27/03/2023

Educação e o Dia do Nunca Mais

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Triste perceber o déficit de cognição dos brasileiros quanto a assimilação do que representou o dia 31 de março de 1964.

Infelizmente, pudemos perceber verdadeiros insanos irem a rua pedindo novamente uma intervenção, violando a nossa democracia em nome de um Estado ditador e inquisidor.

De nada tem-se a comemorar, foi um dia que durou 21 anos de perseguições, mortes, torturas, miséria, inflação descontrolada, enfim, um verdadeiro retrocesso à educação e a economia brasileira.

De acordo com Aranha em seu livro História da Educação, publicado pela Moderna em 2000, neste período foi optado o aproveitamento do capital estrangeiro liquidando de vez o nacional-desenvolvimento, ocasionando assim em um aumento de 3000% em relação a dívida externa.

Foi um momento peculiar no qual o Brasil se afundou nas dívidas, embora muitos em sua insanidade, pregam que não houve corrupção, o que na verdade, não houve foi divulgação, devido a censura e principalmente as perseguições para quem apontasse algo que depusesse contra.

Pode-se dizer que foram anos difíceis para a educação, já que a ordem do momento era tornar o seu povo docilizado, domesticado e totalmente subalterno, e isso implicou na prisão de Paulo Freire, um dos maiores pensadores de nossa época e que coordenava campanhas de alfabetização para adultos e isso representava verdadeira ameaça aos interesses da elite.

Para muitos, o dia 31 de março de 1964 não representa uma ditadura, e sim, um momento em que civis e militares resolveram recuperar o país, mas a história se encarregou de mostrar o crasso erro em se pensar assim.

Observe que foram 21 anos em que banalizaram torturas, ausências de direitos humanos, censura, ataques as imprensas, as representatividades políticas e sindicais foram simplesmente neutralizadas, precarização do trabalho bem como a fragilização da saúde pública além da corrupção e falta de transparência.

Para as pessoas que não fizeram parte deste período que durou de 1964 a 1985, tivemos algumas reverberações deste ato defendendo por nosso ex-presidente, como: descaso com os índios Ianomâmis, a banalização do trabalho escravo camuflado pela carteira verde e amarela, ausência e muitas vezes críticas aos ativistas dos direitos humanos, os representantes das imprensas ridicularizados principalmente quando eram representados por mulheres; o caos na saúde pública foi apenas a ponta do iceberg, pois o negacionismo do governo dizimou mais de 700 mil vidas brasileiras que com toda certeza poderim ter sido evitadas já que foram negadas 11 ofertas de vacinas[1], sendo que o próprio presidente havia sido vacinado e induzia seus insanos seguidores a não tomarem[2].

No quesito corrupção, tivemos em todos os setores como: balcão de negócios no MEC, venda de uma refinaria no final de novembro de 2021para os Emirados Árabes, pouco mais de um mês após a comitiva do então presidente na época retornar do Oriente Médio, e detalhe, a refinaria foi vendida por US$ 1,65 bilhão, valendo US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões.

Quanto a transparência, esta jamais existiu, e tivemos como exemplo o sigilo de cem anos, escondendo todas sujeiras por debaixo do tapete, enfim, este governo demonstrou de forma tímida o que representou o golpe militar em nosso país,

Para as pessoas que desconhecem a história do país e romantizam um golpe que resultou em mais de 400 mortes e 200 desaparecidos, 20 mil pessoas torturadas, 10 mil exilados, 71 milhões de brasileiros subnutridos, tivemos quase que a repetição desta história.

Que a educação possa sempre esclarecer esta geração que apesar de não ter vivenciado, encontra-se arrastado por falácias de que foi um ano promissor para nosso país.

Que nossa educação possa nutrir nosso povo de cidadania, protagonismo e muita esperança, pois como dizia Tales de Mileto, ‘a esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm ainda a possuem”.

 

[1] https://g1.globo.com/politica/blog/octavio-guedes/post/2021/04/27/cpi-da-covid-governo-bolsonaro-recusou-11-vezes-ofertas-para-compras-de-vacina.ghtml

[2] https://pfarma.com.br/coronavirus/8108-jair-bolsonaro-teria-se-vacinado-com-a-vacina-da-janssen-contra-covid-19.html
https://oantagonista.uol.com.br/brasil/ministro-da-cgu-afirma-que-ha-registro-de-vacinacao-de-bolsonaro-contra-covid/

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