04/07/2022

Educação e Transformação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

De todas as definições concebidas para a educação, a mais relevante está relacionada ao seu poder de transformação, dito isso, a educação tem que instigar o devir no educando, para que este possa se tornar a mudança que deseja no mundo.
Em relação a mudança, tivemos dois educadores que tiveram suas vidas totalmente comprometidas com o processo educativo, e estes são as verdadeiras mentes brilhantes, ícones a nos representar em relação a educação.
Ambos, sofreram e/ou sofrem críticas questionamentos quanto a seus legados, por néscios, e/ou pseudointelectuais, e/ou pseudoeducadores.
O primeiro, não por ordem de importância, já que estes pensadores/educadores são verdadeiros gigantes na seara educacional, foi conhecido pelo nome de Darcy Ribeiro que dentre muitos trabalhos efetivados por ele, defendeu a identidade cultural e área da antropologia, aprofundando-se na análise das comunidades indígenas, prestando serviços como indigenista focando a proteção dos índios, cidadãos estes que na atual conjuntura política, são colocados as margens da sociedadepor nosso Chefe de Estado que faz um desserviço ao afirmar com toda sua falta de humanidade que “cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós”.
Pode-se perceber que falas assim pontuam e justificam massacres ao povo indígena, povo este que outrora fora explorado, humilhado e quase exterminado.
Outra mente brilhante que hoje é considerado nosso patrono da educação, é Paulo Freire, educador que lutou por uma pedagogia crítica e que compreendia que o sujeito aprende para se humanizar.
Uma de suas obras mais importante e conhecida mundialmente é a sua obra “Pedagogia do Oprimido”, que foi proibida pela ditadura militar, ditadura esta que sufocou, calou, torturou, expulsou e assassinou pessoas que lutavam por um livre pensar e pela democracia.
Paulo Freire foi realmente um grande pensador e uma de suas falas mais pertinentes está no dizer que “eu vivo para que a justiça social venha antes da caridade.”
Pode-se perceber que tal fala corrobora com seu legado, baseando-se na afirmação de que temos que trabalhar os seres humanos como pessoas e não coisas.
Freire acreditava na emancipação individual e nadesalienação do educando por meio de uma criticidade e de um protagonismo social.
Hoje, podemos observar que os legados de Darcy Ribeiro e Paulo Freire são ignorados e desconstruídos com o intuito de aumentar a massa de manobra e em concomitância, o contingente de pessoas domesticadas subalternas e docilizadas, por meio da ignorância e da alienação, impostos por nosso sistema educacional que por questões políticas perdeu-se na corrupção, no relativismo de valores, cujo o desvio de caráter passa a ser o denominador comum.
A educação transformadora não deixa com que crimes estimulados pelo ódio, intolerância, preconceito e a certeza da impunidade, sejam corriqueiros e banalizados.
Cabe pontuar que tais crimes têm grupos em comuns como negros que são hostilizados, presos ou assassinados por falsos reconhecimentos, indígenas ou indigenistas que são extirpados da sociedade pela ganância dos garimpeiros, e travestis que são cruelmente assassinados por motivo de preconceitos.
Vale ressaltar que o ódio é o meio que alguns brasileiros encontraram para mostrar o que nossa horrenda política deixou transparecer, já que a máscara da hipocrisia não é mais usada, destacando de uma vez por todas, o verdadeiro caráter do cidadão que tem como lema “Deus, família e pátria”.
Como fato, temos dados estatísticos de que, somente este ano, levando em consideração que acabamos de entrar no segundo semestre de 2022, houve um aumento de 33% de mortes violentas relacionadas as comunidades LGBTQUAPN+.
A banalização de qualquer crime cometido com o nosso próximo, seja ele pertencente ou não a algum grupo excluído pela sociedade elitista, representa a falta de humanismo de nossa sociedade e o nosso asco pela atual política bem como por nossos políticos.
Dito isso, pode-se observar que pensamentos de Darcy Ribeiro e Paulo Freire se fazem veementes e relevantes nos dias atuais, ressaltando que ambos foram personagens com visões não delimitadas pelo tempo, já que a nossa realidade está sendo delineada pela mentira e pelo ódio que roubam toda a dignidade e perspectiva de seu povo.
Assim sendo, que nós educadores não percamos o sonho e a ideologia destas mentes brilhantes, e que consigamos através da união, desenvolver todo potencial de nossos educandos, respeitando suas especificidades e desenvolvendo o máximo que nos for permitido, para desenvolver nestes educandos o protagonismo cognoscente e a verdadeira transformação

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