Educação e o Pensamento Reverso
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Não precisamos conversar com especialistas em educação para percebermos que não foi possível equacionar a qualidade da educação pública com o aumento de dias letivos, visto que em tempos remotos, tínhamos menos dias letivos, porém a educação era mais consistente e efetiva.
Pode-se constatar que o sistema educacional hoje permite uma leviandade em seu processo, ou seja, existe uma permissividade com a negligência no processo educacional em si e infelizmente tem como agravante a negligência da família.
Dito isso é comum perceber que a família cobra da escola responsabilidades que caberiam a ela mesma assumir, todavia, a escola ao agregar também estas responsabilidades, acaba colocando em segundo plano o processo ensino-aprendizagem, já que o adágio popular é bem esclarecedor ao afirmar que “escola ensina e família educa”.
Assim sendo, cabe a nós profissionais da educação entendermos sobre pensamento reverso e fazer uso dele no processo ensino-aprendizagem.
Existe uma metáfora explicando o pensamento reverso que é sobre um lago de pesca aberto por um empreendedor, e neste empreendimento existe um diferencial competitivo em relação aos “pesque pague” da região que uma taxa de R$ 12,00 para pescar e caso o cliente não pesque nada, ele nunca sairá sem levar nada para casa, ou seja, a promoção é que caso isso ocorra, o cliente retornará a seu lar com um frango de graça.
Este diferencial fez com que o número de clientes crescesse de forma exponencial e muitos retornavam satisfeitos, mesmo sem sucesso na pescaria.
Depois de certo tempo, o negócio no lago acabou e o empreendedor encerrou o seu empreendimento, mesmo com grande demanda.
Com o tempo o pesque pague fecha e os clientes descobrem que o dono era na verdade um criador de frangos e que os peixes eram apenas recursos para que os frangos fossem vendidos, e com isso, pode-se perceber que o sucesso para ser alcançado pelo empreendedor, foi necessário ele traçar novos rumos, explorar rotas alternativas e fazer planos de contingências, recursos que faltam nos profissionais de educação que quase sempre ficam engessados pelo sistema que impõe fabricação de números e condescendências para elevar o índice de aprovação mesmo o aluno tendo um resultado sofrível.
Observe que a educação pública por meio de seu sistema falho e porque não afirmar manipulador, aumenta propositalmente a massa de manobra para uma minoria elitizada que sabe ser a educação de qualidade uma poderosa ferramenta de transformação social.
Infelizmente os profissionais da educação sabem que o sistema é falho, e falho também é o caráter de quem faz parte desta engrenagem e se deixa levar pela vaidade, pela corrupção, pelo orgulho e porque não pelo narcisismo, características estas que foram apenas explicitadas quando um profissional de educação deixa a sala de aula e assume um cargo administrativo-pedagógico, e assim, abandona o sonho de fazer da educação uma ação transformadora e passa a ser mais um que perdeu a consciência de classe.
Enfim, precisamos repensar a educação e buscar formas de aplicar o pensamento reverso para resgatarmos a dignidade de nossos alunos e fazer com que estes se tornem realmente cidadãos críticos e verdadeiros protagonistas cognoscentes.