12/04/2024

Educação e o Multiculturalismo

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

www.wolmer.pro.br

 

Ao analisarmos o Brasil, perceberemos que é um dos países mais multicultural que existe, pois aqui estão inseridos vários tipos de raça, credo, gênero, cultura, enfim, é um caldeirão onde todos se misturam sem perder a sua essência.

Partindo desta afirmação, é elucidado em meu livro Educação e a não Neutralidade, publicado pela Ícone em 2024, que a educação é uma ação intencional, sendo assim, toda intenção desconstrói a neutralidade, isto é, não existe neutralidade no ato de educar.

Importante também observar que nós professores precisamos fazer com que nosso aluno viva a potencialidade de sua vida com intensidade plena e total exuberância.

O fato é que a potencialidade da vida deve ser vivida com humanismo, ética, caráter, enfim, livre de qualquer julgamento preconcebido, o que passa a ser visto como um terreno pantanoso, apesar de estarmos todos inseridos neste mesmo caldeirão.

Interessante perceber que apesar de todas essas misturas, o preconceito e a desinformação são as principais variáveis que atrapalham o bem viver do povo brasileiro, fazendo eclodir a violência, a indiferença, a desigualdade, o descaso com o próximo, a hipocrisia e principalmente o mal caratismo.

Em contrapartida, nós professores sabendo da não neutralidade da educação, precisamos trabalhar o multiculturalismo, ensinando a importância da coexistência das culturas distintas, bem como o combate ao preconceito e/ou discriminação e/ou segregacionismo por meio do conhecimento, pois a falta de conhecimento faz com que a ignorância impere nas decisões e atitudes.

Em uma instituição educacional o multiculturalismo faz parte de seu contexto, e dessa forma, não faz sentido a escola se abster em trabalhar com toda essa diversidade, com respeito, equidade, empatia e amor.

Cabe pontuar que para que isso ocorra, precisamos trabalhar uma pedagogia que tenha uma base na episteme que está relacionada ao conhecimento verdadeiro e de natureza científica, divergindo às opiniões infundadas e irrefletidas que sevem como base para o preconceito.

Com ideias de escolas não doutrinárias impostas por alguns extremistas, e como percebido, a partir do momento em que se impõe algo a alguém ou alguma instituição, aí deixará de existir neutralidade, dessa forma, quando acontece, implicará no epistemicídio, elucidado muito bem por Santos[1] em sua obra Pela mão de Alice, publicado pela Cortez em 1995, ao afirmar que este epistemicídio implica na destituição da racionalidade, da cultura e civilização do outro, silenciando e apagando saberes e conhecimentos de seus subalternos.

Hoje sob a luz da ciência e do conhecimento conseguimos vislumbrar a realidade, o que outrora era considerado inconcebível devido a negação da ciência, o sucateamento da educação e o próprio epistemicídio aplicado por essa gestão.

Uma escola multiculturalista tem que ter em seu corpo docente profissionais subversivos quanto ao sistema de manipulação, de docilização de seus educandos com o intuito de fazer aumentar a sua massa de manobra.

Cabe pontuar que a episteme implica na transformação do sujeito ignorante e passivo para um agente transformador, protagonista, cognoscente tendo como alicerce a ética.

O multiculturalismo nos mostra que precisamos coexistir respeitando as diferenças, já que são essas diferenças que nos fazem crescer como ser humano, assim sendo, que a educação pública possa com toda sua ação intencional, oferecer ao seu corpo discente a episteme que eles tanto necessitam para transformarem o seu contexto e suas vidas.

 

[1] SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice. São Paulo: Cortez Editora, 1995.

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