13/10/2022

Educação e os Tipos de Sociedade

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Pode-se afirmar que a educação transforma a sociedade, e quanto a isso, Brandão em sua obra O que é educação, publicado pela Brasiliense em 2002 elucida que ela ajuda a pensar tipos de homens, e mais ainda, ela ajuda também a criá-los.
Para o autor, a educação desempenha um auxílio “na construção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. Esta é a sua força”.
Partindo da afirmação acima, no livro Educação um Ato Político, publicado pela Autografia em 2019, afirmo que a educação segue três tendências, sendo redenção da sociedade, reprodução da sociedade e transformação da sociedade, e como a educação tem o seu poder transformador, que possamos então, transformar nossa sociedade transformando as pessoas, fazendo-as mais humanizadas e com mais coletividade.
Dito isso, faz-se mister observar que a atual conjuntura tem criado não transformações, mas reforçado marcos civilizatórios, no qual divergem da nossa Constituição Federal quando pontua no Artigo 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”, todavia não é isso que temos presenciado.
Estamos em um país que o homem de cor branca tem mais direitos que um homem de cor preta, muito ressaltado no racismo estrutural que se baseia na segregação camuflada de hipocrisia.
Um homem no mercado de trabalho tem mais valor que uma mulher que executa a mesma função e obviamente isso é explicitado pela misoginia.
Vale ressaltar que pessoas que moram em periferias e/ou as maiorias excluídas da sociedade sofrem como descaso como falta de políticas públicas e corte nos orçamentos que seriam para atendimento nas classes menos favorecidas, como por exemplo cortes de 60% da farmácia popular, 95% dos recursos para habitação, 45% dos recursos para tratamento de câncer, 99% de ações do Orçamento Mulher que trabalha também com políticas de igualdade e enfrentamento à violência contra as mulheres.
A educação tem falhado em várias de suas funções sendo uma delas tornar o indivíduo mais consciente de suas raízes, pois é justamente este indivíduo que perdeu por completo o conceito de classe e o coletivismo social.
Como ressaltado no livro Educação uma questão de politizar, publicado pela Ícone em 2022, é afirmado por mim que o simples calar pode ser tão prejudicial quanto o ato de falar.
Dito isso, que nós educadores tenhamos como prisma a consciência de classe e o compromisso social, fatores importantes para um bom entendimento e desenvolvimento de consciência política, para assim, transformarmos a sociedade, já que cabe a educação o não aprisionamento ou tampouco a dependência de seu educando, mas sim, a sua libertação, a sua plenitude cognoscente protagônica e cidadania, fugindo desta forma a qualquer pensamento fragmentado, descontextualizado que implique na domesticação subalterna.
Não obstante, que nossa educação seja para a redenção de uma sociedade injusta e não  para reprodução de uma sociedade na qual prevalece o ódio, a intolerância e as mentiras.
Que possamos trabalhar para uma educação que transforme o cidadão e em concomitância, o seu entorno, isto porque o professor é um agente de transformação e não transmissor de informação muitas vezes estéril e manipulada.
Destarte, que possamos dar um fim nos marcos civilizatórios e fazer valer a nossa maior Lei que é a Constituição de 1998, onde todos somos iguais.

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