Educação e os Influenciadores Virtuais
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Você não tem que queimar livros para destruir uma cultura. Apenas levar as pessoas a parar de lê-los, isso foi uma famosa frase dita pelo renomado Ray Bradbury, escritor e roteirista norte-americano. Vale lembrar que ele é um dos mais celebrados escritores dos séculos XX e XXI, com publicações de vários gêneros literários como ficção científica, horror e fantasia.
Hodiernamente existe uma outra variável para a destruição da cultura, que é chamada de influencer ou influenciador, que faz um “serviço de desinformação a seus seguidores” que em sua maioria é formado por jovens.
Certos influenciadores representam o fracasso da educação pública, pois não se atém a fatos, e sim, a meras opiniões pré-concebidas, instigando a uma inércia cognitiva e reforçando dados estatísticos pontuados pelo G1 ao afirmar que 67% dos estudantes de 15 anos no Brasil não sabem diferenciar fatos de opiniões[1].
Claro que tal situação supracitada tem um agravante ressaltado por uma pesquisa realizada pelo IBGE ao revelar que 9 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais não sabem ler ou escrever[2], e obviamente apresentam um déficit cognitivo em discernir um fato de uma opinião.
O problema é que pessoas aproveitam de sua popularidade para se autodenominar influenciador, e em concomitância, encontramos verdadeiras aberrações influenciando negativamente nossos jovens.
Tais aberrações são formadas por pessoas vis, incultas, preconceituosas, iletradas com ideologias neofascistas, enfim, tudo que uma sociedade estruturada na ética abomina, e o pior, muitas aberrações aproveitam de sua popularidade para se projetarem no meio político com bastante aceitação o que complica ainda mais a realidade brasileira.
A seara se tornou tão fértil que de acordo com pesquisa apresentada pela Veja, o Brasil é hoje o país dos influenciadores digitais, e eles “determinam como agem e pensam milhões de pessoas e, diante da indiferença das autoridades, ajudam a espalhar banalidades — apesar das boas exceções”, o problema é que são poucas exceções e muitas banalidades se tornando “verdades inquestionáveis” [3]
Há pouco tempo, tivemos um influenciador dizendo que a cidade do Rio de Janeiro era a capital do Brasil, em seguida, ele se corrigiu dizendo ser São Paulo.
Tivemos influenciador defendendo partido nazista, ostentando gastos em cartão com R$ 377 mil, defendendo o terraplanismo, a teoria da terra oca dentre outras estultices.
Cabe a nós professores instigarmos nossos alunos a serem mais críticos, a lerem mais, e pesquisarem mais, mas vale lembrar que as pesquisas devem ser em fontes fidedignas, pois já dizia Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, publicado pela Paz e Terra, “Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo me educo e educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço”.
Será por meio da leitura e da pesquisa que conseguiremos fazer com que nossos jovens saiam desta Caverna de Platão criada pelos Influenciadores.
[1] https://g1.globo.com/educacao/noticia/2021/05/06/67percent-dos-estudantes-de-15-anos-do-brasil-nao-sabem-diferenciar-fatos-de-opinioes-afirma-relatorio-da-ocde.ghtml
[2] https://indigo.org.br/ibge-revela-que-96-milhoes-de-brasileiros-com-15-anos-ou-mais-nao-sabem-ler-ou-escrever/R
[3] https://veja.abril.com.br/comportamento/pesquisa-revela-que-o-brasil-e-o-pais-dos-influenciadores-digitais