16/08/2022

Educação: Elucidando O Pequeno Príncipe

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

O livro O Pequeno Príncipe de Antoine de Saint-Exupéry, começa com a criança imaginando uma jibóia comendo um elefante e fazendo o desenho deste ato, visto que isso se deu, devido a uma ilustração no livro de Histórias vividas sobre a floresta virgem, e nesta, uma jibóia come sem mastigar uma fera. 
O desenho feito pela criança, é interpretado erroneamente pelos adultos que deixaram de pensar como ela, furtando ali, o momento mágico da infância, já que a adultização o impede de pensar como criança com a criança, e o mais importante para ela naquele momento, é ser justamente infantil.
Dito isso, fazendo uma recontextualização desta magnífica obra, podemos perceber a sua relevância em nossa vida cotidiana, seja ela social, política, afetiva e profissional.
Observe a fala do Pequeno Príncipe ao dizer “vivi, portanto, só, sem alguém com quem pudesse realmente conversar”, e com base nestas falas, quantas crianças encontram-se abandonadas nas ruas, sem famílias, sem alguém para conversar, jogadas a sorte? Isso é um problema social que se arrasta a séculos, e segundo Carvalho, as crianças no Brasil são abandonadas desde o século XVIII, e é uma situação que se perpetua, e um dos principais motivos é a miséria, o que é corroborado por Garcia ao pontuar que em 2021, o país tinha 4,4 milhões de crianças em situação de extrema pobreza, o que representa 11,5% das crianças de zero a 13 anos de idade, e convertendo isso para números ao dia, pode-se afirmar nas falas de Garcia que 8 crianças são abandonadas por dia e acolhidas em abrigos no Brasil, ou seja, são abandonadas por quem tinha obrigação e dever moral de ampará-las.
Observe, a leitura desta obra O Pequeno Príncipe é um momento singular para o educador desenvolver em seus educandos o senso crítico, a imaginação e até mesmo o protagonismo cognoscente e transformador.
Assim sendo, dando continuidade a obra, ele em sua pureza esclarece: As pessoas grandes adoram números. Se dizemos às pessoas grandes: “Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, com gerânios na janela e pombas no telhado....” elas não conseguem imaginar essa casa. É preciso dizer-lhes: “Vi uma casa de seiscentos mil reais”. Então elas exclamam: “Que beleza!”.
Isso nos remete ao consumismo e não ao belo, aliás, o belo para nós não está na simplicidade das coisas que tem no valor singular, mas no seu preço, ou seja, quanto mais caro for, mais belo será, todavia esta beleza passa a ser efêmera. 
Quantas vezes nos preocupamos em ter um celular de última geração e perdermos tempo precioso nas redes sociais postando “selfies” de pessoas que não somos, privando nossos filhos de nossa atenção e nosso carinho?
O texto também mostra a importância da resiliência que é a capacidade de se adaptar às situações difíceis, e neste caso, é bem representada pela fala: “É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas!”.
Dando continuidade a esta seara, perpassamos assim pela política e pela filosofia com as falas de um simples rei, quando este afirma que “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar. A autoridade se fundamenta na razão”, e, seguida, depois de alguma conversa com o Pequeno Príncipe, ela informa que “Tu julgarás a ti mesmo. É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio”.
Cabe aqui ressaltar as sábias palavras deste rei, palavras estas que nos remete a área da psicologia quando trabalha a teoria da projeção e da filosofia em questionar o autoconhecimento. 
Interessante perceber que a vaidade também faz parte de um de seus personagens, e pessoas vaidosas, a nossa sociedade tem aos montes, e são estas representadas por egoístas e egocentristas, pois como elucidado pelo Pequeno Príncipe, os vaidosos só ouvem os elogios”, e para ver se existe exagero nesta fala, faça uma pergunta retórica: “quem gosta de ouvir uma crítica?”
Poderíamos desenvolver várias laudas para uma análise mais completa e em concomitância, uma reflexão mais efetiva, todavia, o mais importante para nós educadores, é nos fazermos responsáveis por nossos alunos, alunos estes que cativamos todos os dias, pois nos tornamos “eternamente responsáveis por aquilo que cativas”, e precisamos dar graças por enxergarmos além dos olhos e buscar o melhor para nossos educandos, como disse o Pequeno Príncipe “os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração”, assim, busquemos tendo sempre o coração como bússola.

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