10/02/2023

Educação e o Paradoxo de Popper

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

A escola é uma instituição a qual os professores exercem o papel também de educador, mas vale lembrar que a escola é um lugar de aprendizagem, ou seja, a escola ensina e a família educa, todavia, a função do educar, ficou de total responsabilidade das escolas públicas.

Como afirmando em meu livro Educação um ato político, publicado pela Autoria em 2019, o caráter vem de casa, pois o educando aprende também por repetição, ou seja, se seus responsáveis ou o próprio ambiente em que ele reside impera o desrespeito, a violência, o descaso a falta de ética, a criança tenderá ver tais comportamentos como atos normais, banalizando inclusive o sofrimento alheio.

É ressaltado em meu livro Gestão Afetiva: Sistema Educacional e Propostas Gerenciais, publicado pela WAK em 2020 que a criança nasce pura e o preconceito assim como outras intolerâncias são aprendidas no seio familiar e quando isso ocorre, a escola tenta da sua forma, passar conhecimento necessário para que o aluno por si só perceba o quão errado é pensar de maneira tão equivocada, já que em muitas situações, o que falta é apenas atenção, afetividade e informação correta para transpor a barreira da ignorância.

Entretanto, quando a família não soma esforços com a instituição escolar, toda ação em prol a uma educação integral é efêmera, uma vez que passa prevalecer os ensinamentos e até mesmo os reflexos comportamentais de seus tutores inconsequentes, levianos, antiéticos e com forte desvio de caráter.

Dito isso, a escola trabalha sempre a tolerância, mas nem sempre temos que ser tolerantes com pessoas que fazem uso do assédio moral e até mesmo de um poder de persuasão violento, desta forma, precisamos trabalhar também a intolerância.

Sim, a intolerância é uma forma de educar. Temos que ser intolerantes com os intolerantes, e da mesma forma temos que ser intolerantes com quem pratica a violência física, moral, assim como temos que ser intolerantes também com os homofóbicos, xenofóbicos, misóginos, abusadores de menores, aliciadores de crianças, enfim, a intolerância deverá reinar em todos as situações em que qualquer tipo de preconceito prevalecer.

A isso damos o nome de Paradoxo de Popper, que segundo este paradoxo, a tolerância com os intolerantes faz com que a própria tolerância seja extinta, ou seja, para Popper, corre-se o risco dos intolerantes tomarem o poder e extinguirem toda a tolerância da sociedade, e acreditem, já passamos por isso, onde alguns líderes evangélicos pregavam a mentira, a violência e o ódio em nome de Deus.

A intolerância com os intolerantes tem que ser aplicada à risca para que situações como ocorrido com a tribo Yanomami não se repita e não seja banalizada e para que não seja normalizado ver um cidadão negro sendo alvejado por um policial sem nenhum equilíbrio emocional e muitas vezes pertencente a milícia, que mata a bel-prazer.

Precisamos trabalhar este paradoxo em nossos educandos para que eles percebam as verdades nas falas de Boaventura de Souza Santos, quando afirma que “temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades”.

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