16/02/2022

Educação e seu Papel Político

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

 

Como ressaltado por mim no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, a educação não tem como ser desvencilhada da política, o que é corroborado por Rios em seu livro Ética e Competência, publicado pela Cortez em 1993 ao pontuar que não há vida social que não seja política, o que é acrescentado por Ribeiro em seu livro Política: quem manda, por que manda e como manda, publicado pela Nova Fronteira em 1998, quando aduz que a educação, tanto a doméstica quanto a pública, é também uma formação política.

Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, complementa que um homem educado é um homem livre, e toda liberdade prescinde da tutela, seja ela ideológica, política e/ou religiosa.

Rios, afirma que a escola cumpre a sua missão política quando em sua prática educativa, prepara o cidadão para a compreensão da totalidade social onde se encontra inserido e não quando se elabora em seu interior um discurso sobre política.

Para que haja uma politização em nossos educandos sem perpassar pela doutrinação, faz-se necessário conhecimento de história e sua contextualização.

A politização se faz necessária para que o aluno possa exercer sua cidadania e votar com consciência, pontuando sempre a ética e a coletividade, pois quando se vota em um mau político, o risco de um retrocesso e uma decadência social são iminentes.

O mal político jamais visa o seu povo, ou seja, o coletivo, e suas ações nefastas são tomadas para prestigiar uma classe elitizada e esmagadora. Desta forma, ações como aposentadoria das pessoas, elevando a idade para que a mesmaspossam se aposentar já com idade bem avançada, sem perceber que a repercussão desta ação terá alavancado um problema social, já que empresas dispensarão seus empregados com idade avançada e estes não conseguirão empregos devido à idade, o que aumentará o número de desempregados e consequentemente elevará o nível de miseráveis em nosso país.

Quando se vota de forma alienada, corre-se o risco de sofrer com ações perniciosas em relação a tomadas de decisões ligadas ao uso de agrotóxicos, pois só nesta gestão, houve mais de mil licenças quanto ao uso de veneno agrícola. É sabido que o aumento de seu uso deixa um rastro de doenças e mortes pelo Brasil[1], e isso ressalta a condescendência do governo com os produtores e o descaso com o seu povo. Cabe aqui uma ressalva que muitos destes agrotóxicos são proibidos na Europa e em outros países por serem altamente cancerígenos.

Um político mal escolhido reflete o seu mandato na indiferença em relação ao meio ambiente, favorecendo assim o desmatamento beneficiando latifundiários e produtores agrícolas, que em apenas 5 meses, foram desmatados mais de 1000 Km2, equivalendo a algumas Dinamarcas.

É sabido que a pesquisa científica alavanca a evolução da sociedade e minimiza problemas sociais, todavia, esta seara foi totalmente sabotada e sucateada, assim como a educação pública, o que terá um reflexo negativo sem precedentes.

Ser político é ser estadista e um bom estadista não mede o mundo pela sua pequenez como pessoa limitada por seus preconceitos e limitações cognitivas.

O bom estadista foca no coletivo e jamais cortaria medicamentos do SUS e tampouco extinguiria o departamento da AIDS, referência mundial outrora em relação ao controle da doença, e também não instigaria o massacre nas aldeias indígenas beneficiando produtores rurais e latifundiários, e muito menos, faria apologia a homofobia, ao racismo, fascismo, xenofobia, misoginia, enfim, um político assim, enaltece tudo que há de horrendo no ser humano.

Assim sendo, pode-se perceber que o quão despreparada estáa população em relação a suas escolhas políticas.

É sabido que um cidadão despolitizado é de fácil manipulação e alienação, e cabe a educação preparar toda uma geração para que ao exercer a sua cidadania, e que esta possa usar o poder do discernimento bem como observar os comportamentos de seus escolhidos.

Um cidadão politizado é um país rumo ao progresso tendo a dignidade de seu povo sobressaltada.

 

[1] Para mais informações vide http://www.cesteh.ensp.fiocruz.br/noticias/agrotoxicos-deixam-um-rastro-de-doencas-e-mortes-pelo-brasil

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