Educação e o Combate ao Etarismo
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
É sabido que a criança não nasce com preconceitos, eles são desenvolvidos no seio familiar e mais tarde, na convivência com outras pessoas que poderiam ter sido corrigidos pela própria família e se não foi, é sinal que ela compactua com esta forma errônea de pensar.
Ribeiro em seu livro Política: quem manda, por que manda e como manda; publicado pela Nova Fronteira em 1998 corrobora com as afirmações acima e acrescenta que o indivíduo aprende a ser preconceituoso socialmente e ao aprender é claro que seu comportamento será influenciado.
Sempre admirei as pessoas que buscaram uma formação universitária em sua plena maturidade cronológica e também intelectual, já que nos cursos universitários que lecionei como: Pedagogia, Administração, Processamento de Dados, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Sistemas de Informação, Educação Física, Medicina Veterinária, Jornalismo, Engenharia de Produção, Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia Industrial Mecânica, dentre outros, sempre tive variadas idades, ou seja, idades abaixo das médias de idades das turmas como também acima.
Interessante perceber que todas as turmas eram heterogêneas e em nenhuma turma teve sarcasmo, deboches ou qualquer outro tipo de Bullying, ou até mesmo etarismo que é um preconceito que está relacionado a idade da pessoa; isto porque, em um ambiente universitário, espera-se maturidade intelectual compatível com cronológica de um aluno.
O que se pode perceber do perfil de um aluno que entra para um curso superior qualquer que seja com uma idade acima da média, é um aluno focado nos ensinamentos e com muita sede de conhecimento.
Pessoas mais velhas que se matriculam em instituições educacionais ou profissionalizantes nem sempre é para competir no mercado, algumas vezes buscam apenas uma realização pessoal, uma melhora no relacionamento com as pessoas ou até mesmo um melhor entendimento em relação ao mundo, pois o conhecimento te permite isso, e as vezes, esta formação servirá para ele amadurecer como profissional e aplicar o conhecimento adquirido em seu trabalho e/ou relacionamento dependendo do curso escolhido.
Interessante perceber nas falas de Souza em seu livro, Introdução a Sociologia da Educação, publicado pela Autêntica em 2007, que estas alunas universitárias do curso de Biomedicina em uma universidade de Bauru – SP não alcançaram a autonomia intelectual para libertar a razão do preconceito, isto é, da opinião sem julgamento.
Estes comentários maldosos e infantilizados proferidos por estas universitárias pontuam o quão elas são despreparadas, imaturas e néscias, pois ao fazer comentários assim, desconhecem o conceito de andragogia, que para Noffs e Rodrigues no artigo Andragogia na Psicopedagogia: a atuação com adultos, publicado pela Rev. psicopedag em 2011[1], é a arte e a ciência voltada para ajudar os adultos a aprender, o que contrasta com a pedagogia que trabalha com o ensino de crianças.
Assim sendo, se existe esta ciência, é sinal que pessoas “com mais idade” podem estudar, aliás, e estas estudantes que se acham no direito exclusivo de poder estudar, se olvidaram que consta em nossa Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Art. 5º, a igualdade entre os cidadãos, esclarecendo que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”, logo, elas são desconhecedoras de várias coisas que deveriam ser notórias, mas a arrogância e concomitância com o preconceito e imbecilidade não deixam com que elas percebam o quanto estão sendo “equivocadas”.
Cabe salientar que a universidade publicou em suas redes que “todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia”.
Dando continuidade a nota redigida pela universidade, “sabemos, por exemplo, que os pais, muitas vezes, abrem mão da sua formação para oferecer as melhores oportunidades para seus filhos e, somente depois, optam por se profissionalizarem” [2], e realmente, isso é comum em nosso pais, já que muitos buscam estudar depois que os filhos se encontram formados.
Como ressaltado anteriormente, nem sempre esta formação busca uma posição no mercado de trabalho, as vezes é hobby, as vezes é uma simples realização, e independente o motivo que a levou estudar, é um direito inalienável desta pessoa.
Faz-se mister salientar que estas meninas foram preconceituosas em relação ao etarismo, mas em ambientes assim, encontramos vários outros preconceitos como: homofobia, racismo, aporofobia, misoginia, dentre outros que cabem a educação trabalhar e mostrar que hoje, um ambiente universitário não pode ser visto mais com um privilégio de apenas um grupo de pessoas.