03/12/2024

Educação e o Brainrot

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br

Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806

 

Com a democratização da informação tendo como meio de divulgação o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, a ilusão do conhecimento passou a ser uma constante entre as pessoas.

Hodiernamente temos vários youtubers e/ou influencers dando opiniões equivocadas e ecoando cada vez mais as imbecilidades ditas, e o interessante e paradoxal é que quanto mais estultices, mais seguidores, uma vez que estas pessoas falam o que os incultos querem ouvir como verdades, mas que não passam de falácias.

Comportamento assim gerou o termo conhecido como “Brainrot”, cujo significado descreve a "deterioração mental" causada pelo consumo de excesso de conteúdos fúteis, ou seja, sem pertinência como vídeos e memes sem sentido e até informações equivocadas e/ou manipuladas como fakenews[1].

Cabe pontuar que a internet funciona como um lixão, e no meio deste lixão, costuma-se encontrar coisas que poderão ser uteis ou até mesmo valiosas, entretanto, nem todas as pessoas tem discernimento para separar o que útil do que é fútil.

No meu livro Gestão do Conhecimento, Educação e Sociedade do Conhecimento, publicado pela Ícone em 2010, é trabalhado o conceito de informação sintática e informação semântica, sendo que a primeira se baseia em quantidades e a segunda se baseia em conteúdos pertinentes, o que passa a ser primordial para desenvolver o conhecimento.

Desta forma, a atual geração, devido à falta de autonomia intelectual, fundamentada no tripé curiosidade, criticidade e informação pertinente se sente incapaz de gerar um conhecimento corrosivo.

No livro supracitado é elucidado que o conhecimento corrosivo promove tanto a evolução quanto a construção de uma sociedade mais justa, já que ele se embasa na ética assim como no conhecimento consciente e voltado para o bem coletivo.

Helder (2024) complementa que “Brainrot” está relacionado a uma gíria, ou seja, uma força de expressão utilizada na internet que tem o significado de estar sobrecarregado mentalmente de conteúdos fúteis[2].

Muitos organizações enriquecem ao distribuírem conteúdos fúteis com a premissa de que o produto oferecido foge a doutrinação, todavia eles se olvidam de que não existe uma neutralidade na educação, tema bem trabalhado no meu livro Educação e a Não Neutralidade, publicada pela Ícone em 2024.

O fato é que quando se usa deste argumento, desta falácia, na verdade se está doutrinando para o viés do opressor, criando com isso uma massa de manobra repleto de pessoas sem discernimento e completamente subalternos.

O filósofo, economista e sociólogo Karl Marx ao analisar as relações de ´poder e exploração social, percebeu que o sistema capitalista tinha como verdadeiro temor a conscientização e a educação dos proletariados, isso porque uma vez consciente da opressão e das dinâmicas do poder, os pensantes tendem a desafiar o sistema econômico e social estabelecido.

Sendo assim, “brainrot” pode ser visto como um braço forte para que a elite continue a se manter o status quo com uma geração de estultos subtraído de qualquer conteúdo pertinente que o faça questionar a situação, isso porque Helder (2024) afirma que quando se consome grandes quantidades de conteúdos sem pertinência e/ou dito “fúteis” e/ou de baixa qualidade, estes conteúdos tendem a prejudicar a capacidade mental, o que acarreta em uma espécie de “podridão cerebral”.

Dito isso, que o docente possa instigar o seu aluno a pensar e não coibir o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação, mas auxiliar em seus usos e fazer com que o discente possa desenvolver sua criticidade de forma com que este mesmo educando em seu momento ócio, opte pela leitura de livros mais edificantes, no lugar de vídeos ou fakenews que agravarão todo o potencial que um dia poderia ter desenvolvido, aumentado dessa forma a estatística de imbecis que acreditam nas estultices pregadas por pessoas sem caráter e totalmente despido de ética.

 

[1] https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/sem-blogueiro/tecnologia/brainrot-voce-tem-isso-conheca-esse-efeito-colateral-da-vida-digital/

[2] https://www.osul.com.br/brainrot-conheca-o-disturbio-causado-pelo-excesso-de-conteudo-futil-na-internet/

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