cuidando de seus maridos violentos, bêbados e covardes, o que não justificaria mais a Lei nº 13.718/2018.

O triste de tudo isso são mulheres defenderem ideias assim, sendo que as influenciadoras têm as suas vidas próprias, autônomas e pregam completa submissão. Muita hipocrisia por parte destas extremistas e falta de consciência por parte das mulheres que acatam tais ideias.

O fato é que graças a educação, as mulheres ganham cada vez mais força para a completa isonomia, lembrando que mais da metade da população do mundo são mulheres e a outra metade, são os filhos delas, assim sendo, que pensamentos desta natureza sejam todos rechaçados e pessoas que pensam assim, sejam completamente ignoradas.

Que nossas mulheres que têm pelo menos um pouco de discernimento, lembrem-se de nunca votar em pessoas que defendem este pensamento, seja homem ou mulher, isso porque tradwife é a contramão de todas as conquistas e um “tiro” na dignidade feminina.

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