Educação e o Poder Manipulador da Religião
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Falar de religião não é um ato de ceticismo e sim uma análise do quão manipuladora algumas religiões tem sido, principalmente em nosso contexto político.
Karl Marx já dizia que a “religião é o ópio do povo” e esta fala era uma crítica ao papel da religião na sociedade, já que ela tem para muitos um papel entorpecente e/ou analgésico que serve como consolo a um povo que vive sob uma miséria imposta e uma opressão dissimulada pelo sistema elitizado.
Baudelot em sua obra A sociologia da Educação: Para que?, publicado pela Loyola 2006, é esclarecedor ao afirmar que a tarefa moral de um professor na França está em ensinar uma moral laica e racionalista, isto é, uma moral desembaraçada de toda religião, e o autor supracitado, corrobora suas falas com o sociólogo Durkheim quando diz que a moral laica deveria ser definitivamente autônoma.
Dito isso, Souza em seu livro Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica, 2007, é enfático ao afirmar que autonomia significa que as pessoas devem ser aptas a pensar por si mesmas, sem tutela religiosa ou ideológica, o que ele chama de autonomia intelectual, agindo em concomitância no espaço público como cidadãos ativos perante um contrato social.
O autor complementa com Rouanet (1993) quando aduz que importante para que isso ocorra é criticar a religião, que é o fator principal da paralisação da inteligência.
Eunice Kathleen Waymon, conhecida como Nina Simone, ativista pelos direitos civis dos negros norte-americanos, foi pontual ao afirmar que “eles construíram o paraíso deles na sua terra e estão dizendo que o seu paraíso está no céu”, veja o poder manipulador dos lideres religiosos que subtraem toda a criticidade de seus fieis que são como ovelhas tendo seus pastores a direcioná-las para onde, como e quando quiserem.
Harari em sua obra Sapiens - Uma Breve História da Humanidade, publicada pela L&PM, 2016, é esclarecedor quando ressalta a intolerância das pessoas principalmente no quesito religião, pois ela é uma das causas de extermínios de outros grupos e tivemos e temos vários exemplos quanto a isso.
O pesquisador acrescente que nos dias atuais, é a religião é considerada uma fonte de discriminação, desavença, desunião, coisa que em um passado remoto, foi a terceira maior unificadora da humanidade, junto com dinheiro e impérios.
O fato é que ela exerce uma significativa influência, principalmente para os alienados que vêm nela o consolo para suas dores e angústias, binômio em que oportunistas aproveitam para uma manipulação mais efetiva de seus seguidores.
A palavra religião vem do latim religare, isto é religar a Deus e isso é um estado que não se limita a templos ou representantes religiosos que são vistos como mediadores diretos de Deus.
A religião é uma seara fértil para falastrões que enriquecem com a miséria de seu povo, além de pregarem intolerância e fazerem más interpretações do “livro sagrado”, a palavra de Deus que prega o ódio, o preconceito e a soberba.
Assim sendo, realmente a religião tem que ser vista como ópio da humanidade que está carente de amor, respeito, tolerância, caridade, discernimento e amor próprio.